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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Consumidor ganha nova feira de produtos orgânicos no DF

Feira da Estação Biológica fica no final da Asa Norte, perto da Emater.
Consumo e produção de orgânicos têm aumentado no DF.
Do G1 DF

Foi inaugurada no início da tarde desta quinta-feira (9) a Feira Orgânica da Estação Biológica, que funcionará no final da Asa Norte, perto da Emater, nas tardes de quinta-feira, das 12h às 18. Os vendedores desta feira não utilizam nem agrotóxicos e nem adubos químicos sintéticos. Os consumidores irão encontrar na feira hortaliças, grãos frutas e processados.

No Distrito Federal, existem 180 propriedades rurais que produzem alimentos orgânicos e empregam 600 pessoas. A produção anual de frutas e hortaliças é de quatro mil toneladas. A expectativa, segundo a Secretaria de Agricultura, é que esse número cresça 40% até 2012.

“O consumidor pode comprar produtos nestas feiras orgânicas com preço muito próximo ao da agricultura tradicional. E ainda ganha na qualidade nutricional”, afirmou a bióloga Alba Evangelista.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Não existe comida ruim, e, sim, maus hábitos

Fonte: Folha PE

Estudos apontam que orgânicos podem não ser mais nutritivos que processados
Por: Juliana Almeida, de Diversão & Arte em 01/01/18 

Questionamentos sobre itens industrializados são recorrentes Foto: Da editoria de Arte

Se somos aquilo que comemos, é melhor escolher bem o que vamos ingerir. Com essa preocupação em mente, muitas pessoas têm procurado um estilo de vida mais natural, consumindo menos produtos industrializados e procurando mais os orgânicos.

Segundo o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), os alimentos orgânicos correspondem a 1% do mercado no Brasil. “É um mercado que vem crescendo 10% ao ano. É um incremento expressivo, porém sobre uma base pequena”, comenta o pesquisador e geneticista do ITAL, Airton Vialta.

O grupo, ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, realizou uma pesquisa recente que aponta que os alimentos orgânicos, embora mais caros, não apresentam maior valor nutricional do que os demais. “De maneira geral, do ponto de vista científico, não podemos dizer que os alimentos orgânicos são mais nutritivos ou saborosos que os convencionais”, afirmou.

Porém, a produção com defensivos naturais foi defendida pela nutricionista Isis Graziela. “Sabe-se que agrotóxicos estão ligados ao aumento do risco de câncer e outros males. Então, se você pode escolher, é melhor optar pelo mais natural possível”, argumenta.
Para Vialta, nenhum é melhor que o outro desde que sejam feitas de acordo com as boas normas. “Não comparamos um produto com outro, mas o universo dos orgânicos com o universo dos produtos convencionais. E, se forem produzidos com normas de segurança, tanto um quanto o outro servem ao consumidor”, defende. ?!?!?

“Há uma tendência de as pessoas se polarizarem, mas não tem como produtores de orgânicos produzirem em larga escala a ponto de suprirem a demanda toda”, pondera.

O instituto lançou um site que defende os benefícios dos alimentos processados. No portal, eles afirmam que até 2050, 70% dos alimentos mundiais vão ser produzidos através de melhorias tecnológicas.

Para Graziela, devido à possibilidade permanente de irregularidades na fiscalização, uma defesa do consumidor é conhecer de perto os produtores, saber como ocorre o processo. “No mais, num mercado, é fundamental olhar as embalagens.

Procure aqueles que têm nomes de ingredientes que você conheça. Os nomes mais complicados costumam ser químicos, corantes e aditivos”, ensina.

Nota do Blog Alimento Puro:
"Não apresentam maior valor nutricional do que os demais". Supondo, eu disse, SUPONDO, que isso seja verdade, e o não envenenamento do solo? E a saúde dos agricultores? E a água, os animais, a biodiversidade que é protegida? E a saúde do consumidor? Tudo isso não vale a pena?

Mais caros? Nos supermercados é claro! As feiras orgânicas estão aí com preços bem competitivos e ainda por cima com produtos bem fresquinhos.
Vamos pensar melhor sobre essas pesquisas que nos levam a pensar torto?

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Carioca terá alimento mais saudável e barato na mesa

Fonte: Sinfazerj

Com investimento em produtos orgânicos na Ceasa, agricultores esperam baixar preços em 10%. Levantamento aponta que 80% das empresas são familiares


Rio - O Rio terá seu primeiro mercado de alimentos orgânicos, aqueles cultivados sem produtos químicos, como as hortaliças que já são encontradas nos supermercados. A iniciativa pretende incentivar o segmento e tornar o produto, no mínimo, 10% mais barato. A proposta faz parte da modernização da Central de Abastecimento do Rio (Ceasa), em Irajá. De acordo com um levantamento inédito, 80% da produção vendida no local são de empresas familiares. 
O Pavilhão Orgânico será montado em uma área de 348 metros quadrados. As etapas para instalação do centro orgânico foram discutidas no último dia 15 de julho entre técnicos da Ceasa, integrantes da Comissão da Produção Orgânica do Rio (CPOrg) e de associações ligadas ao setor. A inauguração do espaço deve acontecer até o fim deste ano.
“Nós queremos fazer um grande mercado atacadista com esses alimentos para baixar os preços dos produtos”, adianta o coordenador do escritório Zona Norte do Sebrae, Leandro Marinho.
Segundo o consultor, a demanda do produto orgânico é grande, mas a ausência de mais estímulos faz o alimento ter preço elevado. 

“Na Zona Norte, por exemplo, não há referências de estabelecimentos de produtos orgânicos, apesar de haver público consumidor”, esclarece o coordenador. Os produtos orgânicos são mais caros do que os convencionais em função do maior trabalho com os alimentos, explica a presidenta da União das Associações e Cooperativas de Pequenos Produtores Rurais do Estado do Rio de Janeiro (Unacoop), Maria Helena Timóteo dos Santos. 
“O cultivo do produto orgânico precisa de um cuidado especial, como um filho recém-nascido”, compara. “Se o segmento for incentivado, acredito que, de início, o preço pode ficar 10% mais baixo em comparação ao preço atual”, afirma. “Se o consumidor final for até a Ceasa, o desconto pode ser maior, porque não há o preço do frete”, acrescenta.
Segundo dados do programa de Assistência Técnica e Extensão Rural, o estado tem 20 mil produtores com a Declaração de Aptidão ao Pronaf, que dá ao agricultor familiar o acesso à políticas públicas de incentivo. Desse total, dois mil têm potencial para o sistema orgânico. Isso significa que 10% dos agricultores podem migrar para modalidade alternativa. 
Para investir em negócios de orgânicos, as empresas se mostram preparadas juridicamente. Segundo levantamento do Sebrae feito em junho, 98% das microempresas são formalizadas e 99,2% das de pequeno porte estão na mesma situação. Por outro lado, a maioria dos empreendedores individuais (60%) é informal. “Temos a possibilidade de formalizar todos. Também queremos regularizar os trabalhadores que encaixotam os produtos e os carregadores, além do entorno do mercado”, diz Marinho. 
A maioria das empresas atende até 500 clientes por dia e 23% chegam a mais de mil. Diariamente, 47% comercializam até R$ 5 mil, e 20% superam R$ 20 mil em suas vendas diárias. Em um levantamento mensal, 19,3% superam R$ 500 mil em suas vendas e 9,7% ultrapassam R$ 1 milhão. A média de funcionários formais que trabalham na Ceasa é de 15 trabalhadores, e a de informais é de 3. Contudo, 61,1% das empresas não têm interesse em ampliar o número de pessoal.
Produtos frescos o ano todo
Outro ganho em prol da agricultura foi a recuperação do Pavilhão 30, que vai destinar 80% do espaço para o fomento da agricultura familiar, permitindo a comercialização gratuita para os produtores. Desde maio, a Ceasa assumiu diretamente o pavilhão, concedendo a facilidade para estimular as vendas. 
Ainda pensando no agricultor familiar, a Ceasa inaugurou em abril deste ano, no mercado de Irajá, o Pavilhão de Produtos Sazonais. O espaço ocupará uma área de 1.710 metros quadrados e será usado para a venda de produtos de todo o Estado do Rio que estejam na safra. 
A criação de um local específico para esse grupo era uma antiga reivindicação dos agricultores, que enfrentavam as dificuldades de vender sua produção sob sol e chuva. Os produtores comemoraram e já batizaram a área como “pavilhão da couve-flor”, por conta do produto que é vendido, praticamente, o ano todo. 
Mas para esse sucesso, os pequenos receberam auxílio do Sebrae. Foi o que aconteceu com Azildo Pereira Genevy, produtor rural em Santo Antônio de Pádua, que já colhe frutos de uma boa safra. Antes, Azildo só plantava tomates e fazia uso indiscriminado de agrotóxicos em sua plantação. “Depois da orientação, passei a plantar hortaliças, legumes e frutas”, explica Azildo. “Minha renda aumentou e até ampliei minha casa (de quatro para nove cômodos). Agora quero comprar uma caminhonete”, planeja o produtor.
Restaurantes já compram orgânicos
Foi lançado no último sábado o programa Parceiro do Agricultor. A iniciativa do Instituto Maniva em parceria com o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio) pretende incentivar a comercialização da produção agrícola orgânica no Rio. Apoiado pelo governo do estado e prefeitura, o projeto tem o objetivo de fortalecer o papel dos agricultores familiares que, muitas vezes, têm dificuldades de vender diretamente seus produtos nos centros urbanos.
“Este programa possui uma lógica reversa. O sistema atual é focado na oferta e não na demanda. Queremos agora estimular os restaurantes a participarem desta iniciativa”, explica a chef de cozinha Teresa Corção, fundadora do Maniva. 
Agricultora orgânica familiar, Fátima Anselmo fornece seus produtos a vários restaurantes cariocas. “Acredito que este programa fortalecerá a agricultura familiar em todo o estado. Isso dará condições aos agricultores de vender seus produtos e de se manter no campo. Vendo para vários restaurantes da alta gastronomia no Rio de Janeiro”, conta Fátima. Segundo ela, o Circuito de Feiras Orgânicas tem sido fundamental para ajudar os produtores. “Estamos chegando diretamente ao consumidor”, diz.
Fonte: O DIA Online

terça-feira, 25 de junho de 2013

Festa junina transgênica


Transgênicos IDEC

É no mês de junho que acontecem as tão típicas e esperadas festas juninas, com suas danças, roupas típicas e comidas únicas. Pensando nisso, o IDEC realizou uma pesquisa, avaliando a rotulagem de alimentos à base de milho usados para preparo de comidas tradicionais de festa junina.

A pesquisa do IDEC avaliou se o direito à informação ao consumidor está sendo cumprido em relação à presença de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) nos alimentos, principalmente em relação ao acesso à informação correta nos rótulos e se os estabelecimentos comerciais cumprem a legislação estadual de São Paulo sobre a disposição de alimentos transgênicos. A pesquisa foi realizada em duas partes:

1) Foram avaliadas quatro marcas diferentes (Mestre Cuca, Hikari, Yoki, Kisabor) de cinco produtos à base de milho (farinha de milho amarela, fubá, milho para pipoca, milho para pipoca de micro-ondas e canjica de milho branca). Os produtos foram avaliados em relação à presença do símbolo transgênico, de uma das expressões que devem acompanhar o símbolo e da espécie doadora dos genes nos rótulos de todos os produtos (conforme Decreto Federal nº 4.680/2003, Lei Estadual nº 14.274/2010 e Portaria nº 2.685/2003 do Ministério da Justiça). Quando necessário, foi realizado contato com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) dos fabricantes;

2) Foram visitados sete estabelecimentos comerciais da cidade de São Paulo, que foram avaliados em relação à segregação dos produtos transgênicos nas prateleiras, bem como o aviso correspondente.

Na ausência de indicação no rótulo da presença ou ausência de OGMs, foi realizado o contato com o SAC dos fabricantes solicitando a comprovação de que os produtos não contém transgênicos. Outro ponto importante foi a avaliação sobre a maneira que a informação sobre OGMs está sendo transmitida, ou seja, a presença de práticas de disfarce das informações, como por exemplo:
- Se o Símbolo T está em local e tamanho adequados, segundo disposto na legislação;
- Se a descrição obrigatória da espécie doadora está presente, segundo disposto na legislação;
- A presença de mensagens que podem confundir o consumidor, como “Aprovado pela CTNBio” abaixo do Símbolo T.
Foi verificado nos estabelecimentos comerciais o cumprimento da Lei Estadual nº 14.274/2010, sobre a disposição em local específico dos produtos alimentícios com OGM, de modo a não confundir os consumidores.

“A pesquisa é de grande importância para o consumidor, pois a informação é essencial como meio de garantir aos cidadãos seu poder de escolha, que já foi declarado em diversas pesquisas de opinião. Tendo como pressuposto a vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo, o CDC (Código de Defesa do Consumidor) garante o direito à informação, impedindo que as falhas no mercado de consumo que prejudicam ou negam informações claras, completas e adequadas aos consumidores limitem sua liberdade de escolha. Para o consumidor, esse direito é garantido em duas etapas: a primeira e mais importante, precede a compra com a publicidade e/ou embalagem do produto e a segunda é no momento de aquisição. Em ambos os casos, o rótulo dos produtos é fundamental”, explica a pesquisadora em alimentos do Idec, Ana Paula Bortoletto Martins.

Resultados
Entre as cinco categorias de produtos estudados, constatou-se que todas as marcas de farinha de milho amarela e de fubá são produzidas com milho transgênico. Dentre as quatro marcas de farinha de milho e de fubá analisadas, duas foram reprovadas em relação à adequação da rotulagem de alimentos transgênicos (Mestre Cuca e Yoki) por não apresentarem a informação da espécie doadora na embalagem.

Em relação ao milho para pipoca e ao milho para pipoca de micro-ondas, três das quatro marcas declararam no rótulo não ser de origem transgênica. A única empresa que declarou possuir milho transgênico informou de forma correta no rótulo (Kisabor). Ao entrar em contato com o SAC das empresas, a Hikari informou que garante que o milho não será transgênico até o final de 2013. A Yoki informou que todos os produtos da marca são transgênicos, porém não possui nenhuma informação no rótulo; por isso, foi reprovada na análise da rotulagem.

Duas das quatro marcas de canjica branca declararam possuir milho de origem transgênica (Kisabor e Hikari) e foram aprovadas na análise da presença de informações sobre transgênicos no rótulo. A Yoki foi reprovada novamente, por não declarar no rótulo que o produto é transgênico, porém o SAC declarou o contrário. A marca Mestre Cuca declarou tanto no rótulo quanto no SAC que o produto não é transgênico e, por isso, foi aprovada.

MarcaProdutoInformação sobre a
presença de transgênicos
Mestre Cucatransgênico: farinha de milho amarela e fubáreprovada
não transgênico: milho para pipoca e canjicaaprovada
Yokitransgênico: farinha de milho amarela e fubáreprovada
não transgênico: milho para pipoca e canjicareprovada
Hikaritransgênico: farinha de milho amarela, fubá e canjicaaprovada
não transgênico: milho para pipoca e canjicaaprovada
Kisabortransgênico: farinha de milho amarela, fubá, milho para pipoca e canjica transgênicosaprovada


A FFAMM, responsável pela marca Mestre Cuca, informou que: “Em relação a falta de informação do gene doador. esclarecemos que foi devido a uma questão técnica de interpretação, entretando, esta informação já estará constando em nossos próximos lotes de embalagens(sic)“. YOKI não localizou o e-mail nem a resposta obtida pelo SAC da empresa e ainda informou que “nem todos os produtos à base de milho fabricados pela empresa são transgênicos”. As empresas Hikari e a Kisabor não enviaram resposta até a data de fechamento da pesquisa.

Conclui-se, portanto, que a legislação referente à informação da presença de OGMs nos alimentos não está sendo cumprida por parte das empresas de produtos derivados de milho. Os problemas encontrados foram: a ausência da declaração no rótulo de que o produto é transgênico e a ausência da informação da espécie doadora dos genes.
Em relação ao cumprimento da Lei Estadual nº 14.274, todos os estabelecimentos estavam em desacordo, ou seja, não apresentavam segregação de alimentos com ou sem OGMs.

Vale ressaltar que não foi realizada a análise laboratorial da presença de organismos geneticamente modificados para a comprovação de que o que foi declarado pelas empresas está correto. A pesquisa baseou-se no princípio da boa-fé das empresas em cumprir a legislação referente ao direito à informação sobre a presença de OGMs nos alimentos.

Quanto à observação dos estabelecimentos comerciais, nenhum dos sete supermercados da cidade de São Paulo (Zona Oeste) visitados pela equipe técnica do Idec cumpria a Lei Estadual nº 14.274/2010, sobre a disposição dos produtos alimentícios com OGM. Os estabelecimentos foram visitados no mês de maio de 2013.

O consumidor deve ficar atento às informações sobre a presença de transgênicos dos rótulos dos produtos, principalmente à base de milho e de soja. Participe e divulgue a Campanha: Diga não ao fim da rotulagem de transgênicos!

O Idec e os Transgênicos
Transgênicos são alimentos modificados geneticamente com a alteração do código genético, isto é, são inseridos no organismos genes provenientes de outro. Esse procedimento pode ser feito até mesmo entre organismos de espécies diferentes (inserção de um gene de um vírus em uma planta, por exemplo) . O procedimento pode ser realizado com plantas, animais e micro-organismos. Existem riscos para a agricultura eriscos para a saúde.

Mesmo assim, no Brasil, há alimentos transgênicos autorizados para consumo. O Idec defende a rotulagem diferenciada dos alimentos transgênicos desde 1998. Para ajudar o consumidor a entender os riscos associados aos organismos geneticamente modificados (OGMs), o Idec produziu a cartilha Transgênicos: feche a boca e abra os olhos. (2010)

Campanha pela informação
Somente em 2012, cerca de 89% da soja e 76% do milho plantados no Brasil eram transgênicos, sendo que é obrigatória a rotulagem de produtos alimentícios que contenham ou sejam produzidos a partir de OGMs, com presença acima do limite de 1% do produto.

Isso está estabelecido textualmente pelo decreto federal nº 4.680/2003, mas um projeto de lei da Câmara dos Deputados (PL 4148/2008), de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze (PP/RS), propunha a não obrigatoriedade de rotulagem de alimentos que possuam ingredientes transgênicos, independentemente da quantidade.

Diante dessa ofensiva, o Idec em parceria com diversas entidades lançou a Campanha Fim da rotulagem dos alimentos transgênicos: diga não! contra a aprovação do PL 4.148/08, que entrou para votação na Câmara dos Deputados em regime de urgência em 2012.

Saiba mais:

> Mapa de feiras orgânicas
Buscando alimentos orgânicos os consumidores ficam livres de transgênicos e agrotóxicos. Procure a feira mais próxima de você.

> Entrevistas com Michael Hansen (2009 e 2010)
Doutor em ecologia e biologia evolutiva, com pós-doutorado sobre os impactos da biotecnologia na pesquisa agrícola, Michael Hansen é um dos principais cientistas da Consumers Union, maior organização de consumidores dos Estados Unidos. Em 2009, Hansen veio para um workshop organizado pelo Idec sobre biossegurança e deu uma entrevista para nossa Revista. Confira aqui. Em 2010, O especialista em biotecnologia comentou a rotulagem dos alimentos geneticamente modificados e o uso de agrotóxicos. Leiaaqui.

> Saiba tudo que o Idec faz contra os alimentos transgênicos e pela devida rotulagem destes. 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Jardim Botânico de Santos tem feira de orgânicos e cursos gratuitos

De: A Tribuna on-line


Créditos: Divulgação
Feira de Orgânicos é opção saudável para as compras
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) está com inscrições abertas para  o Curso Básico de Jardinagem e o Grupo de Horta Ecológica, no Jardim Botânico Municipal de Santos. Ambos são gratuitos.O curso de Jardinagem, com duração de um semestre, disponibiliza duas turmas: quartas ou quintas-feiras. Já o Grupo de Horta Ecológica, se encontrará sempre às terças-feiras.As atividades acontecem das 14h às 17h e as aulas já começam nesta primeira semana de agosto. Os interessados devem se inscrever pelo telefone 3209-8410 ou 3209-8418 e falar com Sandra Braga, em horário comercial. As vagas são limitadas.

O curso de Jardinagem é uma parceria entre a Semam e a Secretaria Municipal de Assistência Social (Seas) e o de Horta Ecológica com a Casa da Agricultura de Santos.

Feira de Produtos Orgânicos
Outro evento que acontece, neste domingo (4), no Jardim Botânico, é a 8ª Feira de Produtos Orgânicos, das 9h às 14h. A entrada é gratuita.A feira oferece hortaliças, frutas, laticínios, produtos de mercearia (molho de tomate, geleias, mel, refrigerante, sucos, azeites) e cosméticos orgânicos. 

Estão programadas, ainda, atividades com tai chi chuan, apresentações musicais, culinária vegana (sem produtos de origem animal) e degustação de receitas orgânicas preparadas pelo restaurante Guaiaó e o restaurante-escola Estação Bistrô. 

A Associação Beneficente Comunidade Mãos Entrelaçadas apresentará trabalhos artesanais, além de pinturas das artistas plásticas Márcia e Edna Sobral.
O endereço do Jardim Botânico Chico Mendes  é rua João Fraccaroli s/nº, Bom Retiro.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Na terra do fast-food, orgânicos transformam comunidade

De: iBahia

Ao observar um grande quintal ocioso e a falta de opções para produtos orgânicos em seu bairro, o norte-americano Will Allen, ex-jogador de basquete, de 62 anos, criou em seu terreno uma horta que produz 450 toneladas de alimentos por ano. No Brasil, 14 toneladas por hectare já são consideradas um excelente rendimento.



O projeto Growing Power ajudou a criar 50 novos empregos, produz alimentos saudáveis e integra a comunidade. Fotos: Growing Power

Ao observar um grande quintal ocioso e a falta de opções para produtos orgânicos em seu bairro, o norte-americano Will Allen, ex-jogador de basquete, de 62 anos, criou em seu terreno uma horta que produz 450 toneladas de alimentos por ano. No Brasil, 14 toneladas por hectare já são consideradas um excelente rendimento.

A horta de um hectare foi criada em um bairro popular de Milwaukee, conhecido pelas diversas opções de alimentos estilo fast-food. Allen apostou na agricultura orgânica e ajudou a gerar 50 novos empregos no estado americano de Wisconsin. A iniciativa fortaleceu os vínculos da comunidade local e aumentou a qualidade de vida de seus vizinhos, uma vez a que comercialização de produtos mais saudáveis não era comum no lugar.

Todo o terreno é utilizado para o projeto intitulado Growing Power. Uma parte vai para o plantio das 20 mil plantas e vegetais, cultivadas em seis estufas convencionais e outras de hidroponia (plantio com água). Além dos alimentos vegetais, há milhares de peixes, além de galinhas, cabras, patos, coelhos e abelhas. O ex-jogador utiliza ainda energia solar nas estufas: são 300 placas fotovoltaicas para manter os tanques de águas pluviais. A horta se mostrou um negócio rentável.




Will vende os produtos para a comunidade a preços populares e foi considerado em 2010 um dos 100 cidadãos mais influentes do planeta, pela revista Time.

“Todo mundo, independentemente da sua classe econômica, deve ter acesso à alimentação saudável, acessível, que é cultivada naturalmente"

Will Allen, líder do Growing Power

Já se sabe que aproximar o produtor de alimentos do consumidor é uma das saídas para reduzir o desperdício, baratear os custos e reduzir a quantidade de agrotóxicos durante o plantio. Por esses fatores, o idealizador do projeto foi incluído na lista de 100 cidadãos mais influentes do planeta pela revista Time, em 2010, e ganhou o Genius Grant, prêmio de meio milhão de dólares concedido pela MacArthur Foundation a pesquisadores que se destacam por seu potencial inovador.

Para a publicação norte-americana, Allen declarou: "Todo mundo, independentemente da sua classe econômica, deve ter acesso à alimentação saudável, acessível, que é cultivada naturalmente".

Dá para fazer em casa

Não é preciso ter um quintal grande e muita mão de obra para iniciativas semelhantes. O EcoD já mostrou como fazer diversos tipos e portes de hortas orgânicas em casa. Não custa caro na hora de criar e depois vai gerar economia, é bom para a saúde e o bem-estar da família, que irá ingerir alimentos mais saudáveis e livres e agrotóxicos.

O meio ambiente, por sua vez, deixará de receber produtos químicos e ter seus recursos naturais, como solo e água, explorados de forma insustentável. Outras vantagens são o aumento do contato com a natureza e a economia com feiras e supermercados.

Veja o vídeo e conheça mais sobre Will Allen e seu trabalho
EcoDesenvolvimento.org - Tudo Sobre Sustentabilidade em um só Lugar.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Orgânicos não é um “agronegocinho”

Fonte: Negócio Rural
Publicado em 25/06/22

O consumo de produtos orgânicos tem crescido nos últimos anos, principalmente durante a pandemia da Covid-19. Da mesma forma, tem aumentado a variedade de itens. Para falar mais sobre esse setor que tem atraído cada vez mais consumidores, o diretor executivo da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), Cobi Cruz, concedeu uma entrevista à Revista Negócio Rural.

De acordo com o representante da Organis, em 2020 o setor teve um salto de 30%, e a expectativa é de que a demanda se mantenha firme. “Esse setor movimenta cerca de 120 bilhões de dólares em todo o mundo, e o Brasil representa apenas 1% desse movimento financeiro. Não se trata de um ‘agronegocinho’, como dizem”, destaca.

Revista Negócio Rural – Como surgiu a Organis e quais são os objetivos da entidade?

Cobi Cruz – Temos um histórico de promover os orgânicos fora do Brasil desde 2005, em parceria com a Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a Federação das Indústrias do Paraná, já que a nossa sede é em Curitiba. Foram 12 anos levando brasileiros para fora do Brasil, montando estandes em feiras e vendendo o conceito de um Brasil orgânico.

Até que nos demos conta de que, para o Brasil crescer lá fora, precisa crescer aqui dentro. E aproveitando essa expertise, começamos a desenvolver ações no Brasil. Então, há seis anos nasceu a Organis, que é uma entidade de marketing dos produtos orgânicos brasileiros.


“Em todo o mundo, o setor movimenta 120 bilhões de dólares, e o Brasil representa 1% desse total”

Nosso trabalho é criar, viabilizar e executar ações em diferentes frentes, com o objetivo de fortalecer toda a cadeia produtiva dos orgânicos (produtores, prestadores de serviço, processadores, indústria e varejistas). Reunimos mais de 70 empresas, que oferecem mais de mil produtos criados em respeito aos princípios, valores e melhores práticas orgânicas.

Durante a pandemia da Covid-19, cresceu a procura pelos produtos orgânicos?

Em 2020, o mercado de orgânicos cresceu cerca de 30%, com uma movimentação financeira de cerca de R$ 5,8 bilhões. Ainda estamos contabilizando os dados de 2021, mas o crescimento foi menor. Infelizmente esse crescimento veio muito por uma questão do medo em relação à doença, além da busca por alimentos mais saudáveis.

Com certeza o Brasil ainda tem muito a crescer. Em todo o mundo, o setor movimenta 120 bilhões de dólares, e o Brasil representa 1% desse total. Não se trata de um “agronegocinho” como muitos ironizam. Os maiores produtores são Estados Unidos, Alemanha e França. A quarta posição fica entre Inglaterra, Canadá e Itália, e em seguida vem a China.



Eu não conheço um lugar do mundo onde o orgânico não passou a crescer. E essa pressão por saúde já acontecia antes da pandemia no mundo inteiro. E isso não tem volta. O Brasil é o celeiro do mundo e tem toda uma história agroecológica desde os anos 70, e tínhamos que estar muito mais avançados.

Muita gente que não se dispunha a pagar o preço dos orgânicos, até quem sempre criticou, mesmo tendo condições de pagar, começou a entender o valor, e consequentemente ter uma predisposição de pagar pelo seu preço.


“Se antes o consumidor olhava o produto e achava “feinho”, hoje ele tem dúvida se uma fruta bonita de fato é orgânica”

Nosso site oficial, que tinha de 10 a 12 mil visitas por mês, saltou para 25 mil durante a pandemia. Muita gente no interior do Brasil passou a querer saber como distribuir orgânicos para atender a uma demanda que surgia.

E o número de produtores de orgânicos tem conseguido acompanhar a demanda?

Mesmo com o crescimento de 30% no consumo em 2020, tivemos um aumento de cerca de 5% de novos registros no Ministério da Agricultura. Isso demonstra que os produtores estão prontos para atender a essa demanda, e alguns tiveram que triplicar ou até quadriplicar a sua produção.

Até hoje a oferta tem atendido bem o mercado, mesmo que de uma forma um pouco desorganizada. Temos o varejo, com uma certa dificuldade em achar produtores de orgânicos, e temos produtores com certa dificuldade de escoar seus produtos. O que acontece muito é que muitos produtores não têm um preparo para atender a formalidade e as exigências do varejo, e às vezes ele se frustra e passa raiva.

Quais os Estados que mais produzem orgânicos no Brasil e quais são os principais produtos?

Os Estados do Rio Grande do Sul e Paraná são os maiores produtores de orgânicos do Brasil. Em cada um desses Estados há mais de quatro mil agricultores cadastrados no Ministério da Agricultura. Esses dois lugares representam quase 30% de todas as unidades produtivas de orgânicos do Brasil.

Cerca de 70% da produção orgânica é de pequenos produtores, e depois vem os médios e os grandes. E apesar de o Brasil representar apenas 1º do mercado de orgânicos no mundo, um dado interessante é que o país é o maior produtor mundial de acerola orgânica, devido a um trabalho feito no Nordeste. E esse trabalho é feito em comunidades de várias cidades.

Outro importante destaque é a produção de açúcar. A maior fazenda de cana-de-açúcar orgânica está no Brasil. E por ser produzida por grandes indústrias, a diferença do preço do açúcar convencional não é tão grande, e esse é um dos produtos orgânicos mais consumidos no país.

Também temos o café, a erva-mate, as castanhas, a noz-pecã, o açaí, entre outros. Sem dúvida as verduras, legumes e frutas são os mais consumidos, com destaque para as verduras, até mesmo pelo tempo mais curto de produção. Também é produzida matéria-prima para cosméticos, e a Amazônia é o destaque.

Por serem mais caros se comparado com os produtos tradicionais, a crise econômica que o país atravessa pode prejudicar a comercialização dos orgânicos?

Em uma pesquisa recente que realizamos com consumidores de orgânicos, 79% dos entrevistados consideram o preço dos orgânicos mais caros ou muito mais caros, comparado com os convencionais. Entretanto, desse público, 71% disseram que é um preço justificável, porque eles entendem que o processo produtivo é diferente, demanda mais mão-de-obra e que há um trabalho de conservação do meio ambiente e de benefícios para a saúde.

Eu classifico o consumidor em quatro perfis: um é o consumidor engajado, que é aquele que entende, conhece o orgânico e levanta essa bandeira. Entretanto, nesse perfil existe o protegido e o restrito. O restrito está com mais dificuldade financeira, seja porque está desempregado ou devido ao aumento dos custos. Os protegidos são aqueles em que o poder de compra não foi muito afetado.

Há ainda aquele perfil “o melhor para a minha saúde”, que é a porta de entrada, que é quem entra para o orgânico pensando no benefício individual, mas depois vai entendendo o benefício coletivo, ambiental e social. Outro perfil é de quem consome parte de orgânico e parte convencional. E tem o outro público que é o “nem aí”. E podemos trazer esse público ao orgânico? Podemos!


“Se você disser que um produto é orgânico, vender como orgânico e ele não for orgânico, isso é crime”

A Organis ouviu produtores rurais, indústria, distribuidores, feirantes, varejistas de todas as regiões do país e a análise dos dados demonstra que os orgânicos conseguiram se adaptar aos impactos sociais e econômicos provocados pela pandemia.

O levantamento confirma a adaptação dos orgânicos ao cenário atual e a persistência do consumidor na escolha dos produtos saudáveis, provando que o crescimento de 30% em 2020 não foi apenas um movimento fora da curva, mas a demonstração de uma tendência.

Os dados mostram que os orgânicos ainda têm muito espaço para se movimentar. A demanda continua alta, o que abre oportunidades de negócios. A gente vê que o mercado ganha corpo ano a ano, com aumento de produção e entrada de novos players neste movimento orgânico.

Podemos dizer que está cada vez mais fácil produzir orgânicos, devido às novas tecnologias e mais conhecimentos do setor?

Sem dúvida as tecnologias e o conhecimento avançaram muito. A variedade de produtos também cresceu. Hoje é possível produzir alimentos mais bonitos e ter uma produtividade bem melhor que anos atrás. Atualmente vemos um preconceito ao contrario de antigamente. Se antes o consumidor olhava o produto e achava “feinho”, hoje ele tem dúvida se uma fruta bonita de fato é orgânica.

Mudar a produção convencional para o orgânico requer dedicação, e uma mudança de conceitos. É preciso entender que durante o processo de transição, a renda vai cair, porque há uma mudança na produtividade e não é possível vender como orgânico durante esse período, que pode levar um ano ou até mais, dependendo do tipo de produção.

Se quisermos contar com um Brasil cada vez mais orgânico, temos que contar com os convencionais de hoje, que vão fazer a sua transição para os orgânicos. Temos que trabalhar melhor o tema com o produtor. Temos que mostrar um caminho de segurança e dar apoio técnico para essa mudança de cultura e da forma de trabalhar.

Onde vemos que o crescimento flui de uma maneira mais orgânica, é onde tem estrutura de conhecimentos mais desenvolvida, ou seja, uma boa extensão rural. Não é apenas levar assistência técnica, mas é entender e trocar conhecimento.

O consumidor pode confiar que o produto orgânico é de fato orgânico? Como ter essa segurança?

Há órgãos fiscalizadores em todos os Estados brasileiros, mas um dos pontos centrais do orgânico é que ele é uma lei, a Lei dos Orgânicos, que é a 10.831. E por isso existem normativas. Portanto, se você disser que um produto é orgânico, vender como orgânico e ele não for orgânico, isso é crime. O consumidor também deve fazer a sua parte, e existem mecanismos para saber se o que ele está comprando é de fato orgânico.

No supermercado é mais fácil, porque normalmente tudo é embalado e é só verificar o selo de certificação. E se o produto não for embalado, deve haver uma informação que permite identificar o produtor. E o consumidor tem o direito de pedir a nota de compra do estabelecimento, inclusive de restaurantes de alimentos orgânicos.

Hoje existem três mecanismos de garantias. São duas certificações e uma declaração. Há a certificação por auditoria, que é feita por uma empresa credenciada, e a certificação participativa, essa que pode ser feita por um grupo, em que todos se responsabilizam mutualmente. Nas embalagens dos produtos há a informação se a certificação é por auditoria ou participativa.

A terceira maneira é por declaração. Nesse caso, o produtor precisa fazer parte de um mecanismo de controle social, que normalmente é ligado a um centro de organizações estaduais. Ele declara que está seguindo as regras, mas essa declaração serve apenas para a venda direta do produtor ao consumidor final ou para compras governamentais. Eu digo que esse é uma passagem transitória.








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Publicado em 25/06/2022

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Sempre sonhou em ter um sítio? Não precisa mais: na Sta. Julieta Bio é possível ser “sócio” da produção

Fonte: Projeto DRAFT
Priscilla Santos - 19 de novembro de 2018





Rafael Coimbra fala como largou uma agência de publicidade para produzir cestas de alimentos livres de agrotóxicos em um sistema colaborativo e com compradores conscientes do propósito do negócio (foto: Daniel Ferreira).

Uma conexão entre economia colaborativa, sustentabilidade e comer como ato político. Esta é uma maneira de resumir a empreitada do paulistano Rafael Coimbra, 33, à frente da comunidade de produção de alimentos orgânicos Sta. Julieta Bio desde janeiro de 2017. Localizada em Santa Cruz da Conceição (SP), a cerca de 200 quilômetros da capital, a fazenda de lazer da família teve parte de seus lotes ocupados pela plantação de alimentos sem agrotóxicos e certificados pelo Instituto Biodinâmico (IBD).

Atualmente, as folhas e frutos da época são vendidos em cestas para 201 famílias de seis cidades do estado — a capital, Leme, Pirassununga, Araras, Porto Ferreira, além da sede da fazenda. Os valores mensais vão de 115 a 240 reais, conforme a localidade e o tamanho (P, com cinco ingredientes, ou G, com nove). Mas o negócio vai muito além do convencional delivery de orgânicos em domicílio.

A começar pelo fato de que a entrega não é feita em casa, mas sim em um local único pré-combinado, onde as pessoas vão retirar as cestas, cujos itens elas só conhecem cerca de três dias antes. São basicamente eleitos os alimentos com “mais vitalidade” da colheita da semana. O intuito de todos irem para a retirada é prover o encontro entre produtores e co-produtores (mais do que consumidores, os usuários são vistos como parceiros de negócio).

Isso porque a Sta. Julieta Bio segue o sistema de CSA (do inglês, Community Supported Agriculture ou comunidade agrícola sustentada, em tradução livre). Os interessados iniciam sua relação com a fazenda assinando um termo em que prometem pagamentos mensais adiantados, preferencialmente por períodos semestrais ou anuais, embora seja possível sair da comunidade a qualquer momento (basta avisar com uma semana de antecedência).

A cada troca de estação, os membros são convidados para uma visita à fazenda, onde há apresentação dos investimentos feitos, os plantios que vão ser finalizados e iniciados — respeitando-se a época das estações — além de um café da manhã de confraternização e atividades educativas e de plantio para crianças e adultos. Quem quiser ver as contas, checar a folha de pagamento e carteira de trabalho dos funcionários também pode se sentir livre para pedir.

Assim, mais que consumidores, é como se os participantes fossem co-proprietários da fazenda, em uma forma de compartilhamento da terra. “Para um futuro mais consciente, precisamos mudar a maneira como consumimos. Isso já está acontecendo com o entretenimento, via Netflix, com as casas, no AirBnb, e com o deslocamento nas cidades, com o Uber. O CSA é você plantar o seu alimento sem ter uma fazenda”, afirma Rafael.

Não basta, no entanto, abrir um aplicativo e clicar em comprar para um cesto de cenouras aparecer em meia hora na sua porta. O envolvimento é mais profundo, sempre seguindo a disponibilidade dos interessados. O fundador fala mais a respeito:


“O usuário pode viver esse universo, acompanhando a rotina de trabalho da fazenda. Pode ir lá plantar, levar os filhos, ter essa relação com a terra, mas sem ter a terra”

A vantagem para o agricultor é a tranquilidade de que sua produção está paga e que o tempo dele — em vez de ser desperdiçado correndo atrás de comercialização, cobranças e afins — é gasto apenas em trabalhar na terra. Com o pagamento adiantado, a fazenda também consegue planejar novos investimentos, como a compra de ferramentas e de um carro refrigerado, usado nas entregas. Porém, a opção pelo CSA não foi algo simples. Antes, Rafael precisou dar uma guinada na vida.

UM PULO: DO MUNDO DIGITAL DIRETO PARA A TERRA

Nascido em uma família com tradição no plantio de café, ao contrários dos irmãos, Rafael não havia se interessado em trabalhar na empresa do clã, que ainda se mantém na indústria cafeeira. O que herdou do avô — um dos pioneiros na comercialização dos grãos com a China — foi o tino empreendedor.

Os produtores da Sta. Julieta Bio privilegiam os ingredientes de maior vitalidade colhidos na semana. Uma caixinha de surpresas para quem compra (foto: Daniel Ferreira).

Quando se formou em Publicidade e Propaganda pela FAAP, ele trabalhou em agências e chegou a abrir a própria, de monitoramento de redes sociais. O experimento com a terra só veio anos depois: “Se você tivesse sentado comigo aqui nessa mesa dez anos atrás, eu seria outro. Com 40 quilos a mais, problemas para dormir e olheiras”, diz à reportagem.

Após uma consulta em que ouviu do médico “não sei o que você está fazendo na vida, mas mude”, Rafael buscou uma alimentação mais balanceada e se interessou pelos orgânicos. Deixou os clientes na agência e seguiu com os planos. Vale destacar que o fato de atender duas marcas de adoçante e uma de chá verde, que também continha adoçante, entre outros químicos, foi mais um empurrãozinho para mudar.

Nesse entremeio, assumiu um posto na empresa de café da família e passou a frequentar feiras de orgânicos, assinar uma cesta de alimentos semanal da Fazenda Santa Adelaide, conversar com produtores e visitar sítios. Foi oferecendo carona em uma dessas viagens que ele conheceu Ana Letícia Sebben, 32, hoje co-gestora da Sta. Julieta Bio. Ele conta:

“Já não estava mais preocupado só comigo, mas com a pegada de carbono do que comia, com o quanto de água tinha sido gasto no plantio, a remuneração dos trabalhadores etc.”

Ele prossegue: O ato de comer já era muito mais profundo e pouca gente ao meu redor entendia isso”. Um dia, ao abrir o livro Em Defesa da Comida, de Michael Pollain, Rafael se deparou com a frase: “Cozinhe. Se puder, plante uma horta”. Fechou o livro, pegou o carro e dirigiu até a fazenda Santa Julieta, levando, em uma sacola, um punhado de legumes orgânicos que havia comprado no mercado. “Quando desci do carro, naquele pôr do sol alaranjado e olhei para aqueles tomates no porta-malas, pensei que aquilo não tinha sentido. Resolvi, então, fazer uma horta”, diz. No dia seguinte, chamou o administrador da fazenda e deu início ao projeto, com o investimento inicial de 44 mil reais.

Hoje, após o aporte de 270 mil reais, a fazenda tem três principais plantações orgânicas. Além da horta original, em formato de mandala, seguindo os preceitos da permacultura, há uma agrofloresta (tipo de plantio em que produtos agrícolas são cultivados lado a lado de árvores frutíferas e não frutíferas, como forma de recuperar solos degradados). Os eucaliptos (normalmente demonizados, mas só problemáticos em monoculturas) têm raízes que chegam a seis metros de profundidade e capturam água de lençóis freáticos quando não chove. “Assim, não precisamos de sistema de irrigação nenhum nesse plantio”, diz. As folhas são cortadas e lançadas ao solo, como adubo, mimetizando o que ocorre em uma floresta naturalmente.

Agrofloresta em área separada do CSA. O plantio de árvores frutíferas e não frutíferas na Sta. Julieta Bio é uma estratégia para recuperação do solo (foto: Daniel Ferreira).

A agrofloresta foi implementada com o auxílio de Richard Charity, consultor em sistemas agrícolas sustentáveis e cadeias de produção regenerativas. Foi ele, também, quem ajudou a selecionar o terceiro terreno para plantio na fazenda e falou para Rafael, pela primeira vez, sobre o sistema de comunidade agrícola sustentada.

A sigla CSA surgiu em meados dos anos 1980, nos Estados Unidos, com a proposta levada por produtores europeus que seguiam a agricultura biodinâmica e distribuição baseada na co-produção desde a década anterior. Mas são os japoneses os verdadeiros “inventores” dessa história, em um movimento denominado Teikei, que inclui atualmente 20 milhões de pessoas no país (mais de 1/4 da população). “Os Teikei surgiram por uma preocupação das donas de casa japonesas com segurança alimentar”, diz Rafael.

Hoje, a rede internacional de CSAs conta com cerca de 2 milhões de membros. No Brasil, a ideia começou a ser implementada nos anos 2000, no Nordeste. Richard foi um dos criadores de um CSA no Ceará, que se mantém ativo até hoje. “Quando ele me falou do conceito, fiquei com receio. Em São Paulo, as pessoas querem facilidade, comodidade, receber em casa. Nesse sistema, não se escolhe o que vem na cesta, o cliente precisa fazer a retirada e ainda tem a relação com produtor. Mas pensei: se essa é uma opção para não ser o orgânico que não quero ser, com atravessadores, vamos tentar.”

COMO COMUNIDADE, RISCOS E PROBLEMAS TAMBÉM SÃO COMPARTILHADOS

O primeiro grupo de CSA da Sta. Julieta Bio, com cerca de seis membros, surgiu em junho de 2017, na cidade de Leme (a cerca de dez quilômetros da fazenda). A proposta começou em um restaurante saudável da cidade, após uma palestra sobre orgânicos para cerca de 60 pessoas. Alguns moradores levantaram a mão, dizendo que queriam fazer parte de uma comunidade assim. O ponto de distribuição passou a ser a garagem da casa de um dos membros — algo semelhante ao que acontece hoje com a comunidade da Vila Olímpia, na capital paulista, onde existe até um membro do grupo, um advogado, que se voluntaria na entrega das cestas em seu horário de almoço.

“Nos primeiros encontros, não ia quase ninguém. Foi quando resolvemos procurar um público com quem sabíamos falar a mesma linguagem e apareceram as surpresas”, diz Rafael. Ele comentou com a professora de yoga sobre o projeto e daí começaram uma série de experimentos de co-produção e distribuição, tendo como ponto de encontro inicial a escola de yoga. Primeiro, tentaram desenvolver um aplicativo que conectasse produtores e consumidores. Depois, resolveram fazer um teste com um grupo de mães praticantes de yoga, que serviram como beta testers, não apenas dos alimentos, mas do sistema CSA como um todo.

Até que, enfim, chegaram ao jardim de infância Quintal do João Menino, na Vila Madalena. Conversaram com a diretora, fizeram uma palestra inicial explicando a proposta para os pais e teve início a primeira comunidade em São Paulo, que segue na ativa. Hoje, alguns dos 201 membros da Sta. Julieta Bio já fazem pagamentos adiantados de três, seis meses e até um ano, justamente por entenderem a fundo a proposta. Mas isso não é obrigatório. Rafael diz:

“Entendemos que existe certa resistência a compromissos de longo prazo no Brasil. Por isso, não pressupomos prazos maiores que um mês no termo de adesão das cestas”

Ele continua: “Temos que funcionar com cabeça de startup, no sentido de que estamos começando um mercado novo”. Os riscos também são compartilhados. Se houver uma geada e toda uma produção de tomates for perdida, por exemplo, as pessoas precisam entender.



Encontro na Sta. Julieta Bio entre produtores e co-produtores a cada virada de estação, com café da manhã de confraternização, apresentação de investimentos e planejamento de plantios (foto: Daniel Ferreira).

E os percalços acontecem. Desde os da natureza (porcos e javalis já atacaram a plantação de mandioca e batata doce, o excesso de chuva prejudicou a aparência das cebolas) passando pelas tentativas e erros de um empreendedor que tem experiência em negócios, mas não em agricultura.

Já houve plantios que não deram certo, como da couve-de-bruxelas, que não se adaptou às condições locais. Mesmo assim, Rafael agora tenta plantar pêssegos e figos, que também costumam ser importados.

Sem contar a epopeia com grão-de-bico, leguminosa que o fundador não entendia porque nunca encontrava orgânico, se era um alimento como o feijão, tão comum por aqui. “Achamos uma semente de grão-de-bico desenvolvida pela Embrapa e insisti muito para que o cientista me enviasse uma amostra para teste. No dia do meu aniversário, chegou uma caixa com as sementes. Fizemos o primeiro plantio, colhemos, tudo perfeito”, fala. Aí, avisaram às pessoas da comunidade, fizeram lista de espera de interessados, conseguiram mais sementes, plantaram, mas acabaram perdendo a produção toda por uma falha no calendário…

O PRINCIPAL ADUBO PARA UM CRESCIMENTO SAUDÁVEL É O DIÁLOGO

Essas questões são resolvidas com a comunidade com muito diálogo, ao vivo ou por WhatsApp. Os atropelos são comunicados e, normalmente, compensados com envio de um produto diferente ou aumento de quantidade de algo que já fosse da cesta. Além dos avisos e comunicados da previsão de colheita para a semana seguinte, os grupos são usados para trocas de receitas entre os membros e tomada de decisões conjuntas, como passar a devolver a caixa de papelão em que vêm os produtos para ser reutilizada.

Após os custos com as embalagens serem abertos, os próprios membros tiveram a ideia de devolver o material e ainda passaram a enviar caixas de tamanhos similares que tinham em casa para serem utilizadas. Quando foi anunciado, por exemplo, que havia tomates “feinhos” em uma semana, foi proposto compensar o item da cesta com outro produto, mas a maioria disse que os receberia assim mesmo, como conta Rafael:

“Os co-produtores sabem que sua escolha alimentar é uma escolha política. Eles estão ‘votando’ em nós em vez de dar seus subsídios para grandes organizações”

Os planos para o futuro incluem ampliar a produção e, assim, conseguir recuperar o investimento, o que está previsto para 2022. A meta é vender 400 cestas semanais — hoje são 200 (com faturamento mensal de 35 mil reais). E as expectativas são positivas, visto que o projeto saiu de seis para 201 co-produtores em um período de 15 meses. Agora, para duplicar a renda, será preciso aumentar a área de produção. Há também testes com ferramentas novas para roçar a terra ou cortar folhas finas e delicadas, o que pode acelerar processos.

“Existem exemplos de CSA fora do país que lucram de 60 a 100 mil dólares por acre anualmente. Temos certificados 30 hectares, mas de plantação, de fato, hoje são apenas três. Ainda dá para expandir muito dentro da fazenda e acreditamos que vamos escalar quando conseguirmos passar esse modelo para outros produtores”, diz o empreendedor. Ele já recebeu convites de associações agrícolas para a implementação de projetos similares, mas ainda não se sente preparado para esse passo: “Achei que ainda estava um pouco verde para isso”, afirma Rafael, pedindo perdão pelo trocadilho.

DRAFT CARD
Projeto: Sta. Julieta Bio
O que faz: Plantação e venda de orgânicos
Sócio(s): Rafael Coimbra
Funcionários: 11
Sede: Santa Cruz da Conceição (SP)
Início das atividades: Janeiro de 2017
Investimento inicial: R$ 44.000
Faturamento: R$ 35.000 por mês
Contato: tanaepoca@stajulieta.bio




segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Agricultura Orgânica é tema de seminário na Expoverde


Diário da Franca 

Mais um tema agrícola relevante será discutido durante todo o dia 30 de setembro na 3ª Expoverde - Feira de Máquinas e Implementos Agrícolas, Insumos, Flores, Frutas, Hortaliças, Plantas Nativas, Ornamentais e Medicinais; e Agricultura Orgânica de Franca e Região: a Agricultura Orgânica.   
    
O assunto é de interesse para muitos agricultores da região, que vêm sendo capacitados através de oficinas do Escritório Regional do Sebrae e pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento.

Há cinco anos foi fundada a apofran (Associação dos Produtores Orgânicos de Franca e Região) e atualmente 10 propriedades rurais de agricultores da Associação receberam certificação do IBD (Instituto Biodinâmico), selo este que garante a origem orgânica dos produtos. Outras 6 propriedades estão na fase de conversão e em breve receberão o selo.
Quem quiser conhecer o trabalho da Associação dos Produtores Orgânicos de Franca e Região - apofran - bem como saber a respeito de suas feiras, pode visitar o stand desta organização na EXPOVERDE. Lá os produtores divulgarão os benefícios e os princípios da agricultura orgânica. O visitantes receberão informativos e concorrerão a vários kits, que serão sorteados durante a feira.

Com o apoio da Brasilbio - Associação Brasileira de Orgânicos, do SEBRAE e do Banco do Brasil, a Comissão Organizadora da 3ª Expoverde realizará no dia 30 de setembro o 5º Seminário de Agricultura Orgânica da Região de Franca.

"Este ano selecionamos cada um dos palestrantes para que estes contribuam diretamente para o fortalecimento do grupo de produtores orgânicos. Abordaremos técnicas de horticultura e fruticultura orgânica, controle biológico de pragas e doenças, residuais de pesticidas e fertilizantes, bem como os desafios da agricultura orgânica em grandes culturas", afirma Alexandre Ferreira, secretário Municipal de Desenvolvimento.

O 5º Seminário de Agricultura Orgânica abrigará quatro palestras. No período da manhã, Silvio Roberto Penteado, da Via Orgânica, vai falar sobre os temas: técnicas de produção de hortaliças e frutas orgânicas; enxertia de frutíferas; hortaliças de plantio direto; e bandejas de produção de mudas de transplantio.     
      
Logo a seguir, o pesquisador Ricardo Camargo, da Embrapa Meio Ambiente, de Jaguariúna, orientará sobre a "Importância Econômica da Produção de Mel de Abelhas Sem-Ferrão".
No período da tarde, Carlos Armênio Kathounian, professor da ESALQ/USP discorrerá palestra abordando o tema "Características e Utilização de Fontes de Biomassa como Fertilizante".

Finalizando, o seminário contará com a participação do pesquisador chileno, Carlos Mezza, do Mundo Orgânico. Mezza discorrerá sobre a biotecnologia aplicada à agricultura no manejo fitossanitário; no controle biológico de pragas e doenças; residuais de pesticidas e fertilizantes; os desafios da exportação e de trabalhos em grandes culturas; bem como o panorama atual da agricultura convencional e orgânica.

Para participar os interessados podem efetivar as inscrições através do site do evento (franca.sp.gov.br/expoverde) ou diretamente no local, no credenciamento. As vagas são limitadas.   

A terceira edição da feira é uma realização da Associação dos Produtores Rurais do Bom Jardim e acontecerá entre os dias 29 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro, no recinto do Parque de Exposições "Fernando Costa" das 9 às 19 horas.    

A entrada é gratuita e contará com o apoio técnico da Prefeitura de Franca, através das secretarias de Desenvolvimento e de Serviços e Meio Ambiente. 


Estarão em exposição empresas dos setores de insumos, máquinas e implementos agrícolas; de flores, frutas e hortaliças; de plantas ornamentais, medicinais e nativas; bem como da agricultura orgânica. O público alvo são produtores rurais e a população em geral.

Alimentos que parecem saudáveis, mas não são

Fonte: FOREVER YOUNG Por Sandra M. Pinto  14:51, 6 Maio 2022 Conheça-os aqui e ponha-os de lado Peito de peru processado:  Tem uma grande qu...

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Feiras Orgânicas