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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Saiba um pouco sobre como são alimentadas as crianças italianas no texto de Allan Robert PJ


De Infância Livre de Consumismo 

"Estas escolas não possuem cantinas, apenas refeitórios, e a alimentação é controlada e balanceada por nutricionistas.

Lanche matinal: fruta;


Almoço: primeiro prato de massa, pizza ou risotto, segundo prato de carne (carne de vaca, frango ou peixe, dependendo do dia) com salada e verdura, sobremesa (doce e fruta);


Lanche vespertino: fruta ou doce (geralmente uma torta – crostata – de fruta).

Usa-se somente produtos da estação (mais frescos, mais nutrientes e sem tanto agrotóxico), de preferência, a quilômetro zero – produzidos na região e com custos inferiores aos produtos fora de época ou de outras regiões. De quebra, a agricultura e a economia local ganham e sobrevivem."



terça-feira, 9 de abril de 2013

Alimentação saudável começa na mesa de casa

Escolas têm ajudado pais no processo de adequar os hábitos alimentares de seus filhos, que passam a inserir mais frutas e verduras após acompanhamento nutricional
Por: Diário do Sudoeste

Sejam assados, frituras, industrializados, frutas e legumes, sucos ou refrigerantes, a pergunta é a mesma: o que você e seu filho estão comendo?

Seja em escolas públicas, privadas ou até mesmo na educação superior, os alimentos ofertados são motivos de análise nutricional, sem falar que devem seguir uma série de cuidados para o preparo.

Independente da rede de ensino que o aluno frequenta, todas têm se preocupado cada vez mais em ofertar alimentos que nutram e garantam a saúde de todos, dentro e fora da escola.

Buscando ser um dos impulsionadores e promotores de uma alimentação mais saudável, principalmente ao que se refere a realidade de estudantes das séries iniciais, no últimos anos, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), foi elaborado o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para atender as instituições públicas de educação básica.

O programa, entre outras ações, trata dos cuidados que devem ser tomados quanto ao recebimento, preparo das refeições. Também é por meio do PNAE que está assegurada que 30% da alimentação deve ser adquirida por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Municipal

Chefe da divisão da alimentação escolar, Franciele Cristina Ciechowicz, explica que o cardápio é dividido em até 2 anos de idade para educação infantil e fundamental, composto de carnes, frutas, legumes, arroz, feijão e macarrão, formando um prato base. Ela conta que são 65 agricultores familiares que participam do programa de alimentação escolar no município, com diversos produtos da região.

A preocupação segue também com as estações, sendo que no inverno são servidas refeições quentes, enquanto que no verão são alimentos mais leves. A inserção do pão integral na merenda pode ser contada com uma das novidades positivas.

São oito mil crianças atendidas na rede municipal de ensino, somando 13 mil refeições diárias. O número de crianças matriculadas não se refere ao número de refeições.

As merendeiras também totalizam 85 no município e, duas vezes ao ano, recebem treinamento — no início do ano e na metade — com parceria da Faculdade de Pato Branco (Fadep), trabalhando aproveitamento dos alimentos, manipulação, receitas e higiene.

A nutricionista do município, Bruna Rebonatto, ainda frisa que o cardápio tem que atender as exigências do FNDE, tem que ser fácil, para as merendeiras prepararem o alimento, e ter boa aceitação para as crianças.

A cada tempo é feito teste de aceitação do alimento com as crianças, mas as merendeiras também procuram informar a Secretaria Municipal de Educação sobre o tema. “Quando o alimento não é aceito em um lugar, ele não é aceito em vários, mas é preciso servir várias vezes”, diz Bruna. Uma boa forma de agradar é deixar o prato colorido e variar o alimento, modificando até mesmo a forma de apresentação.

Particular


Órgão que representa as escolas de ensino privado, o Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado (Sinepe) do Paraná também mantém uma postura de recomendação de alimentação para os estudantes. Segundo a diretora de Ensino Fundamental do Sinepe, Esther Cristina Pereira, o aconselhado pelo sindicato é alimentação saudável. “Temos recomendado a prática de alimentação saudável dentro do espaço escolar e o tema vem sendo trabalhado com bastante sabedoria. No entanto, não temos autonomia de averiguação”.

Um bom exemplo de como oferecer um alimento saudável, agradando a todos e integrando os alunos no preparo, é a praticada em uma escola particular de Pato Branco. Conforme conta a coordenadora pedagógica, Gisele Oltramari, o lanche coletivo foi aceito há alguns anos, facilitando a vida dos pais, que precisavam preparar os alimentos, e dos alunos, que têm o lanche saudável garantido.

A cada dia é uma criança que leva o lanche para todos os outros colegas, sempre contendo uma comida, uma bebida e uma fruta. Gisele diz que o formato também dá mais qualidade de higiene e de saúde, pois a escola repassa aos pais todas as formas de envio do lanche, desde o preparo em casa. “Tudo é conversado no primeiro dia de aula e ninguém é obrigado a participar”, garante a coordenadora, que ainda ressalta que tudo é adequado ao que é saudável com o gosto da criança.

Participam do lanche coletivo alunos do 1º ano do ensino infantil até o 4º ano do ensino fundamental, totalizando cerca de 180 crianças.

Estadual

A proibição do consumo de doces, frituras e refrigerantes na rede estadual de ensino é resultado de uma normativa, mas segundo a técnica responsável pela merenda escolar e patrimônio do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Pato Branco, Angélica Caldato, existe ainda a possibilidade de cantina no espaço escolar. “O recomendado são alimentos assados, barrinhas de cereal, sucos naturais e achocolatados”, afirmou Angélica, relatando o que pode ser comercializado. O que se refere à alimentação fornecida pelo Estado, ela afirmou que a base alimentar envolve arroz, feijão, hortaliças, legumes.

Segundo Angélica, outro fator visando deixar a alimentação fornecida gratuitamente nas escolas estaduais são os cursos que estão sendo realizados com as profissionais que a preparam. “Estamos fazendo capacitação com as merendeiras.

Esta semana serão as profissionais do Carmela Bortot. Ao todo, são 24 anos sem o curso de prática. A qualificação feita em 2004 foi teórica”.

Caso UTFPR

Na quinta-feira (4) um caso chamou a atenção pelas redes sociais. Um acadêmico da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - campus Pato Branco, fotografou o que seria um sanduiche comercializado por uma cantina autorizada dentro do espaço acadêmico.

O caso que ganhou notoriedade, foi comunicado para o departamento de Vigilância Sanitária, que esteve no local no dia seguinte para realização de vistoria.

Segundo a diretora do departamento, Edinia Sandra Burile, a denúncia chegou a repartição por volta das 17h. “Nosso setor tem atendimento até às 17h25, e alguns fiscais saem às 17h. Sendo assim, não fomos ao local no dia”, disse ela, relatando que mesmo com o registro fotográfico feito pelo acadêmico não há como precisar o local da comercialização do sanduíche.

De acordo com Edinia, a fiscalização foi feita na manhã seguinte a denúncia. “Os fiscais foram ao local, vistoriaram e não encontraram nada de irregularidade. Estamos elaborando o relatório da vistoria, que será encaminhado para a instituição de ensino”. Ela também lamentou o fato de as provas (o sanduiche) não terem sido entregues ao departamento.

“Outra dificuldade encontrada foi que o sanduíche em questão não foi apresentado para a vigilância, até porque pela foto não fica bem nítido. Teriam que ter trazido para nós ou até mesmo terem ligado, que iríamos ao local para averiguar a situação no momento do fato”.

De acordo com o diretor do campus local da UTFPR, professor Idemir Citadin, a instituição realiza licitação para este tipo de trabalho. Entre as regras do processo estão contemplados temas como oferta de alimentos com higiene, procedimentos certos de manuseio e demais práticas. Segundo ele, a universidade possui ainda comissão interna do campus para averiguação dos alimentos ofertados e todo o apoio quando necessário da Vigilância Sanitária. “Integram nossa comissão interna três servidores e um estudante, que verificam se o contrato está sendo cumprindo e, periodicamente, tem a visita da Vigilância Sanitária”.

Citadin vem lamentando a falta de denúncia. “Preciso que seja feita uma denúncia oficial para que eu possa acionar a comissão e fazermos a advertência, uma vez que esse é o demérito previsto em contrato. Em caso de reincidência, quebra de contrato, mas por enquanto o que temos é o que saiu nas redes sociais e, assim, não podemos tomar nenhuma atitude”.

Ele também fez questão de destacar que existem duas realidades distintas no campus. “São duas empresas atuando na universidade, uma na cantina e outra no restaurante universitário”.

Procuradas para manifestar os critérios exigidos para a exploração das áreas de alimentação das duas faculdades privadas, uma se manifestou afirmando haver uma comissão interna que averigua a qualidade dos alimentos comercializados, sendo qualidade um dos fatores que devem ser atendidos pela carta convite. Já a segunda instituição afirmou não ter uma legislação própria como critério, mas informou solicitar toda a documentação exigida pela Vigilância Sanitária, e que existe, sim, uma preocupação com qualidade dos alimentos.

Opiniões




Neiva Aparecida Pereira, diretora municipal

As crianças aceitam bem o cardápio, inclusive os alunos aprenderam a comer frutas e verduras com trabalho feito em sala de aula e das merendeiras. Eles se alimentam corretamente. A nutricionista faz um cardápio balanceado, elogiado pelos pais, porque os filhos passaram a comer bem em casa.

Marli dos Santos, merendeira

O cardápio é fácil de fazer, o alimento perecível vem uma vez por semana e alimento não perecível uma vez por mês. As crianças comem bem e gostam de repetir pão, arroz e feijão. A verdura ainda é mais difícil, mas com o cardápio os alunos comem mais fácil.

Cristiane Brunoro Dariva, coordenadora de creche

O alimento é ofertado até dez vezes para que a criança se acostume, depois a gente pode dizer que ela gosta ou não do alimento. Os pais estão a par do cardápio, sobre tudo o que é servido durante as seis refeições. Frutas e verduras também são bem aceitas.

Gisele Oltramari, coordenadora pedagógica

O lanche coletivo surgiu da necessidade de adequar aquilo que as crianças comiam, de equilibrar o que elas traziam de diferente de casa e para facilitar a vida dos pais também, que todos os dias precisavam comprar lanche e mandar na lancheira. A cada dia é uma criança que traz o lanche para todos, sendo uma comida, uma bebida e uma fruta, que é servida num período mais tarde, porque elas passam muito tempo na escola, para não ficarem com intervalo muito grande sem comer.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Alimentação saudável PR aumenta 284% quantidade de orgânicos na merenda

No ano passado, 456 escolas, em 69 municípios paranaenses, ofertaram alimentos orgânicos na merenda dos alunos
Fonte: Bem Paraná - 13/03/13 às 11:32 atualizado às 11:41 AEN

AOPA, Associação para Desenvolvimento da Agroecologia. Colombo (foto: Hedeson Alves/SEED)

O Paraná vai servir neste ano 2.537 toneladas de alimentos orgânicos na merenda escolar dos alunos da rede estadual da educação. Além de aumentar em 284% a quantidade deste tipo de alimento em relação ao ano passado, a secretaria estadual da Educação ampliou em 61% o número de escolas atendidas com produtos orgânicos na merenda.

No ano passado, 456 escolas, em 69 municípios paranaenses, ofertaram alimentos orgânicos na merenda dos alunos. Para 2013 serão 735 escolas, em 92 municípios. O número de fornecedores também subiu de 10 para 22 cooperativas e associações de produtores orgânicos.

“O Paraná deu um grande salto na qualidade da alimentação escolar e virou referência no país. Aumentamos em quase 1.500% a destinação de recursos para compra da agricultura familiar, e dentro disto priorizamos produtos orgânicos”, disse o secretário de Estado da Educação e vice-governador, Flávio Arns.

Os orgânicos compõem um total de 12.477 toneladas de alimentos que serão fornecidos no decorrer do ano por pequenos produtores rurais. No ano passado, a agricultura familiar abasteceu metade dessa quantidade de alimentos para a merenda dos alunos da rede estadual.

Neste ano o Governo do Paraná destinou R$ 32 milhões para compra de produtos da agricultura familiar, valor que poderá chegar a R$ 45 milhões até dezembro. Em 2010, o investimento não passou de R$ 3 milhões.

A tendência de aumento da agricultura familiar e de orgânicos na merenda das escolas paranaenses deve continuar nos próximos anos. “Os produtores estão animados com resultados e investem na mudança da cultura convencional para orgânica. Todos ganham no processo, os alunos que recebem uma alimentação mais saudável, os produtores que ampliam sua renda e o meio ambiente que é poupado dos defensivos”, diz a diretora de Infraestrutura Logística da Secretaria, Márcia Stolarski.

De pai para filho: Filho de agricultor, o aluno Elinton Ceccon, 16 anos, 3ª ano do ensino médio do Colégio Estadual Abrahan Lincoln, de Colombo, acredita que o consumo de produtos orgânicos dentro da escola estimula uma dieta saudável e os benefícios do cultivo destes produtos. “Acho importante consumir o alimento orgânico, ajuda a melhorar a saúde, é mais nutritivo e pode incentivar outros produtores da região a produzir o orgânico, contribuindo para não poluir o ambiente”, conta Elinton.

A agricultura familiar na merenda é um grande incentivo para o cultivador Edilson Ceccon, pai do aluno e um dos fornecedores do colégio. Cerca de 60% da produção de hortaliças e de tubérculos da sua propriedade é destinada às escolas da região de Colombo, por meio do programa de Agricultura Familiar. “É a certeza de que a produção tem venda garantida. Motiva a gente não parar. Se não fosse assim (agricultura familiar), não tinha incentivo para produzir o alimento orgânico”, diz o agricultor Edilson Ceccon.

Para a aluna Camila Santana da Silva, 16 anos, 3º ano, do Colégio Estadual Major Vespasiano Carneiro de Mello, em Castro, a merenda está mais variada com alimentos que antes não faziam parte do cardápio escolar. “Agora está bem melhor. Todo dia temos uma coisa diferente, tem bastante salada, legumes e isso é muito bom para a saúde”, diz Camila.

A agricultura familiar fornece semanalmente para as escolas açúcares, carne, ovos, cereal, feijão, frutas, hortaliças, iogurte e similar, legumes, leite, outros lácteos, panificados e sucos.

Para chegar ao patamar atual, a Secretaria, em parceria com a Celepar investiu, no desenvolvimento de um sistema eletrônico que permite às cooperativas e associações participantes das chamadas públicas elaborarem suas propostas de venda para as escolas de todo o Estado. Este sistema faz também a classificação dos fornecedores conforme proximidade das escolas, tipo de produto (convencional ou orgânico) e participação de produtores de assentamentos e comunidades tradicionais como indígenas e quilombolas.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Quem são os donos do cardápio infantil?


Do Blog Aleitamento.Com
Por: Dra. Noemia Perli Goldraich - Carta Maior

Atraídas por propagandas fascinantes que prometem um mundo de sonhos em um pacote de salgadinhos ou um pirulito, por brindes-brinquedos e pelas intermináveis coleções, as crianças se tornaram as principais vítimas desses alimentos e passaram a influenciar nas compras de toda a família. Quais as conseqüências de seguirmos ao sabor do vento das grandes corporações fabricantes de alimentos? E de não termos controle sobre a publicidade dirigida ao público infantil?
O artigo é de Noemia Perli Goldraich (*).

Há 40 anos trabalho como Nefrologista Pediátrica. Não recordo de ter identificado, antes dos anos 90, um único caso de pressão alta em criança que não estivesse relacionada a algum problema grave como doença nos rins, nas artérias renais, na aorta ou a tumores raros. Pressão alta era uma doença de adultos. Era!

Infelizmente, na última década, mais crianças passaram a sofrer de hipertensão arterial, uma doença crônica, isto é, que se arrasta por toda a vida e que necessita de medicação continuada. E qual a causa dessa repentina mudança? Múltiplos fatores podem causar a pressão alta mais comum - também chamada de hipertensão arterial essencial - mas os principais são a combinação de obesidade e ingestão de quantidades excessivas de sal na alimentação.

Antes de seguir em frente, é preciso que se diga que a pressão alta não é um probleminha qualquer. É fator de risco importante para infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (os derrames cerebrais), entre tantas outras consequências. E o resultado da obesidade iniciada na infância é o aparecimento de hipertensão arterial em crianças e adolescentes, de diabetes melito, doenças vasculares como infarto do miocárdio, tromboses, derrames cerebrais e todas as suas complicações.

Bem, mas não é de hoje que o sal está presente na alimentação humana. Então, por que agora estaria prejudicando também as crianças? O problema não é exatamente o sal, mas sim o sódio presente nele e é esse último que causa o aumento da pressão. É aí que entram os alimentos industrializados ou altamente processados. 

Há muita diferença na quantidade de sal (cloreto de sódio) colocado numa refeição cotidiana preparada em casa e os tais produtos industrializados. Nestes, o sódio está presente, além do sal, na estrutura dos conservantes e aromatizantes, usados para aumentar o período de validade ou para realçar o sabor, resultando em quantidades exageradamente grandes de sódio.

Nesse contexto, é preciso considerar que os hábitos alimentares dos brasileiros mudaram significativamente nos últimos anos. Saímos do feijão, arroz e bife para as comidas congeladas, as pré-prontas, os salgadinhos, os biscoitos e refrigerantes. Atraídas por propagandas fascinantes que prometem um mundo de sonhos em um pacote de salgadinhos ou um pirulito, por brindes-brinquedos e pelas intermináveis coleções, as crianças se tornaram as principais vítimas desses alimentos e passaram a influenciar nas compras de toda a família. Sem entender o que leem ou sem ler o que informam os rótulos, os pais também se seduzem pelos coloridos sinais de adição a anunciar + ferro, + cálcio, + vitaminas. Na verdade, estão comprando gordura, sal e açúcar, crentes de que seus filhos estão sendo bem alimentados. É isso mesmo. Em geral, as fantásticas embalagens coloridas contêm muita caloria e baixíssimo valor nutricional.

Estudos que vem sendo amplamente divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que o brasileiro está ingerindo mais que o dobro de sal da quantidade diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 5 gramas, o que equivale a uma colher de chá. O brasileiro, em média, está consumindo 12 gramas ao dia, o equivalente a uma colher de sopa. Muitos produtos que hoje fazem parte da dieta usual de crianças contêm quantidades exageradas de sal, sem que os pais percebam o perigo. Você sabe que um pacote de massa instantânea pré-cozida tipo miojo contém 5g de sal, que é a quantidade máxima diária recomendada para um adulto? Haja rins para dar conta!

Pesquisa publicada neste janeiro por um grupo da Filadélfia, no American Journal of Clinical Nutrition, uma importante revista da área, mostrou a relação entre o desenvolvimento da aceitação do gosto salgado e uma alimentação complementar, administrada a bebês, contendo amido (batatas, arroz, trigo, pão, bolachas). Foram comparados dois grupos de lactentes: um recebeu alimentação complementar com amido e o outro só comeu frutas em complemento ao leite. A aceitação para o gosto salgado já estava presente aos seis meses nos lactentes alimentados com amido e ausente nos que receberam só frutas. Os lactentes do primeiro grupo apresentaram maior probabilidade de lamber o sal da superfície dos alimentos na pré-escola, bem como de comer sal puro. Assim, segundo a pesquisa, experiências alimentares bem precoces (primeiros meses de vida) exercem um papel muito importante em moldar a resposta ao gosto salgado de lactentes e pré-escolares.

Sabemos que a formação do hábito alimentar se dá desde a gestação até cerca de dois anos de idade. E uma vez consolidado o padrão de gosto, fica difícil mudar. A isso, é preciso associar o padrão de uma infância sedentária em frente à televisão, computador e vídeo games. O resultado tem sido a obesidade. Dados do IBGE mostram que o excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência, aos cinco anos de idade, em todos os grupos de renda e em todas as regiões brasileiras.

Houve um salto no número de crianças de 5 a 9 anos com excesso de peso ao longo de 34 anos: em 2008-2009, 34,8% dos meninos estavam com o peso acima da faixa considerada saudável pela OMS. Em 1989, este índice era de 15%, contra 10,9% em 1974-75. Observou-se padrão semelhante nas meninas que, de 8,6% na década de 70, foram para 11,9% no final dos anos 80, e chegaram aos 32% em 2008-09.

O tempo de exposição à mídia também vem aumentando. Em média, as crianças ficam mais de 5 horas diárias em frente à TV, tempo superior ao permanecido na escola, que é de 4h30min. Além disso, o padrão das crianças de hoje é acessar varias mídias ao mesmo tempo e em quase todas há inserção de propaganda, ou seja, as crianças ficam expostas a um bombardeio mercadológico. Estudo feito pela Universidade de São Paulo, em 2007, mostrou que 82% dos comerciais televisivos sugeriam o consumo imediato de alimentos ultraprocessados, 78% mostravam personagens ingerindo-os no ato e 24% dos alunos expostos a tais mensagens apresentaram sobrepeso ou obesidade. Já um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde em 2009 identificou que apenas 25% das crianças entre 2 e 5 anos e 38% das crianças entre 5 e 10 anos consomem frutas, legumes e verduras. Guloseimas como balas, biscoitos recheados, refrigerantes e salgadinhos ocuparam o espaço de refeições principais.

E a água? De repente esse bem essencial ao bom funcionamento do corpo humano foi sendo esquecido. Em creches, escolas e hospitais é comum não encontrarmos bebedouros. A água não está franqueada justamente a quem deveria receber estímulo constante para ingeri-la. O estímulo está focado nos sucos industrializados e nos refrigerantes.

E agora, já podemos responder quem são os donos do cardápio das nossas crianças? E quais as conseqüências de seguirmos ao sabor do vento das grandes corporações fabricantes de alimentos? E de não termos controle sobre a publicidade dirigida ao público infantil?

Se o que queremos para nossas crianças não é um futuro de obesos desnutridos, precisamos tomar as rédeas da situação e já. A informação continua sendo a chave-mestra e, pais, educadores e profissionais da saúde precisam saber identificar o que está escrito nos rótulos.

Se tomamos tantas medidas para a identificação de pessoas que entram nas nossas casas e nas escolas, porque não adotamos estes mesmos cuidados antes de permitir a entrada de substâncias no nosso organismo e das nossas crianças? Nunca é demais lembrar que bons hábitos alimentares começam a ser transmitidos na vida intra-uterina, que criança até dois anos não deve ser exposta ao sal e que não se deve colocar açúcar em chás e mamadeiras de bebês. Muito menos achocolatados, que contém açúcar e gordura em excesso.

Seguindo orientações da OMS, estão surgindo políticas públicas para redução do sal nos alimentos industrializados, assim como campanhas de esclarecimento ao público. Foram identificadas ações em 38 países, sendo a maioria na Europa. Já o Brasil recém está iniciando algumas medidas nessa área. Em janeiro deste ano, a Anvisa fez recomendações não obrigatórias para a redução, até 2014, em 10% no conteúdo de sal do pão francês.

Também em países europeus, há regras rígidas em relação à propaganda dirigida a crianças. Em terras nativas, dispensam-se comentários. Felizmente a sociedade começa a dar sinais de reação.

Acreditando que um outro mundo é possível, que tal a gente sonhar com uma sociedade em que a saúde das nossas crianças esteja acima dos interesses das megacorporações?

(*) Noemia Perli Goldraich é doutora em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), pós-doutora em Nefrologia Pediátrica pela Universidade de Londres, professora-associada do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRGS, nefrologista pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Doenças Crônicas na Infância da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS.


Publicado em: 10/4/2012
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