Mostrando postagens com marcador Agricultura Orgânica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Agricultura Orgânica. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Em Manaus, empresa cria serviço delivery para alimentos orgânicos.


Interessados pelo serviço podem realizar cadastro pela internet. Entrega acontece às quartas-feiras, em todas as zonas da capital.

Fonte: D24am
sexta-feira 26 de agosto de 2016 - 1:00 PM

Isabelle Marques / portal@d24am.comEntrega dos alimentos acontece às quarta-feiras.Foto: Divulgação

Manaus - A busca pela alimentação de qualidade e vida saudável tem colocado mais alimentos orgânicos na mesa dos manauaras. Essa procura foi uma das motivações para a criação do primeiro delivery de alimentos livres de agrotóxicos e que envolve técnicas de agricultura orgânica em Manaus, oferecido pelo Sítio Orgânico Santo Expedito. De acordo com o coordenador do serviço, o engenheiro agrônomo Diego Carvalho, a entrega acontece às quartas-feiras, em todas as zonas da capital.

“Há alguns anos, as pessoas não procuravam tanto esses alimentos. Elas já tinham se acostumado a sair e comer só fast food. Agora os alimentos orgânicos têm sido bastante divulgados e as pessoas estão se preocupado mais com a saúde”, disse o coordenador.

“O principal benefício desse alimento é a saúde, além de ser mais saboroso, ter a textura diferente e durar mais. É um trabalho natural e que respeita a ecologia”, completou. Ele conta que desde a última terça-feira (23) a quantidade de cadastros aumento exponencialmente.

O coordenador explica que os interessados pelo serviço devem preencher um formulário, encontrado na página no Facebook da Feira da Associação dos Produtos Orgânicos no Estado do Amazonas (APOAM), ou por este link. O formulário também pode ser disponibilizado por meio do contato 9 8825-1195.

“No cadastro, a pessoa terá a opção de informar por onde gostaria receber a lista dos nossos alimentos enviada semanalmente. Ele terá a opção pelo Whatsapp, e-mail, SMS ou ligação. A nossa oferta muda dependendo da quantidade e sazonalidade”, explicou Carvalho acrescentando que o cliente pode fazer o pedido e tirar duvidas sobre o alimento e seus benefícios.

Carvalho informa que, para a entrega, a compra mínima é de R$30 e a taxa de entrega é de R$ 9,90. Já sobre as opções da horta oferecida os valores variam entre R$3 e R$7. “Existe um tabu de produtos orgânicos são bem mais caros que os com agrotóxicos, porém o valor aumenta em 30% e no máximo a 50%. Isso acontece, pois o custo para produzir é maior, é um cultivo quase artesanal, não é apenas encher a lavoura”, disse. Ele conta que a empresa é familiar e conta com cinco envolvidos em sítio da família no Bairro Jorge Teixeira, que pertencia ao avô de Diego.

“Ali próximo, havia um cultivo grande de cheiro verde e como sempre passávamos por ali, víamos os efeitos do agrotóxico que era bastante visível. Então, meu pai começou a cultivar as hortaliças para o nosso consumo, há onze anos, e acabou que os amigos começaram a se interessar e pedir também. As vendas acabaram se expandindo e o meu pai se especializou em agricultura orgânica, inclusive frequentando eventos nacionais”, completou.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Central de abastecimento no ABC paulista começa a monitorar agrotóxicos em alimentos


Fonte: ORGANICSNET
07/01/2016


Resultado de duas análises feitas em tomates detectou 17 resíduos de defensivos diferentes; um era proibido no Brasil

Desde o início do ano, a Central de Abastecimento de Santo André (Craisa), cidade do ABC paulista (SP), monitora a quantidade de agrotóxicos presentes nos legumes, frutas e verduras distribuídos por seus concessionários. O objetivo do trabalho, pioneiro, é incentivar a fiscalização por parte de produtores e distribuidores, além de tornar o consumidor mais consciente sobre a qualidade dos alimentos que ingere.

Em entrevista à repórter Vanessa Nakasato da TVT, o engenheiro agrônomo do Craisa, Fábio Vezzá, explica que o resultado de duas análises feitas em tomates deram o alerta para que a central de Santo André passasse a monitorar os produtos vendidos. “Encontramos 17 resíduos de defensivos diferentes. Dois dos pesticidas estavam acima do limite permitido e um outro, não era permitido. A gente tem o projeto de fazer 15 amostras por mês a partir de 2016.”

“A gente quer um alimento seguro pro consumidor, pro ambiente e pro agricultor que produziu”, conclui.

O atacadista Pedro Albuquerque de Campos considera que vende alimentos com “muito veneno”, e explica que os produtos chegam com mais toxinas do que o necessário, pois há um período – não respeitado – de carência entre a aplicação do agrotóxico e a colheita do alimento, para que o pesticida não prejudique a saúde do consumidor. “Tem muito agrotóxico, é bastante mesmo. Tem que ter um tempo determinado para tirar, mas o lavrador é ganancioso e não espera.”

Fábio explica que quanto mais difícil o cultivo e mais fora de época, maior a carga de pesticida que o produto recebe “Por exemplo, quando eu era criança, lembro que só tinha morango no inverno, hoje, durante o verão tem morango, então ‘é natural’ que a gente encontre mais pesticida.”

A Central de Abastecimento de Santo André vai repassar os resultados dos produtos ao Ministério de Agricultura e à Anvisa.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O relatório recente do Inca aponta que o país consome um milhão de toneladas ao ano, ou seja, cada brasileiro consome 5,2 quilos de agrotóxicos por ano.

A alternativa para o consumidor são os alimentos orgânicos, preço dos alimentos orgânicos inibe o consumo, já que eles custam cerca de 30% a mais do que os produtos tradicionais.

Márcio Stanziani, integrante da Associação dos Agricultores Orgânicos, reivindica incentivo do governo para a produção livre de agrotóxicos. “O governo investe no produto tradicional e subsidia os agroquímicos, e as políticas públicas que existem para a agricultura orgânica são pequenas (sic). O consumidor não tem consciência que esse produto barato não vai reverter na sua saúde, que provavelmente terá de gastar no futuro por causas dos problemas de saúde.”

Rede Brasil Atual

domingo, 27 de abril de 2014

PESTICIDAS :: UM PROBLEMA PÚBLICO

Pesticidas
... em nossa alimentação, mesmo após a lavagem;
... em nossos corpos, por anos,
... e em nosso ambiente, que viajam muitos quilômetros em vento, água e poeira.

O que está na minha comida? é um banco de dados pesquisável projetado para tornar o problema público da exposição a pesticidas visível e mais compreensível.

Como é que esta ferramenta funciona? Ligamos dados de resíduos de alimentos de pesticidas com a toxicologia para cada produto químico, tornando essas informações facilmente pesquisáveis ​​pela primeira vez.pesticidas são um problema de saúde pública que exige compromisso público de resolver.

Use a ferramenta, compartilhá-lo com os outros: nós o construímos para ajudar a mover a conversa pública sobre agrotóxicos em uma arena onde você não tem que ser um especialista para participar. 

No Pesticide Action Network (PAN), acreditamos que os pesticidas são um problema de saúde pública que requer engajamento público para resolver. Nós queremos que você tenha as informações necessárias para tomar medidas com base em uma sólida compreensão das questões. que está em minha comida? baseia-se em 28 anos de tradição de fazer ciência de pesticidas acessível do PAN. Acesse www.whatsonmyfood.org/

Muito bom este site para conscientizar o que se anda colocando no prato. Clique no alimento e veja o que é colocado nele, depois faça sua opção, continuar ou não se envenenando e envenenando o Planeta.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Você pode mudar o mundo a cada mordida.

Muitas discussões sobre o que é alimento saudável e que não se pode fazer nada para mudar a Indústria Alimentícia.

Podemos sim mudar e com pequenas atitudes, dá trabalho, dá... mas ficar doente é pior, envenenar o planeta mais ainda. Está na hora de tomarmos as rédeas da nossa alimentação:

1) Vc tem pelo menos 3 oportunidades diárias para mudar o sistema e parar de comprar o que não é bom - café da manhã, almoço e jantar.

2) Compre de Cias que tratem bem o Meio Ambiente, seus Trabalhadores, Funcionários e Consumidores.

3) Escolha alimentos da época, de preferência orgânicos em feiras de produtores. (Não sabe onde tem veja aqui no link do IDEC, com certeza tem uma pertinho de vc.)

4) Deixe de preguiça, pegue seus óculos e leia o rótulos dos alimentos industrializados que vai comprar. Descarte tudo que tem açúcar e sódio como primeiro ingrediente, gordura vegetal, glutamato monossódico, e nomes que vc sabe que não são de comida.

5) Cozinhe para a família e coma em família.

6) Exija alimentos saudáveis nas escolas de seus filhos, vc está zelando pela saúde deles e das outras crianças.

Assista este documentário de Eric Schlossen chamado Comida S/A, é longo, mas garanto que seu tempo será muito bem aproveitado, ok?

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Papo com feirante - O veneno nosso de cada dia, continua na mesa ... Muito preocupante!

De MuralVirtual


Google imagem

Jales é uma cidade do noroeste paulista.

Sábado, dia de feira dos produtores. Normalmente as 3h30min da madrugada, já estão montando as barracas.
Gosto de comprar na feira, é uma oportunidade de conversar com os produtores, que sempre tem uma lição de vida a dar e além do mais, é uma forma de saber quando foi feito a última aplicação de agrotóxicos; quando compramos no supermercado, não temos a garantia por parte de ninguém, que o período de carência foi observado.
Recentemente, um colega comprou tomate em um supermercado da cidade e ao chegar em casa, sentiu um cheiro forte de veneno e mesmo lavando o cheiro não saia e acabou jogando os tomates no lixo.
O trabalho agrícola é a atividade de maior risco econômico e especialmente para o pequeno produtor rural , que produz a maior parte dos alimentos que consumimos.
Seo Benedito, tem uma pequena chácara e é um dos vários feirantes.
Pessoa simples e sincera e sempre que se pergunta responde:
Essa couve faz 15 dias que já apliquei e é um produto que pode aplicar de manhã e colher a tarde, fique tranquilo.
Mas, que veneno é esse que o Sr. aplicou ?
Malathion
Mas, quem disse que esse produto pode aplicar de manhã e colher a tarde?
O vendedor da casa agropecuária que comprei o produto. Pode ficar tranquilo, esse produto usamos no milho pipoca e depois só damos uma abanada e colocamos para estourar, é fraquinho
O argumento do Seo Benedito continuou.

Olha tem uma pessoa que só pega couve de mim. Ela disse - que há um tempo atrás, comprou couve no supermercado, mas ao chegar em casa percebeu que ela tinha um cheiro muito forte de veneno e não teve coragem de comer e deu as folhas para um passarinho e sabe o que aconteceu?
O que?
A tarde o passarinho estava morto.
Sério?
Estou te falando! Que coisa... ele comprou a couve para fazer remédio. Eu não faço isso não... sempre passo uma dose mais fraca e espero 15 dias para colher.
Em uma dia desses... conversando com Sr. Arlindo outro produtor rural e ao comentar essa história, do Seo Benedito, ele me fez uma outra narrativa:
(...)
Conheço uma pessoa que comprou almeirão na feira para tratar os canários, e morreram os 10 pássaros que ele tinha, ele foi até a feira e ameaçou a pessoa que vendeu, dizendo que iria denunciar e o feirante disse que ele apenas revendia e que as verduras vinham de outra cidade.
Seo Benedito continuou...
Esses dias uma pessoa comprou uma alface do meu vizinho, era uma alface muito bonita, mas a alface fez mal a ela – deu dor de barriga.
Fui conversar com o vizinho, para saber o que ele aplicava para deixar alface bonita. Ele me disse que aplica um veneno, que coloca na uva para a baga crescer. Pode uma coisa dessa? Uva leva 90 dias para colher e a alface colhe rapidinho...
Seo Benedito que produto é?
È um veneno bravo que aplica na uva o nome não sei não.
Seo Benedito, continuou com suas explicações e depois veio uma outra história...





Fulano ... aplicou um veneno de amendoim na couve no sábado e na segunda-feira, ele colheu a couve para comer. Após o almoço, o filho dele passou mal e ele levou para o pronto socorro e no caminho a mulher dele passou mal e durante o atendimento dos dois, ele também passou mal.
O médico, quis saber o que eles tinham comido. Ele contou, que tinham comido couve e que no sábado havia passado Hamidop. O Doutor colocou- que eles deveriam ter esperados pelo menos 15 dias e que correram grandes riscos.
Toda a história, foi para ilustrar que ele tem medo de veneno e que somente usa porque precisa – mas, sempre espera 15 dias.
Chegando em casa, fui pesquisar sobre os produtos que Seo Benedito falou.
Começando pelo Matathion, aquele produto fraquinho, que se pode aplicar de manhã e colher a tarde. Fui ver do que se trata...



Um dos trabalhos que encontrei sobre esse produto, foi uma revisão bibliográfica que se chama: a atuação do enfermeiro na prevenção dos efeitos nocivos causados pelo uso indiscriminado do inseticida malation.
(...)
Através desta pesquisa verificamos que o malation é um agrotóxico organofosforado que, no organismo humano, age inibindo a acetilcolinesterase, interferindo no mecanismo de transmissão neural e conseqüentemente, ocasionando diversos efeitos danosos como: visão borrada, tosse, anorexia, náuseas, vômitos, dores abdominais, aumento da amplitude das contrações e do peristaltismo gastrintestinal, diarréia, sudorese excessiva, sialorréia, dispnéia, cianose, acúmulo de secreções brônquicas, lacrimejamento, miose, midríase, tremores de língua, olhos e pálpebras, cãibras, paralisia, fraquezas musculares, cefaléia, tontura, tremores, ataxia, distúrbios da palavra, sonolência, disartria, rigidez de nuca, depressão do centro respiratório e do vasomotor, rigidez na nuca, convulsões e coma.
Além dessas manifestações, verificamos que o malation pode ocasionar efeitos imunossupressores em diversos níveis, gerar manifestações tardias e neuropatia tardia, tem capacidade de alterar o DNA de uma célula e de estimular a célula alterada a se dividir de forma desorganizada, revelando uma possível capacidade de desenvolvimento do câncer e associam-se sua ação a Arteriosclerose, Parkinson, Alzheimer, malformação congênitas, infertilidade e esterilidade.
O trabalho completo pode ser consultado no link abaixo:

http://br.monografias.com/trabalhos3/atuacao-enfermeiro-uso-indiscriminado-insecticida/atuacao-enfermeiro-uso-indiscriminado-insecticida3.shtml

Depois pesquisei, sobre o “veneno bravo que se utiliza na uva”, que o seu vizinho usa para crescer o alface e como não ele não sabia o nome do produto, a pesquisa ficou um pouco prejudicada.
Normalmente o que se utiliza na uva, é um regulador de crescimento conhecido como ácido giberélico, que também é liberado para a cultura do alface, conforme podemos ver abaixo:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ad593e004745886d9211d63fbc4c6735/Microsoft+Word+-+A04++%C3%81cido+Giber%C3%A9lico.pdf?MOD=AJPERES

Na literatura o ácido giberélico é classificado como mutagênico e cancerígeno ( Bedor, 2009 pág 63) Estudo do potencial carcinogênico dos agrotóxicos empregados na fruticultura e sua implicação para a vigilância da saúde.

Será que não passou da hora da ANVISA, rever a liberação do ácido giberélico para cultura do alface?
Conclui a pesquisa procurando sobre o hamidop, inseticida usado no amendoim, mas que foi usado na couve. É importante lembrar, que essa pratica é um tanto comum entre os agricultores e já foi identificada pela ANVISA, que iniciou em 2001, um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), com o objetivo de avaliar, os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam á mesa do consumidor.
O hamidop é inseticida Acaricida, sistêmico do grupo dos organofosforados e tem como principio ativo o METAMIDOFÓS e desde junho de 2012 esta proibido no Brasil.
O intervalo de segurança para as principais culturas que ele era registrado é de 21 dias.

http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/defis/DFI/Bulas/Inseticidas/HAMIDOP_600.pdf
Vamos recordar que : esse intervalo de segurança, é para que os resíduos presentes nos alimentos estejam dentro do limite máximo permitido, limite este, que é contestado por muitos especialistas.

Para quem não esta familiarizado com os termos, vamos a algumas definições
Limite máximo de resíduo - quantidade máxima de resíduo de agrotóxico legalmente aceita no alimento, em decorrência da aplicação adequada numa fase específica, desde sua produção até o consumo, expressa em partes (em peso) do agrotóxico ou seus derivados por um milhão de partes de alimento (em peso) (ppm ou mg / kg).


Intervalo de segurança ou período de carência - intervalo de tempo entre a última aplicação do agrotóxico e a colheita ou comercialização.
Fonte: http://celepar07web.pr.gov.br/agrotoxicos/legislacao/port03.asp
Podemos tirar algumas conclusões sobre esse último caso:
O agricultor não tinha percepção do risco que ele estava correndo e colocou em risco a saúde de sua família e coloca em riscos muitas famílias;
Mostra que ele não leu o rótulo e tão pouco sabe o que é intervalo de segurança;
O uso de produtos registrado para uma cultura e usado para outra, é um problema muito grave - por não ter estudo do intervalo de segurança, e tão pouco estabelecido o limite máximo de resíduos.
A entrada dos agrotóxicos no Brasil, foi praticamente imposto pelo governo na época e se nos dias atuais acontece, o que podemos ver nos relatos acima e abaixo, com certeza os governos são responsáveis por essa situação de descaso e mal uso dos agrotóxicos, que além de afetar diretamente a saúde dos agricultores também afeta ao dos consumidores.
Muita vezes, o pequeno produtor mal saber ler , não foi treinado para utilizar de uma forma “segura” esses produtos e não tem qualquer tipo de assistência, ficando nas mãos de pessoas que apenas tem o interesse em vender .
" O estado não tem política pública que coloca os extensionistas, através de concurso público, dentro das áreas de produção" afirmou a engenheira florestal Denise Batista Alves, vice presidente da associação dos engenheiros florestais do Rio de Janeiro, durante o evento "Impactos dos agrotóxicos: alternativas e posicionamentos dos engenheiros agrônomos e florestais" realizado pelo clube de engenharia e que poderá ser acessado no link abaixo:
Agrotóxicos e saúde: questões urgentes
Infelizmente as história não terminam por ai...
Dona Ana vende frutas. Segundo ela, o produto que vende é confiável e que seu marido, pega de um mesmo produtor há 10 anos e quando ele aplicou alguma coisa – avisa.
Ela comenta que tem uma boa clientela ...
- A banana, o mamão e a manga que vendo, não é amadurecida a força com carbureto, porque essas frutas amadurecida a força não tem gosto e faz mal a saúde.
Dona Ana, comentou algo que a deixou indignada.




Olha sabe o que estão fazendo agora? Estão aplicando Etrel na manga já colhida... para amadurecer, pode uma coisa dessa?
Outro dia ao comentar isso com um colega de trabalho ele disse:
Isso é verdade! Fulano … vendeu as mangas no pé e a pessoa que comprou, passou ethrel e em seguida colheu.
Houve-se falar, no uso de ethrel na laranja e para dar mais cor na uva ...
Fui pesquisar sobre o ethrel na manga e encontrei o arquivo abaixo:
http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/defis/DFI/Bulas/Outros/ETHREL_720.pdf
Etrel - Classe toxicológica II – ALTAMENTE TÓXICO e na cultura da manga é indicado para indução de florescimento e não existe indicação desse produto para aplicação no pós colheita para acelerar a maturação …. e como podemos ver no link acima – intervalo de segurança, não determinado devido à modalidade de emprego.
Na cultura da uva o ethrel ao consultar o AGROFIT – sistema de agrotóxico fitossanitário do Ministério da Agricultura, encontramos: A aplicação deverá ser de 15 a 20 dias antes da realização da poda de frutificação. Única aplicação.
Não existe recomendação para utilização para dar cor na uva.
No citrus? Não existe registro.
Então? Se não existe recomendação do ethrel para maturação da manga, do citrus e para melhorar a coloração da uva – isto significa, que não existe estudo e se não existe estudo, não existe intervalo de seguração estabelecido e tão pouco limite máximo de ingestão diária.
Quando existe intervalo de segurança e limite máximo de resíduos estabelecidos, mesmo assim, muitos especialistas tem vindo a público, para dizer que o limite máximo de resíduos é arbitrário e não é confiável - e quando não existe? O problema é maior ainda!
Infelizmente esse é um pequeno retrato do que acontece no dia a dia com a agricultura brasileira que descobri com uma pequena conversa … e a fiscalização como é que fica?
Se pegarmos a história da entrada dos agrotóxicos na agricultura, podemos ver, que tudo começou com o apoio oficial, vamos dar uma breve recordada:
A política de crédito adotado pelo governo brasileiro foi bastante decisiva e ao mesmo momento impositivo para que o novo modelo de produção fosse implantado conforme podemos observar abaixo:
Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os governos, através das agências internacionais, para facilitar a entrada desse pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente obrigados a adquirir esse pacote tecnológico ( GIRALDO, 2011).
Corraborando a citação anterior (FLORES, 2004) vai mais além ao mostrar a irresponsabilidade do governo brasileiro ao ceder as pressões internacional e obrigar os agricultores a adotar tecnologias desnecessária que não condizia com a realidade e necessidade da agricultura.
No Brasil, a partir de 1970, a produção agrícola sofreu grandes transformações. A política de estímulo do crédito agrícola, associada às novas tecnologias, impulsionou várias culturas, principalmente destinadas à exportação. Pacotes tecnológicos ligados ao financiamento bancário obrigavam os agricultores a adquirir insumos e equipamentos, muitas vezes desnecessários. Entre os insumos, estavam os pesticidas, que eram recomendados para o controle de pragas e doenças, como método de resguardar o potencial produtivo das culturas. Esse método obrigava aplicações sistemáticas de pesticidas, mesmo sem ocorrência das pragas, resultando em pulverizações excessivas e desnecessárias (RUEGG et al., 1991 apud Flores et all 2004 pág. 113).

Fonte: AGROTÓXICO NO BRASIL – USO E IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE E A SAÚDE PÚBLICA
Sem dúvidas, o governo e responsável pelo quadro acima e não é a toa que desde 2008 , somos o país que mais utiliza agrotóxicos e já passou da hora da sociedade, exigir uma resposta responsável a esse quadro de uso abusivo, que já vem se alastrando por muitos anos e sem ação efetiva, para que sejam controlados e os produtores efetivamente orientados.
Existe muitas técnicas desenvolvidas que se fossem amplamente utilizadas, contribuiria e muito para a redução do uso de agrotóxicos, como por exemplo o manejado integrado de pragas e doenças.
Vejamos uma nota da EMBRAPA sobre o MIP.
O MIP – Soja é uma tecnologia que utiliza um conjunto de técnicas econômicas e ambientalmente sustentáveis para o manejo eficiente de insetos pragas que atacam as lavouras de soja. Nos últimos anos, infelizmente, os princípios do MIP não tem sido adotados, gerando desequilíbrios e contribuindo para um crescente aumento de uso de agrotóxicos.
Inseticida são usados de forma abusiva, com base em calendário, aproveitamento de operações, ou seja, junto com herbicidas e/ou fungicidas, sem considerar a presença efetiva das pragas. Isso provoca a eliminação precoce de inimigos naturais e forte desequilíbrios ambiental nas propriedades, podendo favorecer a seleção de insetos resistentes a determinados ingredientes ativos

Fonte: Folder 04/2012-Janeiro 2012 - Embrapa Soja
Infelizmente, em muitas regiões a assistência técnica oficial não é suficiente para atender toda a demanda, e os agricultores ficam, muitas vezes , apenas nas mão de vendedores que tem interesse em comercializar seus produtos e não tem interesse em técnicas para reduzir o uso de agrotóxicos.
A agricultura convencional, se for bem feita, daria uma contribuição grande para redução do uso de agrotóxicos e isto deve ser um dever a ser garantido pelo estado, que deveria tomar medidas urgentes para garantir a redução dos usos de agrotóxicos e garantir a sociedade alimentos livres de resíduos.
O Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica que esta em fase final de estudo, será sem dúvida , uma importante resposta a sociedade- no sentido de oferecer alternativas tanto aos produtores, como aos consumidores – desde que, sai do papel e chegue até aos produtores com assistência técnica efetiva.
Grande parte dos pequenos agricultores ou os agricultores da agricultura familiar como um todo, no geral, não tem instrução e nem preparo para utilizar os agrotóxicos de uma forma mais "segura"; não utilizam EPI e quando utilizam, utilizam parcialmente ou de forma errada, o que aumentam o risco de intoxicação , isto sem falar do período de reentrada nas áreas e outras normas de segurança ambiental e pessoal que são ignoradas.

sábado, 27 de abril de 2013

Como o monopólio das patentes afeta criadores e agricultores no mundo

Por Epochtimes
Autor: Alberto Fiaschitello Publicação: abril 27, 2013


A produção mundial de alimentos – dos grãos aos derivados de animais – caminha gravemente para o monopólio, imposto pelas patentes das indústrias de transgênicos.

Ao contrário das promessas de benefícios econômicos e melhoramento na vida dos agricultores feita pelas indústrias de OGMs e transgênicos, os agricultores estão constatando sua grave dependência, e mesmo empobrecimento, depois de assinarem contratos com as empresas de transgênicos.

Esses contratos os proíbem de replantarem as sementes produzidas em suas colheitas, o que os obriga a comprarem novas sementes transgênicas para cada novo plantio. Também os atrela à tecnologia exclusiva de manejo das sementes transgênicas patenteadas, que exigem formas fechadas de manejo das sementes e da plantação, dentro de um processo que requer insumos exclusivos – como certos produtos químicos e pesticidas específicos – produzidos exclusivamente pelas mesmas empresas de transgênicos. Isso os torna definitivamente dependentes de empresas transnacionais como a Monsanto – a maior indústria de transgênicos do mundo, que no Brasil atua através da Agroceres, Agracetus, Agroeste Sementes, CanaVilis Monsanto, Monsoy e outras.

Na Índia, a Monsanto domina praticamente todo o mercado de sementes de algodão, o que obriga os agricultores a comprarem suas sementes transgênicas. Porém, os preços das sementes da Monsanto são quatro vezes maiores do que os das sementes convencionais – o que, segundo a empresa, se deve ao preço embutido de sua tecnologia patenteada – levando os agricultores a graves endividamentos, que se transformam, muitas vezes, em perdas de suas terras e mesmo de suas casas.

Além disso, devido às modificações genéticas feitas pela Monsanto em sementes nativas, as perdas ocasionadas em algumas safras têm sido desastrosas para os agricultores, levando milhares de famílias à ruina financeira e chefes de família ao suicídio.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Orgânicos e mais nutritivos, são os tomates orgânicos.

Tomate está caro?
Pois é, por incrível que pareça os tomates orgânicos estão mais baratos que os convencionais, cheios de agrotóxicos. Ainda por cima os orgânicos são mais nutritivos, não é demais?

Por Revista Pesquisa FAPESP
Edição 205 - Março de 2013


© PENTOP

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Ceará (UFC) mostrou que tomates cultivados pelo sistema orgânico possuem maior quantidade de compostos com ação antioxidante, como polifenóis e vitamina C, em comparação com os produzidos pela agricultura tradicional. 

“O estresse sofrido pela planta no cultivo orgânico influencia positivamente no acúmulo de sólidos solúveis e na síntese de metabólitos secundários, que ajudam no seu mecanismo de defesa e contribuem para aumentar o seu valor nutritivo”, diz a pesquisadora Aurelice Oliveira, que fez o estudo para a sua tese de doutorado, sob orientação da professora Raquel Miranda, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFC. As concentrações de vitamina C nos tomates orgânicos foram 55% mais elevadas nos frutos maduros em relação aos tomates de cultivo tradicional. 

“Os polifenóis, por exemplo, previnem a peroxidação de lipídeos, por combaterem os radicais livres”, diz Aurelice. Ela explica que no sistema convencional a planta já dispõe de todos os recursos necessários para o seu desenvolvimento, como fertilizantes, enquanto no sistema orgânico o composto nutriente utilizado demora a ser metabolizado, o que resulta em estresse. 

Uma das análises feitas para determinar o grau de oxidação das células dos frutos, chamada de peroxidação de lipídeos, comprovou que há um maior estresse no cultivo orgânico do que nos convencionais. O estudo foi publicado no site da na revista PLoS One (fevereiro de 2013).

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um agricultor alerta sobre os riscos dos transgênicos

Transgênicos e o uso de agrotóxicos
Por: Joop Stoltenborg, agricultor e responsável pelo Sitio A Boa Terra





“O uso de herbicidas não diminui com transgênicos”, que comenta um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA.



Como consumidores, é importante saber como os produtos que consumimos são produzidos. Ainda mais quando se trata de alimentos. Pois, além dos impactos na natureza, estes trazem impacto na nossa saúde. Para um consumidor orgânico é bom ter acesso a informações que mostram que vale a pena pagar mais pelos orgânicos. Por isso resumi um artigo que tem o título “O uso de herbicidas não diminui com transgênicos”, que comenta um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA.

O relatório, simplesmente mostrando dados, desmascara a propaganda enganosa dos fabricantes dos transgênicos. Estes sempre disseram que o aumento das lavouras transgênicas tolerantes ao herbicida glifosato diminuiria o uso do mesmo. Na verdade, o relatório dos EUA diz que o uso do herbicida glifosato, associado às lavouras transgênicas, aumentou dramaticamente ao longo dos últimos anos, enquanto o uso de outros herbicidas mais tóxicos como atrazina não diminuiu. O relatório mostra, nos estados avaliados, o seguinte crescimento: de 2 milhões de kg no ano 2000 para 25.8 milhões de kg no ano de 2010. Então 13 vezes mais. Estes dados se referem apenas a lavouras de milho. No mesmo período, o uso da Atrazina ficou praticamente estável, ou seja, por volta de 25 milhões de kg por ano.
A atrazina está ligada a sérios efeitos sobre a saúde humana, incluindo malformações em bebês e problemas nos sistemas endócrino e reprodutor.

É também uma grande ameaça aos ecossistemas por provocar problemas imunológicos hormonais e reprodutivos em espécies aquáticas. O próprio glifosato também está associado a uma série de problemas ambientais e de saúde. O aumento no uso de herbicidas nas lavouras de transgênicos tolerantes ao glifosato se deve, em grande parte, ao desenvolvimento de resistência nas espécies de mato que o herbicida pretende controlar. Com a perda de eficácia do veneno, os agricultores tendem não só a utilizar maiores quantidades de glifosato, como recorrer, de forma complementar, a outros herbicidas ainda mais tóxicos. Isso está levando também as empresas de biotecnologia a investir no desenvolvimento de plantas transgênicas tolerantes a múltiplos herbicidas como glifosato e 2,4-D (componente do famoso Agente Laranja) ou glifosato e aceto cloro, ou seja, soluções que também levarão ao aumento de venenos e, pior, cada vez mais tóxicos.

Pessoalmente vejo que é realmente urgente ampliar a consciência dos produtores e consumidores de que o caminho dos transgênicos é um caminho de death sciences (ciências da morte) embora seus fabricantes usem o slogan de life sciences (ciências da vida). Julguem vocês.

Artigo publicado em 23/07/2011 - Sítio a Boa Terra
Conheça a história do Sítio, uma lição de coragem e muito amor (Nadia Cozzi)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Butão quer se tornar o primeiro país com agricultura 100% orgânica

Fonte: Portal EcoD.




Butão é um dos poucos países do mundo a ter, efetivamente, igualdade de gênero: homens e mulheres têm funções iguaisFoto: Marina e Enrique

Conhecido mundialmente pela adoção do Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) como medidor do progresso nacional, o pequeno Butão, isolado entre as montanhas do Himalaia, demonstrou mais uma vez a preocupação do país com o bem-estar de sua população, e agora caminha a passos largos para tornar realidade a meta de converter toda sua agricultura em orgânica, tornando-se a primeira nação do mundo a obter tal título.

O FIB foi criado em 1972, quando o rei Jigme Singye Wangchuck firmou um compromisso de construir uma economia adaptada à cultura do país e baseada nos valores budistas.

A meta, anunciada em 2007, deverá ser alcançada dentro de pouco tempo, uma vez que já há uma difusão do cultivo orgânico entre os agricultores, embora poucos sejam certificados como tal. Atualmente, os futuros instrutores estão em treinamento e os agricultores que já possuem produção orgânica estão recebendo assistência governamental.

De acordo com o ministro da Agricultura, além das vantagens de conservação ambiental, o programa de agricultura orgânica capacitará os agricultores em novas técnicas de cultivo para potencializar o uso do solo, aumentando a produção e, por fim, levando o país à desejada autossuficiência alimentícia.

Mercado

A procura pela transformação do cultivo também tem razões econômicas: a produção orgânica é 30% mais valorizada em relação a convencional, além de garantir uma renda extra com o ecoturismo.

O Butão não tem problemas com fome, o analfabetismo é zero, os índices de violência são insignificantes, nenhum mendigo vive nas ruas e não há registro de corrupção.

Na região, dois estados indianos têm programas similares para a adoção integral do cultivo orgânico na agricultura. Um terço da agricultura do estado de Sikkim já é orgânico e o governo local almeja transformar toda sua produção até 2015. Já Kerala começou essa transição em 2010 e planeja que até o final desta década todo o seu cultivo tenha sido convertido.

No Brasil, o mercado de orgânicos está em plena expansão, com crescimento anual entre 30% e 40%, embora a regulamentação do setor no início de 2011 tenha colocado algumas barreiras comerciais com a importação.

Os alimentos orgânicos são todos aqueles produzidos em sistemas que não utilizam agrotóxicos ou insumos artificiais em sua produção, como inseticidas, herbicidas, fungicidas, nematicidas ou adubos químicos. Por conceito, eles também não podem ser organismos geneticamente modificados (OGM), como os transgênicos.

Um estudo da Universidade Stanford (EUA) publicado recentemente afirma que os alimentos orgânicos não têm mais nutrientes que os tradicionais, mas as vantagens deste tipo de alimento, como a ausência de pesticidas e bactérias resistentes a antibióticos ou a redução do impacto ambiental, justificam a opção por esta produção.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Agrônoma Ana Maria Primavesi é referência para cientistas e agricultores



Em 60 anos de carreira, a doutora Primavesi deu aulas, escreveu livros, fez conferências e ganhou prêmios em vários países. O manejo ecológico dos solos é o centro do seu trabalho.
Globo Rural mostra um pouco de seu trabalho para nós.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Brasil: líder mundial em alimentos envenenados

Por Notícias Yahoo
Por Tatiana Achcar | Habitat – sex, 20 de abr de 2012
Nunca tivemos tanta comida produzida no mundo, mesmo assim um milhão de pessoas passam fome e outro milhão comem menos do que necessitam. A fome é um problema de economia mundial.

Em vinte anos, o Brasil tomará dos Estados Unidos a liderança mundial na produção de alimentos. No entanto, 49% dos brasileiros estão acima do peso, sendo 16% obesos, segundo o Ministério da Saúde. A obesidade é um problema de saúde pública, logo, de economia nacional. 

Por que esse disparate entre a grande quantidade de alimento e a fome e o sobrepeso? Apesar das commodities agrícolas bombarem as bolsas de valores, o sistema alimentar mundial tem falhas, e das grossas: o modo de produção usa recursos naturais de maneira abusiva, o sistema está baseado na industrialização, que artificializa o alimento, e a distribuição é concentrada e controlada por poucos gigantes do setor. Alimentação em quantidade e qualidade adequada e saudável é um direito humano, mas virou artigo de luxo.

Em seu discurso de posse, no dia 18 de abril, a nova presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, a antropóloga Maria Emília Pacheco, criticou os agrotóxicos, os alimentos transgênicos e a livre atuação das grandes corporações, apoiada na irrestrita publicidade de alimentos, especialmente entre o público infantil, como nocivas para a segurança e soberania alimentar. "O caminho percorrido historicamente pelo Brasil com seu atual modelo de produção nos levou ao lugar do qual não nos orgulhamos de maior consumidor de agrotóxicos no mundo e uma das maiores áreas de plantação de transgênicos", afirmou. O país que está prestes a tornar-se líder mundial na produção de alimentos abusa de venenos que causam intoxicação crônica, aquela que mata devagar com doenças neurológicas, hepáticas, respiratórias, renais, cânceres entre outras e provoca o nascimento de crianças com mal formação genética. 

O uso massivo de agrotóxico promovido pela expansão do agronegócio está contaminando o agricultor, que tem contato direto com a lavoura envenenada, os alimentos, a água e o ar. Estudos científicos recentes encontraram resíduos de agrotóxicos em amostras de água da chuva em escolas públicas no Mato Grosso. O sangue e urina dos moradores de regiões que sofrem coma pulverização áreas de agrotóxicos estão envenenados. Nos últimos anos, o Brasil tornou-se o principal destino de defensivos agrícolas banidos no exterior. Segundo dados da Anvisa, são usados em nossas lavouras pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia, Estados Unidos, China.

É evidente que segurança e soberania alimentar dependem de um sistema de produção alimentar bom, limpo e justo, sustentável e descentralizado, de base agroecológica de produção, extração e processamento, de processos permanentes de educação alimentar e nutricional. É estratégico adotar a soberania e segurança alimentar como um dos eixos ordenadores da estratégia de desenvolvimento do país para superar desigualdades socioeconômicas, regionais, étnico-raciais, de gênero e de geração e erradicar a pobreza extrema e a insegurança alimentar e nutricional.

Fico contente com a posse de Maria Emília Pacheco por sua força de vontade política e clareza de que é preciso fortalecer a capacidade reguladora do Estado, tanto na regulação da expansão das monoculturas, como no banimento imediato dos agrotóxicos que já foram proibidos em outros países, incluindo os que foram utilizados em guerras, como o glifosato. E dar um o fim aos subsídios fiscais, rotular, obrigatoriamente, todos os alimentos transgênicos, assegurando o consumidor o direito à informação. Investir na agricultura familiar e camponesa é eixo fundamental que deve estar na prioridade do governo. Ela gera emprego e renda para milhões de pessoas, estimula a produção de alimentos e a diversidade de culturas, respeita tradições alimentares e preserva a natureza, fixa o homem no campo e fortalece as economias locais e regionais.

Desejo que a proposta da Política Nacional de Agroecologia e Sistemas Orgânicos de Produção, em processo de elaboração por um grupo interministerial, seja amplamente aprovada a aplicada para garantir a proteção da agrobiodiversidade e de iniciativas como a conservação de sementes crioulas, os sistemas locais públicos de abastecimento, circuitos curtos de mercado e mercado institucional. É vencendo esses passos que um país deveria orgulhar-se de ser líder mundial na produção de alimentos.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Europa: produção e consumo de vinho orgânico registram expansão

Terra - Economia - 05/04/2012

Os alimentos produzidos sem pesticidas e fertilizantes são um segmento de mercado de forte crescimento na Alemanha e na Europa. Isso se evidencia também no setor de vinhos. Nos últimos quatro anos, a área cultivada da viticultura orgânica quase dobrou na Alemanha, chegando a cerca de 5 mil hectares de vinhedos. "Isso representa em torno de 5% da área total de vinhedos", disse Ernst Büscher, do Instituto Alemão do Vinho (DWI, na sigla em alemão), com sede em Mainz.

"A marca ''orgânico'' é hoje um valor agregado que os consumidores levam para casa. Eles estão aliados a um conceito de alta qualidade, além de contribuir para uma produção ecológica de alimentos", diz Büscher.

A crescente demanda fortalece viticultores orgânicos e associações. Isso ficou claramente visível na última Prowein, importante feira internacional de vinhos em Düsseldorf. A presença dos fornecedores de vinhos orgânicos nunca foi tão grande, e pela primeira vez eles foram reunidos num pavilhão próprio.Leia mais ...


terça-feira, 3 de abril de 2012

Uva orgânica ganha destaque na Festa Nacional de Caxias do Sul

Gastronomia Sustentável


 


A busca cada vez mais intensa por alimentos sustentáveis determinou que, na edição da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul neste 2012, a uva orgânica tenha recebido um destaque especial. A filosofia defendida pelos agricultores da serra gaúcha que apostam nesse tipo de cultivo das videiras tem sido recompensada e feito aumentar o universo de consumidores conscientes e preocupados com a sustentabilidade.

Até prêmio a uva orgânica ganhou nesta que é a maior festa do País e que se repete a cada dois anos desde 1931. No último sábado a Comissão Julgadora designada pelos organizadores do evento – que começou no dia 16 de fevereiro e encerra em 4 de março – elegeu dentre os 320 produtores inscritos, 27 campeões. Três deles, do 1º Distrito de Caxias, foram distinguidos pelo conjunto de variedades de uva orgânica - ou em transição para orgânica.




Esses expositores ganharam uma viagem para as regiões vitivinícolas da Argentina e do Chile, junto com aqueles outros premiados que foram destaque no cultivo das variedades isoladas. São essas variedades: Bordô, Isabel, Niágara branca, Niágara rosada, Lorena, Moscato Embrapa, Moscato branco, Cabernet Sauvignon, Merlot, Itália e Rubi.
Os jurados observaram, para chegar a uma decisão sobre os melhores – seguindo orientações pré-estabelecidas pelos organizadores – , aspectos como o padrão varietal e comercial, sanidade, uniformidade de maturação e tamanho das bagas. No caso dos conjuntos orgânicos, atenção ainda mais detalhada para a obrigatória ausência de resíduos e impurezas, além de critérios como o efeito visual e a distribuição espacial dos cachos no painel onde foram expostos.

Aliada a essa idéia defendida pelos agricultores de que é preciso apostar no cultivo orgânico está o sonho de recuperar o antigo método de manejo das videiras, resgatando a cultura trazida para a serra gaúcha pelas primeiras famílias de imigrantes italianos, que lá chegaram em 1875. Já no ano passado, em palestra na qual defendeu esse projeto, o coordenador técnico da Cooperativa Nova Aliança, Rodrigo Formollo, destacou que além da procura cada vez maior pela uva orgânica, outro motivo que está levando os produtores a apostarem no sustentável é a rentabilidade.

Disse Formollo: "O valor pago pela produção orgânica pode ser até 65% superior à fruta convencional. Além disso, produzindo os próprios insumos, o agricultor reduz os custos de produção. Exemplos disso são os biofertilizantes
caseiros preparados a partir de insumos minerais e até de cinza de fogão".





Superfesta valoriza ainda mais a uva orgânica

A Festa Nacional da Uva é o maior evento especializado no produto do Brasil. A edição deste ano, a 29ª, ganhou aspecto ainda mais grandioso pelo número de produtores envolvidos, atrações gastronômicas, número de funcionários, olimpíadas temáticas, além dos inúmeros shows atendendo as mais diversas preferências dos milhares e milhares de visitantes.

O Parque de Eventos da Festa da Uva possui hoje 370mil m2, espaço inimaginável naquele 1931, quando alguns poucos produtores se reuniram para expor seus produtos no Círculo Operário da cidade. Trabalhando para o sucesso do evento neste 2012 estão cerca de 5 mil pessoas. "Essa festa é o canal por onde se expressa a personalidade de Caxias do Sul", afirmou neste último final de semana a historiadora Tânia Toneto.

Ela tem se dedicado a resgatar e manter filmes antigos, fotos, objetos, que até domingo, dia de encerramento, estarão expostos no gigantesco espaço da Festa. "Mas ainda tempos muito a resgatar", lembrou Tânia.

O evento deste ano ganhou, como tema, evento deste ano ganhou, como tema, "Uva, Cor, Ação! – A Safra da Vida na Magia das Cores". Uma alusão à primeira transmissão de tv à cores ocorrida no Brasil, em 1972, justamente durante a Festa Nacional da Uva. A história registra que, naquele ano, havia uma dúvida se as primeiras imagens coloridas seriam as do evento em Caxias do Sul ou do carnaval carioca.

"Como o ministro das comunicações da época era caxiense, ele puxou a brasa para o nosso assado", contou, em entrevista à RBS TV, a caxiense Luiza Iotti, que participou daquele desfile, então com 14 anos de idade. Como ninguém
tinha dinheiro para comprar uma TV colorida naquele tempo, já que era uma grande e cara novidade, "todo mundo colocava papel celofane na frente da tela, para ver se conseguia dar cores às imagens", acrescentou, rindo.
Ela calcula que, aos valores atuais, uma TV à cores custaria o equivalente, agora, a R$ 5 mil. Na época a transmissão pioneira foi feita pela Tv Difusora, emissora independente local.

Aceitação da uva leva ao vinho orgânico

O caminho parece traçado. Com o destaque alcançado pela uva orgânica, vem aí o vinho consequentemente dela. Com menos química nos parreirais, livre de pesticidas, embora todos os entusiastas da proposta saibam que será um processo lento e gradual.

A ausência dos pesticidas, herbicidas e fungicidas torna o vinho orgânico mais encorpado. Sua aceitação, entretanto, não ocorrerá tão facilmente. O conceito pró-ambiente, a certeza de que se trata de uma alternativa mais saudável e ecologicamente correta, não é suficiente para mudar enraizados hábitos dos apreciadores da bebida.
Mas nos últimos tempos se reforça a defesa dos produtos naturais, como já disse o professor Juliano Caravaglia, do campus Bento Gonçalves do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
Segundo ele "Há uma tendência internacional irrevogável. Em termos de saúde preventiva, a alimentação orgânica deveria ser compulsória".

Para o especialista, é fundamental que se invista mais em pesquisas, pois o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) não tem sequer estatísticas sobre o cultivo de uvas orgânicas no Brasil, muito menos números precisos sobre quantas garrafas de vinho orgânico brasileiro são colocadas no mercado a cada ano.

Artigo escrito por Nico Noronha, jornalista, com passagem pelo jornal Zero Hora de Porto Alegre e portal UOL.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Inverter o olhar

Amor ao solo e sua recuperação. Segundo Alberto Machado neste vídeo "em vez de querer produtos enormes, precisamos inverter o olhar devemos querer muita vida e muita disponibilidade de vida no solo". Vale a pena assistir: 



Informações: soapasto@ism.com.br - (21) 9988-8607  e (24) 9956-9798.

terça-feira, 8 de março de 2011

Perguntas e respostas


Fernando Ataliba

1. Por que alguns agricultores usam agrotóxicos e outros não?
É importante dizer que os agricultores que usam agrotóxicos não são vilões, não o fazem por mal, mas foram vítimas da campanha que as multinacionais, juntamente com os governos, orquestraram para criar uma dependência dos agricultores em relação à indústria. Por décadas os governos emprestavam dinheiro (com juros subsidiados) para os agricultores, desde que este dinheiro fosse gasto com agroquímicos industriais. As instituições de pesquisa, incluindo as universidades, tiveram e ainda têm suas pesquisas financiadas pela indústria química. Poucos agricultores em todo o mundo conseguiram ficar fora desta onda. Entretanto, constatou-se que esta forma de plantar provoca diversos tipos de doenças (entre as quais o câncer); contamina as águas subterrâneas, os rios e os lagos; contamina e destrói a fertilidade dos solos e provoca outros males. Foi então, que teve início a valorização daqueles que aplicam uma agricultura que respeita a natureza.


2. Frutos grandes e bonitos indicam o uso de agrotóxicos?
Não. O que determina o tamanho e a aparência de um fruto é, preponderantemente, sua genética. O fruto que recebe uma nutrição correspondente a suas necessidades vai desenvolver seu potencial genético. Muitas vezes frutos pequenos e tortos indicam plantas subnutridas. No sistema convencional podem indicar plantas intoxicadas por agrot óxicos.


3. Como saber se o produto que estou comprando é realmente orgânico?
Quem garante o produto orgânico são as certificadoras, órgãos não governamentais que realizam inspeções periódicas nos produtores e atestam que todas as normas estão sendo respeitadas. Portanto, o consumidor pode confiar nos produtos com o selo de uma das certificadoras id ôneas que atuam no país.


4. Qual é a semelhança entre produtos orgânicos e produtos hidropônicos?
Nenhuma. A agricultura orgânica e a hidroponia seguiram tendências opostas na agronomia. Os agricultores orgânicos procuram uma reaproximação da natureza, enquanto os hidropônicos optaram por um afastamento radical, com métodos tão antinaturais como a supressão do solo e a nutrição pela adição de nutrientes químicos solúveis à água. Os produtos hidropônicos podem receber tanto, ou mais, agrotóxicos quanto os produtos da agricultura convencional.


5. Por que os produtos orgânicos custam tão caro?
Nesta pergunta está embutido o preço dos produtos convencionais como parâmetro. Na verdade, os preços dos produtos convencionais oscilam bastante em função da oferta e da procura. Já os produtos orgânicos seguem preços de tabela mais estáveis. Há momentos em que o preço dos convencionais ultrapassa bastante o dos orgânicos. Há, porém, dois fatores importantes para elucidar a questão. Em primeiro lugar, os produtos convencionais são muitas vezes vendidos a preços inferiores aos custos de produção, com conseqüências desastrosas para os agricultores e para toda a sociedade. O segundo fator diz respeito aos preços nos supermercados. Por alguma razão que só os supermercadistas podem explicar, os produtos orgânicos estão entre os itens que contêm as maiores margens de lucro para estas lojas.


6. Quais são os alimentos convencionais mais contaminados por agrotóxicos?
O grande problema da agricultura convencional é que não sabemos o que estamos comendo. Tanto podemos estar comendo um alimento não contaminado, como podemos estar comendo substâncias altamente nocivas à saúde. Qualquer alimento convencional pode estar gravemente contaminado.


7. Existem técnicas seguras para descontaminar um alimento convencional?
Não. A única técnica segura de descontaminação ocorre em relação a coliformes, quando deixamos os alimentos de molho em cloro ou vinagre. Entretanto, quanto aos agrotóxicos não há nenhuma segurança. Não adianta retirar a casca, nem supor que os tubérculos, por estarem embaixo do solo, estão seguros. Alguns dos agrotóxicos mais perigosos são sistêmicos e estão na seiva de toda a planta.


8. Frutas e hortaliças orgânicas também precisam ser lavadas?
Sim. Higiene não tem nada a ver com contaminação por agrotóxicos. Os produtos orgânicos, principalmente aqueles que são consumidos crus, foram manipulados, armazenados e devem receber os mesmos cuidados higiênicos como qualquer outro produto.


9. Para que servem as estufas na agricultura orgânica?
Basicamente, as estufas seguram os raios solares aumentando o efeito sobre os vegetais. Vale lembrar, que os raios solares são a principal fonte energética dos vegetais, para o processo de fotossíntese. Na agricultura orgânica existem ainda outras razões para o uso de estufas. Por ser um ambiente controlado, podemos manter, dentro da estufa, as melhores condições de conforto ambiental (temperatura, umidade do ar e vento) para as plantas, aumentando sua resistência natural às pragas e às doenças.


10. O que é adubação verde e para que serve?
A adubação verde é o plantio de diversas espécies vegetais intercalado ou concomitante às culturas comerciais. Com a adubação verde a agricultura orgânica procura imitar o que ocorre nas florestas naturais: diversificar os tipos de vegetação no solo, diversificar os tipos de microrganismos no solo, adicionar matéria orgânica ao solo, interromper o ciclo de pragas e doenças etc.


11. O que é compostagem e para que serve?
A compostagem também imita os processos da natureza. Assim como ocorre nas florestas naturais, buscamos, com a compostagem, reciclar a vida. A matéria orgânica obtida dos restos de processos agrícolas, industriais ou residenciais precisa sofrer um processo de compostagem (fermentação) que pode ser acrescido de minerais e voltar ao solo, devolvendo a ele o que lhe foi retirado.


12. Qual é a diferença entre melhoria genética e os transgênicos?
Há milhares de anos os homens realizam melhoramento genético. Onde quer que o homem tenha praticado agricultura neste planeta, ele adaptou espécies e reforçou características interessantes. Recentemente, a engenharia genética descobriu como transplantar genes de uma espécie para outra. Enquanto a melhoria genética é semelhante à seleção natural, os transgênicos são uma aberração das leis da natureza. Retiram um gene de um animal ou de uma bactéria para implantá-lo em um vegetal ou vice-versa, tudo isso atendendo aos interesses das grandes empresas multinacionais que procuram incrementar os lucros investindo nesse tipo de pesquisa.


13. O movimento orgânico é retrógrado ao negar avanços científicos como os transgênicos?
O desenvolvimento científico não é neutro, ele é motivado por algum tipo de ideologia ou interesse. O movimento orgânico valoriza muito o conhecimento científico como meio de conhecer os processos da natureza e saber como reproduzi-los em nosso benefício. Encontramos na natureza uma sabedoria infinita da qual somos fruto, como espécie. Já a agricultura que surgiu com os agroquímicos e hoje atingiu seu ápice nos transgênicos tem uma postura arrogante diante da natureza, achando que os homens podem melhorá-la. Assumem uma postura prepotente ao transformar as leis que regem toda a vida do planeta. Os orgânicos têm uma postura humilde, de aprendizado.


14. Conseguiríamos matar a fome da humanidade 
se os agrotóxicos e os transgênicos fossem proibidos?
Na verdade, somente se os agrotóxicos e os transgênicos forem proibidos encontraremos um caminho para acabar com a fome no mundo. Ao contrário do que dizem, as grandes monoculturas — que só são viáveis com o uso de grandes máquinas, muitos agrotóxicos e adubos químicos (e agora transgênicos) — retiraram o sustento de milhões de pequenos agricultores em todo o planeta. Como a indústria, o comércio e as demais atividades urbanas não são capazes de absorver este enorme contingente populacional, ficam eles excluídos da economia globalizada e condenados a viver de caridade ou a passar fome. As técnicas agrícolas atuais exigem um enorme investimento, o que restringe a produção de alimentos a poucos. Sem os agroquímicos, transgênicos e enormes máquinas agrícolas, poderíamos reabsorver a mão-de-obra excedente na agricultura. Em pequenas e médias propriedades, com a utilização de técnicas já comprovadas pela agricultura orgânica, poderíamos produzir alimentos mais saudáveis, econômica e ecologicamente sustentáveis e acolher os excluídos.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O supermercado é político




Por: Samantha Buglione - Jurista e professora/ buglione@antigona. org.br


Falar que o "supermercado é político" é dizer que o mais privado dos atos, o de buscar alimento e garantir necessidades primárias, não se encerra na hora de pagar a conta. A escolha do produto até pode se dar por razões econômicas, busca de qualidade ou, ainda, ideologia. Contudo, ao escolher um produto também se escolhe, querendo ou não, uma forma de produção, um tipo de relação de trabalho, um determinado impacto ambiental. Em suma, comprar algo é trazer para casa, além do produto, a sua cadeia de fabricação e as conseqüências. Ignorar esses fatores é se proteger de dois elementos do conhecimento: liberdade e responsabilidade.

Dados de recentes pesquisas demonstraram que produtos orgânicos possuem mais nutrientes que os alimentos da produção linear. Ou seja, não é apenas uma questão de quantidade, mas de qualidade. Pode até ser que a agricultura orgânica não produza tanto quanto a linear, mas alimenta mais. O artigo "Comparação da qualidade nutricional de frutas, hortaliças e grãos orgânicos e convencionais”, publicado no "Jornal de Medicina Alternativa”, relata que produtos orgânicos, em média, contêm 29,3% mais magnésio, 27% mais vitamina C, 21% mais ferro, 26% mais cálcio, 11% mais cobre, 42% mais manganês, 9% mais potássio e 15% menos nitratos. Indo mais além, conforme relatório do "Environmental Group", atualmente, ao completar um ano de vida uma criança já recebeu, por conta do consumo de alimentos convencionais, a dosagem máxima aceitável pela Organização Mundial de Saúde de oito pesticidas altamente carcinogênicos para uma vida inteira.

Além das questões nutricionais, alimentos orgânicos e de agricultura familiar contribuem para a empregabilidade no campo. O que evita o êxodo rural, e, por conseqüência, o aumento de favelas em centros urbanos.

Um outro dado importante é que quem produz alimento para o brasileiro não é a produção convencional ou linear ou o agronegócio, mas a agricultura familiar e orgânica. Mais da metade do feijão vem da produção familiar; no caso do arroz, mais de um terço; e, da mandioca, 90%. Essas são algumas informações que demonstram a importância do setor na economia brasileira, um setor responsável por uma média de 10% do produto interno bruto (PIB) nacional, conforme dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.

E, mais, o que realmente alimenta é a produção de grãos, vegetais e hortaliças. A carne de suínos, aves e bovinos não é o alimento mais completo em nutrientes ou que vai estar na mesa de todos os brasileiros. O Brasil é campeão de exportações. E Santa Catarina orgulha-se dos seus números. No entanto, ao exportar a carne produzida por aqui também se exportam a água potável, os milhões de hectares utilizados para alimentar os animais, as florestas queimadas. A única coisa que fica são os resíduos. A Epagri de SC revela que as fezes dos 5,6 milhões de suínos que existem no Estado produzem 9,7 toneladas de dióxido de carbono por dia. Para 1 kg produzido de carne de suíno ou bovino é gerado o equivalente a 8 kg de excremento. Imagine levar tudo isso para casa ao comprar um inocente pacotinho de presunto para o sanduíche? Não levamos.

Desde 2005, no Brasil, há mais bois e vacas que homens e mulheres, 200 milhões de bovinos ocupam um espaço três vezes maior do que toda a área cultivada no País e consome quatro vezes mais água.

Se for uma questão de aumento da riqueza nacional e de estratégia para matar a fome dos brasileiros, a nossa matemática não está bem certa. Afinal, o agronegócio nem emprega tanta gente assim e os custos ambientais com a poluição de rios, solo, mananciais e emissão de metano são revertidos ou para o preço final do produto ou para o Estado, que terá mais gastos com saúde e políticas para despoluição. Aí, quem paga a conta somos todos nós, querendo ou não, sabendo ou não.

Foi-se o tempo em que comprar mandioquinha, feijão ou ovos era só comprar mandioquinha, feijão ou ovos. Quando se leva ovo para casa, o da produção convencional, se está chancelando, incentivando e financiando um processo que trata animais como coisa; que ignora que sentem dor e que possuem uma forma própria de viver a vida. Além de fazê-los viver de forma confinada e sendo alimentados com uma ração que contêm tantos aditivos que os transformam mais em uma pasta química do que em um ser vivo.

Nem o peitinho de frango se salva.

Ir ao supermercado é fazer política. É fazer escolhas. É dizer que tipos de produção de alimentos querem e que tipos de empregos querem financiar. O ato de escolher e comprar o que se vai consumir pode ser silencioso, mas é muito poderoso.

Alimentos que parecem saudáveis, mas não são

Fonte: FOREVER YOUNG Por Sandra M. Pinto  14:51, 6 Maio 2022 Conheça-os aqui e ponha-os de lado Peito de peru processado:  Tem uma grande qu...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Feiras Orgânicas