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domingo, 21 de fevereiro de 2021

México avança com plano de proibir milho transgênico e glifosato, diz autoridade

Por Reuters - 19/02/2021 - 17:35



As importações representam mais de um terço da demanda do país e abastecem principalmente a indústria pecuária mexicana (Imagem: Pixabay)

O México está avançando com seus planos para deixar de importar milho geneticamente modificado e proibir o uso de um herbicida, disse à Reuters uma autoridade de alto escalão do país, sinalizando o fortalecimento de uma política que agradou defensores do meio ambiente, mas acendeu um alerta entre líderes da indústria.

O plano, decretado no final de 2020, visa substituir até 2024 cerca de 16 milhões de toneladas de milho amarelo importado principalmente de agricultores dos Estados Unidos, sendo quase todo o volume de produtos geneticamente modificados por produção local nova.

As importações representam mais de um terço da demanda do país e abastecem principalmente a indústria pecuária mexicana.

Víctor Suárez, subsecretário de Agricultura e arquiteto do programa, argumentou que o milho transgênico e o herbicida glifosato são muito perigosos, e que a produção local e as práticas “agroecológicas” sustentáveis devem ser priorizadas.

Ele também citou estudos que relacionam o glifosato ao câncer e que dizem que o produto causa danos a polinizadores, como as abelhas. Além disso, alegou que o milho transgênico contamina as variedades nativas do grão mexicano.

A Bayer, uma das principais produtoras do glifosato, defende que décadas de estudos mostraram que a substância é segura para o uso humano.

Já os defensores dos cultivos transgênicos, incluindo do milho, argumentam que eles aumentaram dramaticamente as produtividades agrícolas e que estudos não mostraram efeitos nocivos aos seres humanos.

“Vamos trabalhar nessa direção, e isso tem que ficar claro, ninguém deve pensar que pode apostar que esse decreto não será cumprido”, disse o agrônomo Suárez, aliado de longa data do presidente Andrés Manuel López Obrador.

Suárez descreveu o milho transgênico e o glifosato como “indesejáveis e desnecessários” para que a meta do governo, de tornar o México autossuficiente em alimentos, seja alcançada.

“Temos que colocar à frente da economia e dos negócios os direitos à vida, os direitos à saúde, os direitos a um meio ambiente saudável”, afirmou.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Na Califórnia, alimentação se torna tratamento para doenças crônicas

Fonte: Estadão

Um estudo clínico financiado pelo estado testará se as refeições diárias nutritivas para pessoas com essas enfermidades podem melhorar a saúde e reduzir os custos médicos
Patricia Leigh Brown, The New York Times
08 Julho 2018


SEBASTOPOL, CALIFÓRNIA - Certa tarde, a assistente jurídica aposentada Diana Van Ry passou na cozinha da organização sem fins lucrativos na qual atua como voluntária para apanhar um pouco de falso bacalhau, cuscuz de couve-flor e um “caldinho da imunidade” enriquecido com legumes e alga. Ela planejava levar a comida para Brandi Dornan, 46 anos, que está se recuperando do tratamento contra o câncer de mama.

“É um cardápio que eu não pensaria em preparar", disse Brandi, que recebeu as refeições enquanto fazia radioterapia e se mostrou grata pela ajuda.


O Projeto Comunitário Ceres, na Califórnia, faz parte de uma abordagem que trata a 'alimentação como tratamento' para males que vão das diabetes ao câncer. Voluntários adolescentes preparam hambúrgueres de cogumelo Foto: Ramin Rahimian para The New York Times

O Projeto Comunitário Ceres, cujas refeições são preparadas por sous-chefs adolescentes e se destinam aos pacientes em tratamento contra o câncer, está na vanguarda da abordagem do “alimento como tratamento” que é cada vez mais adotada por médicos, seguradoras de saúde, pesquisadores e autoridades de saúde pública.

O grupo está participando de um ambicioso estudo financiado pelo estado para testar se a oferta de refeições nutritivas para pessoas de baixa renda com doenças crônicas afeta suas perspectivas de tratamento, ou o custo do seu atendimento de saúde.

Nos próximos três anos, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, e da Universidade Stanford, não muito distante, vão acompanhar os casos de mil pacientes de diabetes tipo 2 ou insuficiência cardíaca aos quais será oferecida uma dieta saudável e conscientização nutricional, para saber se isso afeta seu retorno ao hospital e possibilidade de novas internações e encaminhamento para tratamento de prazo mais longo, comparando-os aos casos de 4 mil pacientes semelhantes de baixa renda que não receberão a alimentação controlada.

O interesse na alimentação enquanto forma de terapia nasceu da epidemia de Aids dos anos 1980. Organizações como o Projeto Mão Aberta, de San Francisco, e God’s Love We Deliver, de Nova York, surgiram para ajudar a cuidar da saúde de pessoas cujas vidas eram dizimadas, frequentemente em decorrência da perda de peso chamada caquexia. Conforme a doença passou a ser tratada com medicamentos antirretrovirais, esses grupos passaram a ajudar pessoas que sofrem de doenças crônicas como as diabetes e insuficiência cardíaca.

“Quando a pessoa se sente péssima, cuidar da própria alimentação deixa de ser uma de suas prioridades", disse Karen Pearl, presidente da God’s Love We Deliver.

Um estudo realizado na Filadélfia pela Aliança de Nutrição da Vizinhança da Área Metropolitana comparou retroativamente as despesas apresentadas por 65 pacientes de baixa renda e portadores de doenças crônicas que receberam seis meses de alimentação balanceada por médicos com as despesas de um grupo de controle. Os pacientes que receberam a alimentação pouparam cerca de US$ 12 mil por mês em despesas médicas.


Refeição do projeto Ceres é entregue a Brandi Dornan, que tem câncer de mama Foto: Ramin Rahimian para The New York Times
Outro pequeno estudo realizado por pesquisadores da UCSF acompanhou pacientes com HIV e diabetes tipo 2 que receberam refeições especiais por seis meses para ver se isso traria efeitos positivos para a sua saúde. Os pesquisadores descobriram que os pacientes se mostraram menos deprimidos, menos propensos a ceder à má alimentação e aos seus efeitos nocivos, e mais propensos a respeitar o tratamento receitado.

Seu tratamento também custou menos: para a alimentação de cada participantes durante seis meses foram gastos US$ 1.184 por pessoa, menos da metade do custo diário de US$ 2.774 para a internação num hospital da Califórnia.

“É algo que alivia o farto mental", disse Conrad Anthony Nesossis, 69 anos, que tem diabetes e recebeu refeições quentes como parte do estudo. Ele ainda usa uma mistura de alho, cebola e pimenta em pó que aprendeu a fazer com o programa. “Não sou um grande cozinheiro, mas a experiência abriu meus olhos e me fez prestar mais atenção nos sabores.”

Pessoas de baixa renda podem enfrentar dificuldades para controlar doenças crônicas, pois frequentemente consomem alimentos baratos, repletos de açúcar e sal, evitando alternativas mais caras como frutas e legumes.



O projeto Ceres vai participar de um estudo trazendo refeições nutritivas para pessoas de baixa renda e más condições de saúde Foto: Ramin Rahimian para The New York Times

Para os pacientes com câncer, a perda do apetite que surge como efeito colateral do tratamento pode levar à desnutrição, reduzindo a capacidade do corpo de enfrentar a doença. O Dr. Fasih Hameed, diretor-assistente de medicina do Centro de Saúde de Petaluma, ao norte de San Francisco, receita as refeições do programa Ceres a pacientes com câncer e também àqueles com hepatite C.

“É uma forma de fazer um recomeço holístico", disse ele.

A Dra. Hilary K. Seligman, professor da UCSF, disse, “as epidemias mais perigosas da nossa era - obesidade e diabetes - estão ligadas à alimentação". Ela disse que a profissão médica “aceita sem pestanejar os medicamentos e procedimentos mais caros. Mas, em se tratando da alimentação, temos que provar que é mais barato aceitar esta forma de tratamento".



quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Uma de cada cinco mortes no mundo é associada à má alimentação

Fonte: DC
15/09/2017- 08h54min


Uma de cada cinco mortes no mundo está associada à má alimentação, e o câncer mata mais agora do que há 10 anos, revela um estudo divulgado nesta sexta-feira (15), que comemora, por outro lado, a maior expectativa de vida já registrada.

Nos últimos quase 50 anos, a expectativa de vida de ambos os sexos aumentou 14 anos, de 58,4 para 72,5. Para as mulheres, chega a 75,3 anos, e para os homens, a 69,8, segundo este panorama mundial da saúde de 2016, publicado na revista médica The Lancet.

Na América Latina e no Caribe, a expectativa de vida para as mulheres é de 78,9 anos, e a dos homens de 72,8. O estudo destaca o caso do Peru que, com uma longevidade feminina de 81,6 anos e masculina de 77,8, "registrou um aumento acima do se esperaria tendo em conta seu nível de desenvolvimento".

- O caso "exemplar" do Peru -

Peru, Portugal, Etiópia, Nepal, Maldivas e Níger são casos "exemplares" e deveriam fornecer "informações sobre suas exitosas políticas" de saúde, sugere o estudo, coordenado pelo Instituto de Avaliação e Medição de Saúde (IHME, em inglês) da Universidade de Washington.

Os autores destacam outras boas notícias: as mortes de crianças menores de cinco anos somaram pela primeira vez menos de cinco milhões em 2016, em comparação com 16,4 milhões em 1970.

As mortes por doenças infecciosas também diminuíram, exceto no caso da dengue, que causou 37.800 falecimentos no ano passado, um aumento de 81,8% desde 2006.

As mortes por aids diminuíram 45,8% nesse período, com 1,03 milhão de pessoas em 2016, enquanto a tuberculose tirou a vida de 1,21 milhão de pessoas (-20,9%).

No ano passado, houve cerca de 55 milhões de falecimentos e 129 milhões de nascimentos, com um balanço positivo de 74 milhões de pessoas adicionais no planeta.

- 7,1 milhões de mortes por tabaco -


Mas o estudo apresenta também dados preocupantes: 72% das mortes se devem a doenças não transmissíveis, principalmente cardiovasculares, exceto nos países pobres, onde a principal causa de morte são as infecções respiratórias.

O diabetes matou 1,43 milhão de pessoas no ano passado, um aumento de 31% em uma década, e o câncer, com quase nove milhões de mortes, também foi 17% mais mortífero, sendo o de pulmão o mais comum.

Um total de 7,1 milhões de mortes foram atribuídas ao tabaco.

A má alimentação, particularmente a que é pobre em alimentos saudáveis como cereais, frutas, verduras, frutos secos e peixes, ou a que contém sal em excesso, está relacionada com cerca de 10 milhões de óbitos, 18,8% do total.

"Entre todas as formas de desnutrição, os maus hábitos alimentares representam o maior fator de risco de mortalidade", segundo o estudo.

- Transtornos mentais, drogas e álcool -

Um total de 1,1 bilhão de pessoas, ou seja, mais de um sexto da população mundial, são afetadas por transtornos mentais ou sofrem com as consequências do abuso de álcool e de drogas.

Os grandes transtornos depressivos estão entre as 10 principais doenças na maioria dos 195 países estudados.

A população global com Alzheimer ou Parkinson totalizou 2,6 milhões no ano passado, um salto de mais de 40% em 10 anos.

O álcool e as drogas foram responsáveis por 320.000 mortes.

As mortes por conflitos e terrorismo - especialmente no Oriente Médio e no norte da África -, ultrapassaram a marca de 150.000 em 2016, um aumento de 140% em relação a 10 anos antes.

"Enfrentamos uma tríade de problemas que afetam muitos países e comunidades: a obesidade, os conflitos e as doenças mentais, incluindo os transtornos por abuso de substâncias", resumiu Christopher Murrray, diretor do IHME.

- Mortes evitáveis por hepatite -

O estudo ressalta, ainda, as mortes por hepatite viral, que matou 1,34 milhão de pessoas no ano passado, um aumento de 22% em relação ao ano 2000, segundo a Organização Mundial da Saúde.

"As mortes por hepatite podem ser evitadas", disse Raquel Peck, da Aliança Mundial de Hepatite, apontando como um dos principais problemas o fato de que apenas 5% dos afetados por esta doença são conscientes disso.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Estudo relaciona uso de agrotóxicos com câncer no sangue

Informação sobre linfoma não-Hodgkin foi apresentada por pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer durante audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo

Fonte: Rede Brasil Atual por Luciano Velleda, para a RBA publicado 27/06/2017 19h55, última modificação 28/06/2017 08h35


ROBERTO NAVARRO

Audiência teve caráter de denúncia e de mostrar alternativas para uma produção sem agrotóxico


São Paulo – O primeiro estudo realizado no Brasil sobre a relação do uso de agrotóxicos com o surgimento do linfoma não-Hodgkin (LNH), um tipo de câncer hematológico que nas últimas décadas tem afetado com mais frequência a população mundial, foi um dos destaques da audiência pública realizada nesta terça-feira (27), pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo, para debater os efeitos causados na saúde e no meio ambiente pelo uso de agrotóxico.

O alerta foi feito por Márcia Sarpa de Campos de Mello, pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e uma das três autoras do estudo. A pesquisa mostrou que os agrotóxicos 2,4-D, diazinona, glifosato e malationa estão relacionados a esse tipo de câncer – glifosato e 2,4-D são os dois agrotóxicos mais utilizados no Brasil.

“Diante desse cenário de extrema vulnerabilidade da população brasileira a doenças causadas pelos agrotóxicos, diretrizes regulatórias e legislações mais restritivas são urgentes, assim como o investimento em serviços de saúde e a promoção de políticas de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis”, diz o trecho final do estudo Exposição ambiental e ocupacional a agrotóxicos e o linfoma não-Hodgkin.

A relação dos agrotóxicos com o LNH se soma a muitas pesquisas e estudos desenvolvidos tanto no Brasil quanto no exterior, que apontam a conexão entre o uso de venenos na lavoura e o surgimento de diversos tipos de câncer – a segunda maior causa de mortes no Brasil. Segundo estimativa do Inca, cerca de 600 mil novos casos de câncer surgiram em 2016 no país.

Márcia Sarpa enfatizou que a classificação toxicológica dos agrotóxicos leva em conta apenas os “efeitos agudos”, que afetam normalmente os trabalhadores que manipulam diretamente os produtos. Algo que, para ela, é um grave erro. O glifosato, por exemplo, é classificado como “pouco tóxico”.

“A toxicidade aguda é a pontinha do iceberg”, afirmou a pesquisadora do Inca. Para ela, o problema maior está na toxicidade crônica, aquela relacionada à exposição frequente a pequenas doses do produto. Entre os efeitos conhecidos da toxicidade crônica estão problemas de fertilidade, no desenvolvimento do feto, a má formação congênita, a desregulamentação endócrina, mutações e variados tipos de câncer.

“Já temos certeza de todas essas toxicidades, de todos esses efeitos”, afirmou Márcia Sarpa, lembrando que a literatura médica indica que entre 15% e 20% dos cânceres são relacionados à predisposição genética, enquanto entre 80% e 85% são causados por “fatores ambientais”.
Saúde pública

Desde 2008, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Mais da metade das substâncias presentes nestes produtos químicos adotados nas lavouras brasileiras são proibidas em países da Europa e nos Estados Unidos. De acordo com o Dossiê Abrasco, cerca de 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por algum tipo de agrotóxico, sendo que, desses, segundo dados da Anvisa, 28% contêm substâncias não autorizadas para uso no Brasil. Além disso, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), os agrotóxicos causam, anualmente, 70 mil intoxicações agudas e crônicas na população dos países em desenvolvimento.

Os efeitos nocivos do uso de agrotóxico na saúde humana, no meio ambiente, os interesses econômicos e políticos do agronegócio, incluindo a tramitação do Projeto de Lei 6.299/2002, o chamado “pacote do veneno”, foram os temas que predominaram durante as quase três horas da audiência pública, solicitada pelos deputados estaduais do PT Carlos Neder e Marcos Martins.

“É importante dizer que a Fundação Oswaldo Cruz tem clareza que o uso de agrotóxico é um problema de saúde pública, que precisa ser enfrentado e que está afetando a vida das futuras gerações”, afirmou Luis Claudio Meirelles, pesquisador em saúde pública da Fiocruz.

Para ele, a falta de informações oficiais confiáveis sobre o uso de agrotóxico no Brasil causa um cenário de “embate técnico”. Meirelles disse que há uma lacuna na transparência e no direito à informação, tanto em nível federal quanto estadual. “Em vez de melhorar, nos últimos anos conseguimos piorar.”

O pesquisador destacou que, embora a literatura internacional seja “inequívoca” com relação aos perigos causados pelos agrotóxicos, os órgãos de controle e fiscalização no Brasil são frágeis. Como exemplo, citou o caso da água, dos alimentos processados ou de origem animal, cujo monitoramento é “parcial ou inexistente”.

“No Brasil, se usa produtos perigosos ou já banidos em outros países. A Europa está falando em banir o glifosato e aqui a gente ainda nem discute o tema”, criticou. O pesquisador da Fiocruz enfatizou o caminho errado adotado pelo país para lidar com o assunto, ponderando que, enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) defende regulamentar e eliminar o uso de agrotóxicos, privilegiando práticas sustentáveis, no Brasil tramita o “pacote do veneno” – uma série de medidas com o objetivo de facilitar ainda mais o uso de agrotóxicos.

“Não é uma questão trivial, é complexa, mas podemos produzir os mesmos alimentos sem o uso de veneno”, afirmou Meirelles.



Proposta de transição

Coube a Carla Bueno, representante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida, trazer à audiência pública informações que traçam o cenário atual da realidade do campo no Brasil. Entre os dados apresentados, destaque para o fato de míseros 1% dos agricultores do país serem donos de 45% das terras boas para a agricultura. Apesar da enorme concentração de terra, entre 2003 e 2010 os latifúndios aumentaram sua área em 5%, enquanto os minifúndios, pequenas e médias propriedades, diminuíram de tamanho. “Estamos concentrando ainda mais terra”, afirmou.

Segundo Carla, quanto maior a concentração de terra, mais baixo é o PIB per capita e maior a pobreza. “O agronegócio é dependente do veneno e não consegue sair dele. Eles não sabem como parar de produzir sem veneno.”

Apesar do cenário difícil, ela propõe que haja um debate público e um modelo de transição para o agronegócio diminuir o uso de agrotóxicos. Algo que tornou-se realidade por meio da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), transformada em dezembro do ano passado no Projeto de Lei 6.670/2016.

“O projeto é uma proposta de transição do modelo da agricultura, baseado em menos insumos químicos. O que estamos propondo para o Brasil é a construção, de forma gradual e cuidadosa, de uma transição de modelo de produção, algo mais do que necessário no processo em que vivemos, inclusive internacional, de cuidar da natureza, da nossa população e evitar ao máximo o uso dessas substâncias”, explicou a representante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

“Sabemos que esse Congresso não representa o desejo e o que pensa o povo brasileiro. Nossa tarefa é fazer a mobilização social fora do Congresso para então estimular o debate lá dentro e tentar, de alguma forma, colocar uma consciência mais humana nos deputados que lá estão.”

O PL 6.670 começará a tramitar em comissão especial criada para analisar o tema. Após alcançar o número mínimo de deputados, a expectativa é que a comissão seja instalada em breve.

“A audiência de hoje teve o caráter de denúncia, mas também caminhamos para a busca de alternativas. Vamos nos dedicar cada vez mais a pensarmos alternativas no marco legal, na produção de políticas e na geração de produtos sem o uso de agrotóxicos. Continuaremos essa discussão no sentido de pensar um fórum permanente, que se articule com o fórum paulista e a campanha nacional, para que São Paulo esteja na dianteira dessa luta contra o uso de agrotóxico e os prejuízos causados à saúde e ao meio ambiente”, disse, ao final da audiência, o deputado Carlos Neder.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Fotojornalista argentino retrata vítimas da contaminação por agrotóxicos em cultivos transgênicos

Fonte: RESUMO FOTOGRÁFICO




O fotógrafo Pablo Piovano percorreu mais de seis mil quilômetros no litoral e norte da Argentina para conhecer pessoalmente as vítimas do que considera tratar-se de “um genocídio silencioso”. Na série “O Custo Humano dos Agrotóxicos”, Piovano retrata e denuncia as vítimas das politicas e atividades das multinacionais do agrotóxico.

A obra documental é o resultado de cinco viagens que o fotógrafo argentino fez a regiões agrícolas do país para retratar vítimas de contaminação por venenos que são usados em cultivos transgênicos. São imagens de pessoas com manchas e caroços na pele, mãos, braços e pernas deformadas, crianças com problemas resultantes de malformações fetais.

Em entrevista para o jornal Sul21, Piovano contou que a ideia para o projeto surgiu em 2014, após ser apresentado a dados médicos sobre a contaminação de pessoas pela utilização de agrotóxicos. “O que acontecia é que logo após pulverizações de agrotóxicos, as salas médicas se enchiam de crianças. Com o tempo, perceberam que os casos se tornavam cada vez mais perigosos”, disse.

Ele contou ainda que a força dos grandes latifundiários que utilizam agrotóxicos e dos fabricantes desses produtos é muito grande na Argentina, por isso, o tema da contaminação não é pauta na imprensa tradicional do país, apenas em veículos independentes.

No final de 2014, com recursos próprios, ele partiu para uma viagem pelas regiões norte, litoral do Pacífico e central, principais áreas agrícolas do país, onde se produz especialmente soja. Esta viagem inicial durou cerca de um mês. “Ali, me dei conta que o tema era muito sério”, diz.






Antes de iniciar suas viagens, Piovano conta que realizou um trabalho de produção e investigação em que se relacionou com cientistas, médicos e ativistas que foram lhe ajudando a identificar as personagens de seu trabalho. Uma vez lá, no entanto, descobriu que o contato com a maioria das famílias atingidas era fácil, porque elas “sentiam a necessidade de terem suas histórias narradas”. “Centenas de portas foram abertas para mim e isso é muito delicado, porque é a intimidade das pessoas”, relata.

Nessas conversas, percebeu que, salvo exceções, a maioria dos agricultores não utiliza os equipamentos de proteção adequados. “Eu entrevistei uma pessoa que pilotava um avião pulverizador. O filho tinha câncer e seguia dizendo que não acontecia nada. Diante de mim, tomou uma tampinha com glifosato. Isso aconteceu em 2014. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde declarou que o glifosato é possivelmente cancerígeno. Voltei a vê-lo, o discurso era outro e não voltou a tomar o veneno”, relata Piovano. Segundo ele, na época, não soube se o homem tinha problemas de saúde, mas sabe-se que a região em que mora, San Salvador, tem alta incidência de câncer.







O fotojornalista não conseguia publicar o material na Argentina. “Tive que fazer a dupla tarefa de divulgá-lo”, afirma, salientando que passou então a postular a possibilidade de captar financiamentos e apresentar o trabalho já realizado em festivais internacionais. Acabou conseguindo o financiamento no meio das viagens e, atualmente, prepara um livro a ser publicado ainda este ano na Alemanha.

Ao longo do caminho, contou com a companhia de jornalistas que escreveram textos para acompanhar suas fotos, publicadas na Argentina e no exterior. Conseguiu ainda exibir o trabalho em um museu de Buenos Aires, mas, quando foi realizar uma segunda exposição em outro local, foi avisado dois dias antes do lançamento que tinha sido cancelada.

A soja transgênica e o uso do glifosato foram autorizados na Argentina em 1996. Em duas décadas, 60% da área cultivável do país passou a ser ocupada por lavouras transgênicas que recebem, anualmente, mais de 300 milhões de litros de agrotóxicos.













































































Para conhecer mais sobre o trabalho de Piovano, acesse: pablopiovano.com.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Conheça os perigos da dioxina e saiba como preveni-los

Fonte: ECYCLE


Presente em papéis que passaram por processo de branqueamento e em certos artigos íntimos femininos, substância pode causar câncer e se acumula no corpo

Talvez você nunca tenha ouvido falar dessa substância química, mas ela está em seu corpo (mesmo que em pequena quantidade) e é perigosa. A dioxina é um subproduto industrial de certos processos, como produção de cloro, certas técnicas de branqueamento de papel e produção de pesticidas. A incineração de lixo também libera dioxina (queima de plástico, de papel, de pneus e de madeira tratada com pentaclorofenol), pois muitos produtos são tratados com cloro em sua fabricação.

As dioxinas são acumuladas nos tecidos adiposos, ou seja, nas regiões em que nossos corpos e os de animais têm mais gordura (veja mais neste artigo – em inglês). Por meio de um processo chamado biomagnificação, elas também acompanham o desenvolvimento da cadeia alimentar, de acordo com artigo da Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR), dos EUA. Se você come a carne de um animal que contém muitas dioxinas, elas serão acumuladas no seu corpo. A partir de então, seu organismo tentará se livrar delas por um bom tempo.

Não há nível saudável de dioxinas e até uma quantidade pequena pode ser perigosa, exatamente porque ela se acumula no organismo. Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a União Européia estabeleceram a dosagem de 2,3 pg/kg/dia (picograma/quilo/dia - 1 picograma equivale a 10-¹² grama ou um trilionésimo de grama) como limite. A americana Enviromental Protection Agency (EPA), discorda, apontando 0,7 pg/kg/dia como quantidade máxima recomendável. São limites que significam quantidades muito baixas, o que pode ser aferido por orientação da própria EPA, que descreve o uso de filtro simples de papel para coar café feito com papel branqueado industrialmente, por exemplo, como suficiente para exceder os “níveis aceitáveis” de dioxina por toda uma vida.


História e processos industriais

A expansão das dioxinas se liga à utilização do cloro na Segunda Guerra Mundial. Até esse período, o produto foi usado, juntamente com outras substâncias químicas, como forma de armamento. Com o fim do conflito, havia uma grande produção, mas a demanda sofreu uma queda abrupta. Assim, a indústria química buscou novos mercados para inserir o cloro. Essa empreitada foi bem sucedida, mas o subproduto dioxina não estava nos planos.

Uma fonte de cloro, uma fonte de matéria orgânica e um ambiente térmico ou quimicamente reativo em que os materiais citados possam se combinar é o que gera a dioxina nos processos industriais, de acordo com o Greenpeace. Portanto, tanto a produção de cloro, como o tratamento de outros produtos com cloro geram o indesejado subproduto.

Emissões de dioxinas

A tabela abaixo, divulgada pelo Portal São Francisco, mostra quais são os processos formadores das dioxinas e quais são os emissores primários. Veja:



Problemas causados pelas dioxinas

As dioxinas podem afetar o organismo humano, principalmente, de três maneiras:

-Má formação: as dioxinas são substâncias teratógenas (causam má formação fetal), mutagênicas (causam mutações genéticas, algumas das quais podem causar câncer) e suspeita-se que sejam carcinogênicas para humanos (podem causar câncer). Devido a essas propriedades, as dioxinas mexem com a regulação de crescimento celular, induzindo ou bloqueando a morte de células;

-Câncer: segundo a ATSDR, as dioxinas são comprovadamente causadoras de câncer em animais. O mesmo efeito parece ocorrer com humanos. E o mais grave é que as dioxinas agem como carcinogênicos completos, que não precisam de outros elementos químicos para atuarem no organismo. Elas podem causar tumores e aumentar o risco de todos os tipos de câncer, de acordo com a OMS e o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), dos EUA;

-Outros: as dioxinas alteram receptores de estrogênio, podem ser tóxicas para o crescimento e o desenvolvimento, podem causar danos no fígado, nos nervos e alterações indesejadas em glândulas, de acordo com a ATSDR. Problemas relacionados aos sistemas reprodutivo e imunológico, além de alterações no neurodesenvolvimento também podem ocorrer devido às dioxinas (veja mais aqui - em inglês). As substâncias também são suspeitas de causarem problemas respiratórios, câncer de próstata, além de dois tipos de diabetes.




Exposição

Novamente de acordo com a ATSDR, as dioxinas são encontradas em praticamente todas as amostras de pele e sangue de pessoas sem conhecimento sobre terem exposição à substância.

Como as dioxinas perduram na cadeia alimentar e se acumulam em tecidos adiposos, a alimentação é responsável por 96% de toda a acumulação de dioxinas da qual estamos sujeitos. Os principais tipos de alimento que as contêm, de acordo com a ATSDR, são os seguintes: gordura animal presente em carne, laticínios ricos em gordura, peixes gordurosos (arenque, cavala, salmão, sardinha, truta e atum) e produtos que tenham sido expostos a pesticidas.

A contaminação também pode ocorrer quando ingerimos alimentos que tiveram contato direto com embalagens que possuam dioxinas (principalmente as feitas com papel branqueado industrialmente, como pratos de papel e caixas de comida feitas de papel). Também é possível que produtos íntimos femininos que passaram por processo de branqueamento liberem dioxinas, como absorventes internos.

Outra maneira de o organismo humano ser invadido por dioxinas é a respiração de gases, vapores e outras emissões provenientes de lixões que costumam incinerar seus resíduos. Plantas industriais, como fábricas de papel, de cimento e de fundição de metais também podem liberar dioxinas no ar. Viver numa região próxima a esse tipo de estabelecimento pode acarretar exposição crônica a dioxinas via respiração (apesar de a maior parte entrar no corpo humano via alimentação).

Alternativas


Se os parques industriais de todo o mundo deixassem de produzir dioxinas, ainda levaria cerca de 30 anos para que os seres humanos diminuíssem consideravelmente o nível da substância em seus corpos. Como alternativas, algumas empresas tentaram substituir o cloro nos processos industriais utilizando dióxido de cloro, menos nocivo, o que pode ser aferido em produtos que exponham o selo ECF (Elemental Chlorine Free). Essa alteração se deu principalmente nas indústrias de papel e celulose e foi seguida por outra inovação, chamada TCF (Total Chlorine Free), em que não há nenhum tipo de cloro na composição do material. Ele é substituído por oxigênio, peróxido de hidrogênio e ozônio.

No Brasil, um projeto de lei de 2008 tentou fazer com que a indústria de papel só pudesse fabricar modelos livres de cloro (TCF), mas foi rejeitada. A maior parte da indústria nacional de papel utiliza ECF, mas é possível encontrar produtos TCF (clique aqui).

O Greenpeace defende que as dioxinas deixem de ser produzidas, mas há um debate na sociedade. Há posições que defendem o uso dos ECF, alegando que não há diferenças entre os dois modelos.

Como evitar a exposição?

As dioxinas já estão presentes não só em nossas gordurinhas, mas nas gordurinhas de muitas pessoas ao redor do mundo. No entanto, é possível seguir alguns conselhos básicos para evitar a exposição a essa perigosa substância:

-Produtos de papel: opte por papéis branqueados naturalmente ou não branqueados, especialmente para produtos que entram em contato com comida ou com partes íntimas – filtros de café, toalhas de papel e absorventes internos;

-Alimentos: escolha alimentos orgânicos e com baixa quantidade de gordura. Se a carne for imprescindível na sua dieta, procure saber se o animal foi criado de maneira sustentável – alimentado com poucas quantidades diárias de gordura ou pasto/ração livre de pesticidas. É comprovado que mães que comem menos carne têm menos dioxinas em seu leite materno;

-Plásticos: quando for esquentar algum produto no microondas, certifique-se de que ele foi feito especialmente para essa finalidade. Mesmo assim, dê preferência a recipientes de cerâmica e vidro. Com o calor, os plásticos podem liberar dioxinas diretamente no alimento. O mesmo vale para o filme plástico que recobre comida. Tire-o antes de levar o alimento ao microondas. No caso do PVC, evite qualquer forma de queima ou aquecimento intenso do material (fato comum em obras, para dar elasticidade ao cano).

Veja também:
-Microondas: aquecer alimentos em recipientes de plástico pode liberar dioxinas
-Videoclipe para evitar “estado plástico da mente”

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Salsicha, hambúrguer “carnes processadas” são consideradas cancerígenas pela OMS.

Fonte INC



A Agencia Agência Internacional de Investigação de Cancer (IARC), órgão ligado a OMS, publicou nesta segunda (26 de outubro) os resultados de uma avaliação feita por 22 cientistas de 10 países sobre a carcinogenicidade do consumo de carne vermelha e carne processada. Traduzimos aqui as informações principais do relatório publicado na revista The Lancet.

A carne vermelha não processada refere-se a músculos de mamíferos (carne bovina, vitela, porco, cordeiro, carne de carneiro, cavalo ou cabra, etc). Já a carne processada é a carne que foi transformada através de salga, cura, fermentação, defumação ou outros processos para melhorar o aspecto sensorial ou melhorar a preservação, como exemplos temos as salsichas, linguiças, hamburguers, embutidos (presunto, salame, etc).

O processamento de carne, como a cura e a defumação, pode resultar na formação de produtos químicos com potencial cancerígeno, incluindo os compostos N-nitrosos (NOC), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP).

Cozinhar melhora a digestibilidade e a palatabilidade da carne, mas pode também produzir substancias conhecidas ou suspeitas de serem cancerígenas, incluindo aminas heterocíclicas (AHC) e hidrocarbonos policíclicos aromáticos (HPA). A alta temperatura de cozimento, obtida ao fritar (com ou sem óleo), grelhar ou no churrasco, produz as maiores quantidades destas substancias químicas (2,3).

A ingestão média de carne vermelha (entre os que consomem) é estimada em 50-100 g por pessoa, por dia, e considera-se um consumo elevado quantidades superiores a 200 g por pessoa, por dia (4). Quanto a carne processada existe pouca informação a respeito da porção usualmente consumida.

Como foi feita a avaliação?
O Grupo de Trabalho avaliou mais de 800 estudos epidemiológicos que investigou a associação de câncer com o consumo de carne vermelha e carne processada ​​em muitos países, e, em vários continentes, com diversificada etnias e dietas. Para a avaliação, o maior peso foi dado aos estudos prospectivos de coorte, de base populacional. Estudos de caso-controle de base populacional de alta qualidade forneceram evidências adicionais. Para ambos desenhos, os estudos considerados mais informativos foram aqueles que consideravam a carne vermelha e carne processada separadamente, possuíam dados dietéticos quantitativos obtidos a partir de questionários validados, um grande tamanho amostral, e foi controlado para os principais fatores de confusão em potencial para o tipo de câncer avaliado. O maior corpo de dados epidemiológicos foi para o câncer colorretal.

O que eles encontraram?


Carne vermelha e câncer colorretal

– Em estudos de coorte: Associações positivas foram observadas na comparação entre o alto e o baixo consumo de carne vermelha em metade dos estudos avaliados, incluindo uma coorte de dez países europeus e outros grandes grupos na Suécia e Australia (5-7).

– Em estudos caso-controle: Dos 15 estudos de caso-controle considerados, 7 relataram associações positivas entre câncer colorretal e consumo de carne vermelha (alto e baixo consumo).

Carne processada e câncer colorretal

– Em estudos de coorte: Associações positivas de câncer colorretal com o consumo de carne processada foram relatados em 12 dos 18 estudos de coorte avaliados, incluindo estudos na Europa, Japão e dos EUA (5,8-11).

– Meta-analise: Uma meta-análise de câncer colorretal, feita a partir de 10 estudos de coorte, relatou uma relação dose-resposta, estatisticamente significante, verificando aumento de 17% no risco de câncer para um consumo 100 g/dia de carne vermelha e um aumento de 18% para um consumo de 50 g/dia de carne processada (12).

-Em estudos caso-controle: As provas de apoio vieram de 6 dos 9 estudos caso-controle considerados.

Outros tipos de câncer:

Os dados também estavam disponíveis para outros 15 tipos de câncer.

– Associações positivas foram vistas entre consumo de carne vermelha e câncer de pâncreas e próstata (principalmente câncer de próstata avançado), em estudos de coorte e de caso-controle de base populacional.

– Associações positivas entre o consumo de carne processada e câncer de estômago.

Conclusões:

O Grupo de trabalho julgou que existem provas suficientes, em seres humanos, para considerar que “o consumo de carne processada tem potencial efeito cancerígeno” (colorretal e estomago) classificando-a como Grupo 1 de risco.

O Grupo não atribuiu o mesmo grau de confiança ao potencial cancerígeno para o consumo de carne vermelha, uma vez que nenhuma associação clara foi observada em vários estudos de alta qualidade. Portanto, o Grupo concluiu que há evidências limitadas para afirmar o potencial cancerígeno em seres humanos da carne vermelha não processada, e, classificou “o consumo como de carne vermelha comoprovavelmente cancerígeno para os seres humanos” (Grupo 2A).

É importante esclarecer que a carne vermelha não processada é rica em proteínas de alto valor biológico e muitos micronutrientes importantes como ferro, vitaminas do complexo B e zinco, importantes para boa saúde. Desta forma, a entidade alerta que não é necessário parar de comer carne, o importante é atentar para a quantidade, evitando o consumo excessivo e optando por formas de preparo mais saudáveis. Quanto as carnes processadas (salsichas, linguiças, embutidos, hambúrguer, etc) é necessário reduzir de forma substancial a quantidade e a frequência de consumo.

Entenda o que significa o Grupo da classificação de risco da OMS:

-Grupo 1 – O agente é carcinogênico a humanos. Quando há evidências suficientes de que o agente é carcinogênico para humanos.

-Grupo 2A – O agente provavelmente é carcinogênico a humanos. Quando existem evidências suficientes de que o agente é carcinogênico para animais e evidências limitadas ou insuficientes de que ele é carcinogênico para humanos.

O relatório original publicado na revista The Lancet está disponível em:http://www.thelancet.com/pdfs/journals/lanonc/PIIS1470-2045(15)00444-1.pdf

Link para o IARC:

http://www.iarc.fr/

http://www.iarc.fr/en/media-centre/iarcnews/pdf/Monographs-Q&A_Vol114.pdf

Referências citadas:

1 International Agency for Research on Cancer. Volume 114: Consumption of red meat and processed meat. IARC Working Group. Lyon; 6–13 September, 2015. IARC Monogr Eval Carcinog Risks Hum (in press).

2 Alaejos MS, Afonso AM. Factors that aff ect the content of heterocyclic aromatic amines in foods. Comp Rev Food Sci Food Safe 2011; 10: 52–108.

3 Alomirah H, Al-Zenki S, Al-Hooti S, et al. Concentrations and dietary exposure to polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) from grilled and smoked foods. Food Control 2011; 22: 2028–35.

4 Food and Agriculture Organization of the United Nations Statistics Division. Food balance. 2015. http://faostat3.fao.org/browse/ FB/*/E (accessed July 9, 2015).

5 Norat T, Bingham S, Ferrari P, et al. Meat, fi sh, and colorectal cancer risk: the European Prospective Investigation into cancer and nutrition. J Natl Cancer Inst 2005; 97: 906–16.

6 Larsson SC, Rafter J, Holmberg L, Bergkvist L, Wolk A. Red meat consumption and risk of cancers of the proximal colon, distal colon and rectum: the Swedish Mammography Cohort. Int J Cancer 2005; 113: 829–34.

7 English DR, MacInnis RJ, Hodge AM, Hopper JL, Haydon AM, Giles GG. Red meat, chicken, and fi sh consumption and risk of colorectal cancer. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2004; 13: 1509–14.

8 Oba S, Shimizu N, Nagata C, et al. The relationship between the consumption of meat, fat, and coff ee and the risk of colon cancer: a prospective study in Japan. Cancer Lett 2006; 244: 260–67.

9 Bernstein AM, Song M, Zhang X, et al. Processed and unprocessed red meat and risk of colorectal cancer: analysis by tumor location and modifi cation by time. PLoS One 2015; 10: e0135959.

10 Cross AJ, Ferrucci LM, Risch A, et al. A large prospective study of meat consumption and colorectal cancer risk: an investigation of potential mechanisms underlying this association. Cancer Res 2010; 70: 2406–14.

11 Chao A, Thun MJ, Connell CJ, et al. Meat consumption and risk of colorectal cancer. JAMA 2005; 293: 172–82.

12 Chan DS, Lau R, Aune D, et al. Red and processed meat and colorectal cancer incidence: meta-analysis of prospective studies. PLoS One 2011; 6: e20456.

13 Pierre F, Freeman A, Tache S, van der Meer R, Corpet DE. Beef meat and blood sausage promote the formation of azoxymethaneinduced mucin-depleted foci and aberrant crypt foci in rat colons. J Nutr 2004; 134: 2711–16.

14 Pierre F, Santarelli R, Tache S, Gueraud F, Corpet DE. Beef meat promotion of dimethylhydrazine-induced colorectal carcinogenesis biomarkers is suppressed by dietary calcium. Br J Nutr 2008; 99: 1000–06.

15 Santarelli RL, Vendeuvre JL, Naud N, et al. Meat processing and colon carcinogenesis: cooked, nitrite-treated, and oxidized high-heme cured meat promotes mucin-depleted foci in rats. Cancer Prev Res (Phila); 3: 852–64.

16 Aune D, Chan DS, Vieira AR, et al. Red and processed meat intake and risk of colorectal adenomas: a systematic review and metaanalysis of epidemiological studies. Cancer Causes Control 2013; 24: 611–27.

17 Gay LJ, Mitrou PN, Keen J, et al. Dietary, lifestyle and clinicopathological factors associated with APC mutations and promoter methylation in colorectal cancers from the EPIC-Norfolk study. J Pathol 2012; 228: 405–15.

18 Pierre FH, Martin OC, Santarelli RL, et al. Calcium and alpha-tocopherol suppress cured-meat promotion of chemically induced colon carcinogenesis in rats and reduce associated biomarkers in human volunteers. Am J Clin Nutr 2013; 98: 1255–62.

19 Le Leu RK, Winter JM, Christophersen CT, et al. Butyrylated starch intake can prevent red meat-induced O6-methyl-2-deoxyguanosine adducts in human rectal tissue: a randomised clinical trial. Br J Nutr 2015; 114: 220–30.

20 Lewin MH, Bailey N, Bandaletova T, et al. Red meat enhances the colonic formation of the DNA adduct O6-carboxymethyl guanine: implications for colorectal cancer risk. Cancer Res 2006; 66: 1859–65

Açúcar o filme.

Fonte INC



A intrigante história real do documentário “Açúcar”, que mostra os efeitos corporais sofridos pelo ator Damon Gameau ao deixar sua dieta baseada em “alimentos” e passar consumir, durante dois meses, uma alimentação baseada em “produtos industrializados” tidos como “saudáveis”, tem chamado a atenção de muitas pessoas no mundo. A questão intrigante nesta história é que a dieta seguida pelo ator, a base de industrializados vendidos como “saudáveis”, contabilizavam cerca de 40 colheres de chá de “açúcar oculto” por dia (~160 gramas/dia), e, lembrem-se, estes produtos não eram refrigerantes, chocolates, sorvetes ou fast foods. Os produtos consumidos eram produtos vendidos com apelo comercial de “saudáveis”, como iogurtes com baixo teor de gorduras, sucos de frutas, barras de cereal, granolas e até mesmo pães integrais. O documentário além de mostrar os efeitos do açúcar no corpo, debate a ação da indústria alimentícia, que, cada vez ilude o consumidor, por meio de estratégias sofisticadas de marketing e desenvolvimento.

O filme discute que atualmente cerca de 80% dos produtos industrializados contém “açúcares” em sua lista de ingredientes. Este açúcar “escondido” passa muitas vezes despercebido pelo consumidor. Este filme também foi transformado em livro chamado The Sugar Book.

A quantidade de 40 colheres de chá de açúcar por dia consumida pelo ator no filme foi baseada no consumo médio de açúcar da dieta ocidental, valor esse praticamente consumido de forma escondida em alimentos industrializados. Uma equipe de médicos e nutricionistas orientaram o consumo e acompanharam a saúde do protagonista ao longo dos dois meses, por meio de medições de peso, medidas corporais, pressão arterial, glicemia, entre outros parâmetros. Apesar de continuar a sua rotina de exercícios regulares durante os 60 dias Damon ganhou 10 cm de gordura ao redor da cintura, desenvolveu esteatose hepática (gordurosa no fígado), alterações de humor, cansaço, entre outros sintomas.

Estes efeitos negativos do excesso de açúcares sobre a saúde são bem conhecidos na literatura. Tanto que em março de 2015, a Organização Mundial de Saúde – OMS publicou uma Diretriz com orientações para redução da ingestão de açúcar. Tal documento recomenda que todas as pessoas, incluindo crianças, reduzam a ingestão de açúcar, não excedendo ao limite diário de 10% do total de energia consumida, para uma dieta de 2000 Kcal isto equivale a 50 gramas de açúcares por dia. No Brasil, a última POF (2008-2009) estimou que a ingestão média de açúcar está em torno de 150 gramas por dia, ou seja cerca de 3 vezes maior, semelhante a quantidade consumida pelo ator no filme. A OMS ainda acrescenta que a redução para abaixo de 5%, ou cerca de 6 colheres de chá (25g) por dia, fornece benefícios adicionais de saúde.

Infelizmente, estas orientações impressas, não impactaram totalmente as pessoas, principalmente aquelas que estão em maior risco. Assim, os produtores do filme acreditam que o documentário possa promover maior impacto e conscientização na população, podendo ser uma ferramenta adicional na promoção da saúde, auxiliando as pessoas a fazerem melhores escolhas e motivando-as a levar uma vida saudável.

O filme apresenta um novo olhar, mais crítico e mais consciente para o nosso ambiente alimentar, desmontando a crença comum de que de que a atual epidemia de obesidade é um resultado simplesmente da falta de exercício e consumo de fast food.

Segundo o autor a proposta do documentário não foi demonizar o açúcar, mas sim levar maior consciência a população sobre a qualidade dos produtos industrializados a que estamos expostos no nosso dia a dia e chamar a atenção para a necessidade de pautarmos a nossa alimentação em “alimentos de verdade”.

No Brasil, o novo Guia Alimentar Brasileiro lançado pelo Ministério da Saúde é um documento que foca exatamente nesta recomendação, a importância de uma alimentação baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, tendo sido muito elogiado por diversas autoridades de saúde internacionais.

Os produtores do filme e seus patrocinadores, criaram um site, para ser um lugar de aprendizagem e motivação para ação, onde se pode acessar receitas e e-books, descobrir como fazer para exibir o filme em uma comunidade, escola, etc. A comunidade Australiana, local de origem dos organizadores do filme, podem ainda encomendar um kit de ferramentas para educação nutricional em escolas e participar do programa de educação desenvolvido para escolas, obtendo ainda dicas e métodos que o autor utilizou para voltar a levar uma vida saudável novamente, depois do seu experimento. O site dá dicas para ajudar as pessoas a reduzir o teor de açúcar na família e nas cantinas escolares.

O trailer do documentário em inglês pode ser visto no youtube. O filme com legendas em português pode ser visto aqui.

Referencias citadas:

World Health Organization. Sugars intake for adults and children. Guideline -WHO, 2015.

Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília : Ministério da Saúde, 2º ed. 2014.

Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 : análise do consumo alimentar pessoal no Brasil/IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. – Rio de Janeiro : IBGE, 2011.

domingo, 25 de setembro de 2016

Médica apela aos bons costumes alimentares

Fonte: Jornal de Angola
Elautério Silipuleni| Ondjiva
25 de Setembro, 2016



Fotografia: António Soares

A médica Algeciras Poupiu, do Hospital Geral de Ondjiva, aconselhou ontem os munícipes a apostarem numa alimentação saudável, evitando comidas com muito açúcar e gordura, para prevenir a diabetes.

Algeciras Poupiu chamou a atenção para a redução no consumo de bebidas alcoólicas e o aumento da prática de exercícios físicos, duas grandes armas para travar o surgimento da doença.

A médica de clínica geral pediu às pessoas doentes de diabetes a redobrarem os cuidados com a alimentação, salientando que estas pessoas estão proibidas de se alimentar do pão, massa, batatas fritas, hambúrguer e bolacha. “Não devem fumar, nem consumir bebidas alcoólicas”, recomenda.

Aos diabéticos, Algeciras Poupiu aconselhou a redução da quantidade de alimentos e de hidratos de carbono nas refeições, dai sugerir uma alimentação balanceada em poucas quantidades seis vezes ao dia, ou seja, três de manhã e mesmas quantidades de tarde e noite, além das mesmas repetições para os lanches, nos intervalos das refeições.

A médica, que explicou que os doentes devem praticar muito exercício físico, avançou que a diabetes é caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia), que pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na acção do harmónio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A médica Algeciras Poupiu defendeu ainda a promoção de mais acções de sensibilização junto das comunidades sobre os riscos das hipoglicemias, no sentido de se baixar os casos da doença na região.


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Alimentação e doença de Alzheimer

Fonte: Público PT
INÊS TELLO RODRIGUES - 21/09/2016 



Imagem: Remédio da Terra


Nas fases mais avançadas da doença, as alterações globais na alimentação podem intensificar-se com dificuldades na própria capacidade em deglutir.

Hoje assinala-se o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, uma doença do foro neurológico que afecta 4,7 milhões de pessoas no mundo. Trata-se da forma mais comum de demência, já que representa entre 50% a 70% de todos os casos desta patologia. De acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde, todos os anos são registados quase oito milhões de novos casos de Alzheimer no mundo.

A doença de Alzheimer provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível, principalmente do funcionamento cognitivo (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras). No entanto, sendo uma doença do cérebro, também se verificam alterações noutras funções (ex: motora, emocional e comportamental).

À medida que a doença de Alzheimer vai afectando as várias áreas cerebrais, vão-se perdendo certas funções ou capacidades, o que se repercute na realização das diferentes actividades da vida diária.

Um dos aspectos afectados, vulgarmente desconhecido ou pouco abordado quando se fala de doença de Alzheimer, é o da alimentação. A perda de capacidades cognitivas e alterações fisiológicas podem interferir na alimentação e nutrição destas pessoas. Adicionalmente, podem surgir alterações na mastigação e problemas de deglutição, acentuados não só pela idade, mas também pela doença e que contribuem para agravar a situação.

São várias as causas possíveis da falta de apetite na pessoa com doença de Alzheimer, entre as quais se destaca o facto de:

— O centro da fome no cérebro, o hipotálamo, responsável pelo apetite, pode tornar-se disfuncional;
— Poderem existir alterações da visão ou do olfacto;
— Poder, igualmente, existir uma alteração do paladar, o que pode fazer com que a comida seja menos apetitosa;
— Algumas doenças crónicas ou certos medicamentos também poderem diminuir o apetite;
— Quando a pessoa ainda vive sozinha ou com pouco apoio, pode esquecer-se de cozinhar e de se alimentar;
— Ambientes novos ou não familiares poderem originar agitação e confusão;
— Distracções, tais como muito barulho ou muita gente, poderem influenciar negativamente a refeição;
— Alimentos pouco atractivos, refeições repetidas ou odores inoportunos contribuem para a recusa alimentar.

Algumas pequenas medidas poderão ajudar a tornar as refeições mais fáceis:

— Usar taças ou chávenas, em vez de pratos, e maiores do que as porções de alimentos, para evitar que se entornem.
— Não utilizar utensílios de plástico por serem demasiado leves para se manipularem e poderem partir-se na boca.
— Servir alimentos que se possam comer com as mãos, tais como pedacinhos de batata cozida, queijo, mini-sandes, pedacinhos de frango, fruta ou vegetais, pois, muitas vezes, as pessoas com demência recusam sentar-se para comer.
— Se necessário, dar instruções verbais como “mastigue agora”, “engula agora”, espaçadamente.
— Humedecer os alimentos com molho.
— Servir alimentos macios e finamente cortados.
— Evitar extremos de temperaturas como o muito quente e/ou muito frio.
— Se a pessoa necessitar de ser alimentada, oferecer alimentos pequenos, um de cada vez, pacientemente.
— Não alimentar a pessoa deitada.
— Se for necessário, reaquecer a comida.

Mas não só a ingestão de alimentos pode estar afectada; também a ingestão de líquidos pode estar comprometida.

A desidratação é uma das principais causas de problemas de saúde geral na pessoa com demência, mas é frequente existir uma recusa na ingestão de líquidos.

Algumas das estratégias para fomentar o consumo de líquidos podem passar por:

— Preparar infusões, sumos sem açúcar, bebidas energéticas e sopas mais líquidas, que podem ser ajudas preciosas na manutenção dos níveis de hidratação.
— Deixar sempre água disponível perto da pessoa, pronta a servir.
— Promover a ingestão de líquidos em pequenas porções ao longo de todo o dia.
— Experimentar acrescentar água com gás nos sumos, servir as bebidas a diferentes temperaturas e observar se existe preferência por alguma destas opções. Por vezes, existem alterações na sensibilidade intra-oral (boca) que podem também condicionar a ingestão de líquidos.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A alimentação e a nutrição inadequadas são classificadas como a segunda causa de câncer que pode ser prevenida.


Fonte: INCA



A alimentação e a nutrição inadequadas são classificadas como a segunda causa de câncer que pode ser prevenida. São responsáveis por até 20% dos casos de câncer nos países em desenvolvimento, como o Brasil, e por aproximadamente 35% das mortes pela doença.

Uma alimentação rica em frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e pobre em alimentos ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou prontos para aquecer e bebidas açucaradas, podem prevenir de 3 a 4 milhões de casos novos de câncer a cada ano no mundo.

Caso a população adotasse uma alimentação saudável e a prática regular de atividade física, mantendo o peso corporal adequado, aproximadamente um em cada três casos dos tipos de câncer mais comuns poderiam ser evitados. Ou seja, para cada 100 pessoas com câncer, 33 casos poderiam ser prevenidos.

Confira no menu à esquerda as recomendações sobre alimentação e prevenção de câncer. Pessoas que superaram o câncer também devem seguir essas recomendações. Neste momento, cuidar da alimentação, praticar atividade física e buscar manter o peso adequado é essencial para recuperar a saúde e prevenir recidivas. As informações são baseadas nos relatórios do Fundo Mundial para Pesquisa contra o Câncer (WCRF) e do Instituto Americano de Pesquisa em Câncer (AICR), entre outras pesquisas. Além disso, veja as dicas para uma alimentação saudável, os mitos e verdades e acesse as publicações, legislação e vídeos sobre o tema.

Confira também as recomendações referentes ao consumo de bebidas alcoólicas, peso corporal e atividade física.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O açúcar é o maior veneno que damos às crianças

Fonte: MINAMI
written by Cristina Cardigo




É o que diz a pediatra Júlia Galhardo, responsável pela consulta de obesidade no Hospital de Dona Estefânia, numa entrevista à Visão. E vai mais longe, refere-se mesmo ao abuso do açúcar em idades precoces como maus tratos.

Eu me acuso, sou daquelas pessoas que come demais quando está cansada/triste, come porque está feliz e quer celebrar, come porque acha que cozinhar é um passatempo estupendo. Não tenho a “sorte” de não engordar, como tem o meu filho e marido, por isso tento ter cuidado com a alimentação da nossa família. Sorte entre aspas, porque engordar pode ser um factor de alarme para os excessos, porque se vê.

Os pais não devem ficar descansados quando o seu filho, que come muitos doces, é magro. Muitos desses meninos, que são longilíneos, têm alterações dos lípidos no sangue, têm problemas de aterosclerose. Não são gordos, mas têm alterações metabólicas. Nem tudo o que é mau se vê. Nem tudo o que é mau dói. A hipertensão não dói, a diabetes não dói. Não doem, mas matam. E, mesmo quando existe excesso de peso, os pais não dão a devida importância. Acham que a criança vai esticar quando crescer, como se fosse plasticina, e que o problema vai desaparecer. Só começam a perceber que há, de facto, um problema quando as análises dão para o torto. Quando o colesterol ou os glícidos ou o ácido úrico vêm aumentados, quando as análises revelam inflamação…

E depois, há um mundo lá fora. Um mundo de pessoas simpáticas que querem oferecer chupas, um mundo que acha que “é só um dia”, “que não faz mal nenhum”. Um mundo que acha que os afectos se transmitem com comida, não é à toa que nos restaurantes há o “Doce da Avó”, eu cá nunca encontrei o “Doce da Mãe” ou o “Doce do Pai”.

Os avós têm um papel fundamental! Os avós são do tempo em que não havia esta parafernália do pacote. O doce era o mimo do dia de festa. Mas transformam este mimo num bolo ou num chocolate todos os dias. Porque… “coitadinho do menino”. Eu peço aos avós, por favor, que transformem estas coisas em mimos de abraços, de afetos. Que vão com eles ao parque brincar, ver o pôr do sol, fazer castelos de areia. Que os ensinem a cozinhar coisas saudáveis. A fazer pão, salada de frutas. Eu aprendi a fazer pão com a minha avó e ainda hoje me lembro. Peço aos avós que nos ajudem a modificar esta carga. E que percebam que, hoje em dia, o maior inimigo dos seus netos é o açúcar. A comida não é castigo nem prémio.


Como sensibilizar sem parecer a bruxa má do Oriente? Festas de aniversário na creche, onde dizem “é só um dia”, mas é só um dia em que 40 crianças fazem anos… mais as outras festas de aniversário fora da creche (com a moda de se levar um saquinho de doces para casa!), a Páscoa, o Natal, as férias, etc. etc… O meu filho tem 2 anos e meio aprendeu a dizer chocolate e chupa fora de casa… ou foi na creche, ou foi com as avós. Nunca o saberei. Não os podemos proteger para sempre, dirão as almas caridosas da brigada do açúcar… É precisamente por isso que acho importante controlar os doces e educar no sentido da prevenção. Um bom começo é ler o artigo completo aqui.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

A alimentação interfere na felicidade?

Fonte: NAMURômulo de Mello, médico antroposófico, afirma que comer mal pode afetar nosso humor e nossa força de vontade



O alimento vivo é aquele que tem a luz do sol. Nos industrializados, essa luz solar é destruída, alerta Silva
A medicina antroposófica lança um olhar diferenciado sobre o indivíduo e as enfermidades mais comuns dos nossos dias, como a depressão. Para Rômulo de Mello Silva, médico e professor no curso de formação em medicina antroposófica da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica (ABMA), muitas doenças podem estar vinculadas ao mau funcionamento do nosso fígado, o qual é causado por hábitos alimentares pouco nutritivos e muito calóricos.

Steiner dizia o seguinte: quando você vai ao mercado, se você quer ser um ser humano livre, você tem de questionar duas coisas: Eu preciso desse produto? Eu quero esse produto?”, reproduz Silva.

Rudolf Steiner e Ita Wegman fundaram a medicina antroposófica em 1920 em busca de uma visão holística sobre o ser humano, levando em conta aspectos como autonomia e dignidade para tratar doenças. A abordagem consiste em integrar as práticas da medicina moderna – para fazer a especialização em medicina antroposófica, é preciso graduar-se no curso regular de medicina – com os tratamentos homeopáticos, terapias corporais, arteterapia e aconselhamento.

Rômulo de Mello Siva formou-se em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 1980. Ainda na faculdade, ele se interessou pela visão antroposófica e, quando se mudou para São Paulo, logo depois de graduar-se, ingressou na Clínica Tobias (centro de medicina antroposófica). Em entrevista exclusiva para o portal NAMU, ele explica como a ingestão de alimentos industrializados e uma pedagogia repressora podem levar a quadros de cansaço e desânimo.

NAMU: Como a medicina antroposófica trata o doente?

Rômulo de Mello: O tratamento tem a ver com a biografia, com os antecedentes hereditários e genéticos, mas principalmente com a carga emocional que o indivíduo traz da família e da sociedade.

Por exemplo, apesar de não ser psiquiatra, como clínico geral, eu trato depressão o tempo todo. Há dois tipos dessa doença: a que vem do corpo e a reativa. A depressão reativa é uma reação a um evento traumático e normalmente não precisa de antidepressivo, a psicoterapia pode ajudar. Já a depressão que vem do corpo – conhecida como endógena, dentro da visão da medicina tradicional – é causada pela falta de derterminados neurotransmissores no cérebro. A indústria conseguiu sintetizar essas substâncias que estão faltando, por isso, o antidepressivo realmente ajuda a pessoa a sair desse tipo de depressão.

Mas a alopatia não chega à origem do problema. Na concepção da medicina antroposófica, e de outras vertentes como as medicinas chinesa e tibetana, a origem da depressão endógena é metabólica, ela vem do fígado, da vesícula, porque a maior parte desses neurotransmissores é produzida pelo intestino e pelo fígado durante o sono.

Então, a depressão é um exemplo de que não existe fronteira entre doença psíquica e doença orgânica. Mas como a antroposofia trata a depressão?

Eu prescrevo medicação homeopática que desintoxica, vitaliza e fortalece o fígado. Meus pacientes até brincam: “Lá vem o Doutor Fígado” (risos).

Os sintomas de desvitalização do fígado são: desânimo, cansaço, falta de concentração. Afinal, o que é concentração? É levar a vontade para dentro do pensamento e canalizá-lo, mas isso está cada vez mais difícil numa sociedade dispersiva como a nossa, é o telefone, o computador. Eu não consigo foco e nem disciplina. Esses são sintomas psicológicos, mas também resultam do enfraquecemento do fígado.

Falhas na educação e a má alimentação são as sementes do desânimo e da falta de concentração.

"Eu prescrevo medicação homeopática que desintoxica, vitaliza e fortalece o fígado", diz Rômulo Silva

Qual é a relação entre a educação e o enfraquecimento do fígado?

Steiner era pedagogo e dizia que uma má pedagogia exerce influências danosas. Se uma criança foi forçada a ir à escola para aprender o que não queria durante anos, isso debilitou o seu fígado desde muito cedo.

No entanto, nos dias atuais ocorre o contrário do que era comum na Alemanha do começo do século passado, época na qual Steiner escreveu suas teorias. Hoje, as crianças e adolescentes tendem a obedecer poucas regras ou regras muito menos rígidas.

Talvez isso seja o mais comum mesmo. A falta de disciplina também pode gerar uma fraqueza na força de vontade e abrir espaço para a depressão. Existem questões psicológicas bastante graves por trás disso. Ou você tem uma disciplina repressora que enfraquece a vontade e cria indivíduos inseguros, ou você deixa totalmente solto. Você nunca coloca limites - ela dorme a hora que quiser ou se não quiser não dorme, ela come o que quiser ou se não quiser, não come. Essas posturas passam para a criança a mensagem de que você não está nem aí. Por isso,

Falando em comida, qual a relação do tipo de alimento com o funcionamento do fígado?

O alimento mais industrializado é o que mais enfraquece o fígado.

Fígado é o órgão da vida. Vitalidade é o que traz força de vontade. O fígado extrai essa vida principalmente do alimento, pois a vida vem do sol. E o que a planta faz? Ela transforma a luz em vida. O alimento vivo é aquele que tem a luz do sol. No alimento industrializado, essa luz solar é destruída. Ele tem calorias, até mais calorias, mas não tem vida.

Explique melhor a relação entre vida e comida .

Tem uma história que circulou pela internet na qual uma menina publicou fotografias diárias de um sanduíche do Mc Donalds e ele permaneceu absolutamente igual ao longo do tempo. Nada aconteceu com ele. Sobre isso, eu brinco: bactéria não é boba, ela ataca um pão integral ou uma fruta, uma banana, uma maçã.

Agora refrigerante ou bolacha não estragam, porque não têm vida. Olha o perigo: quando você dá para o fígado um alimento sem vida, você está enfraquecendo o órgão porque esse alimento precisará ser vitalizado. O fígado terá que usar energia para vitalizar esse alimento morto. E essa vitalidade sai da onde? Da sua força de vontade.

Esses alimentos industrializados agitam, eles são estimulantes, mas não dão persistência, nem disciplina, muito menos foco. Só causam agitação, porque mexem com a alma do indivíduo, eles dão animação, adrenalina.

Aliás, a brincadeira que eu faço é a seguinte: são dez horas da noite, você está cansado e com fome e tem de apresentar um trabalho para o dia seguinte às seis da manhã; se você comer arroz integral, uma cenoura e uma banana, você vai dormir em cima do trabalho. No dia seguinte, você vai amanhecer com uma vitalidade maravilhosa. Mas na hora aquilo não vira energia, alimentos vivos não se transformam em energia imediatamente. Um alimento precisa ser processado e só vai liberar vida no dia seguinte, não na hora.

Agora, se você comer um chocolate e tomar um café, você acorda e faz o seu trabalho imediatamente. Mas o que foi isso? Um estimulante. No dia seguinte, você vai estar deprimido, mas fez o seu trabalho. O que quero dizer com isso? Tudo o que é energia imediata, vicia. Você não vai ver alguém viciado em arroz integral e banana (risos), mas vê em chocolate, café e cigarro, que são estimulantes. Só que isso vai detonando o fígado.

A imagem é a seguinte: quando você come um alimento sem vida, é como se você tivesse num cavalo. Se você der chicotada nele, ele anda. Mas se você não der comida, você vai matar o animal de fome, o que seria a depressão. A pessoa vai deprimir e tomar o neurotransmissor.

Não estou criticando, também receito antidepressivo, depressão é coisa séria, se não tratar, a pessoa pode perder o emprego ou o casamento. Mas o antidepressivo não vai resolver o problema. Eu preciso fazer o trabalho que significa revitalizar esse fígado e ajudar a pessoa a encontrar o seu caminho, realizar o ideal.

O que é realizar o ideal para antroposofia?

Nossa cultura associou bem-estar com aparência. Você vale pelo o que você aparenta. Isso cria um vazio. Os budistas falam das ilusões do ego. Você fica alimentando seu ego. E o ego está ligado a busca de satisfação e satisfação não satisfaz.

A antroposofia é uma filosofia assumidamente espiritualista cristã. Steiner é um filósofo cristão. Mas mesmo Platão, pré-cristão, já falava que nós nascemos com determinados talentos e nossa missão é devolvê-los para o mundo. Quanto mais talento, maior a responsabilidade social.

No fundo, se o indivíduo não tem um ideal, tudo fica movido para inserção social. E a inserção social faz parte do ser humano. No crescimento profissional, a aceitação social também faz parte. Eu sou um bom profissional, eu sou amado, eu sou admirado, tudo isso é ótimo. Todos nós precisamos disso. Mas a felicidade verdadeira é quando percebo que meu trabalho está acrescentando no mundo. Ter um ideal significa fazer algo pelo outro.

Ouvi a seguinte frase: "o sistema gosta de gente infeliz porque quanto mais vazia a vida, maior o consumo". Qual seu ponto de vista sobre isso?

O sistema não gosta de liberdade e não gosta que as pessoas pensem. Oitenta e cinco por cento do que eu compro no supermercado é uma imposição da propaganda. Isso não é estatística minha, é do pessoal da propaganda. Um mês sem comerciais e a Coca-Cola fecha as portas. A gente não quer Coca-Cola, por isso a propaganda é maciça.

Steiner dizia o seguinte: quando você vai ao mercado, se você quer ser um ser humano livre, você tem de questionar duas coisas:

Primeiro: "eu preciso desse produto?".

Segundo: "eu quero esse produto?

E para ser realmente livre você tem de pensar na justiça social e se perguntar:

Esse produto vale o preço que está sendo cobrado?

Ser livre é muito difícil, precisa ter força de vontade.
Publicado em seg, 14/07/2014 - 14:15
Atualizado em sab, 06/06/2015 - 19:14
Temas: Medicina Integrativa, Antroposofia

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