segunda-feira, 20 de março de 2017

Idec e outras organizações lançam plataforma Chega de Agrotóxicos



Petição quer apoio dos consumidores para aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos e para barrar PL que facilita uso dessas substâncias no País

O Idec e outras 14 organizações lançam hoje (16) a plataforma #ChegaDeAgrotóxicos, que tem como objetivo buscar apoio da população para a aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara), proposta pelo Projeto de Lei (PL) 6.670/2016.

Além disso, ao assinar a petição disponível na plataforma, os consumidores também demonstrarão seu interesse em barrar o PL 6.922/2002, conhecido como PL do Veneno, iniciativa que pretende facilitar o uso dessas substâncias no Brasil.

Entre as organizações responsáveis pela plataforma estão, além do Idec, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o Greenpeace, o Movimento Slow Food e a Articulação Nacional de Agroecologia.

A nutricionista do Idec Mariana Garcia lembra que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, o que reforça a importância da plataforma. “Seu objetivo é fazer pressão no Congresso Nacional e mostrar que a sociedade brasileira quer a redução dos agrotóxicos no país”, destaca.

Além da petição, a página #ChegadeAgrotóxicos lista os motivos pelos quais a população deve apoiar a iniciativa, como os riscos à saúde de consumidores e agricultores; a contaminação do solo e de cursos d’água e a ameaça à soberania alimentar.

Política de redução de agrotóxicos x PL do Veneno
O PL que cria a Pnara foi apresentado em novembro de 2016 à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados.

A política, que estimula modelos alternativos, como agroecologia e a produção orgânica, recebeu o apoio do Idec. Ela foi elaborada com base no Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), aprovado em agosto de 2014, mas que até hoje não foi lançado oficialmente.

Já o PL do Veneno vai na direção contrária e busca flexibilizar a atual Lei de Agrotóxicos. O projeto propõe alterar o termo “agrotóxico” para “produto defensivo fitossanitário e de controle ambiental”, por exemplo, o que demonstra uma tentativa de “suavizar” a imagem negativa que essas substâncias têm na sociedade.


Fonte: IDEC
Data: 19/03/2017

sábado, 18 de março de 2017

Alimentação incorreta é grande causa de mortes por doenças cardiovasculares

A alimentação desajustada responde por 45% das mortes por doenças cardiovasculares nos EUA, sendo o sódio o maior causador de complicações. Especialistas ressaltam que a ingestão incorreta de nutrientes também é uma realidade brasileira

Diário de Pernambuco - Por: Paloma Oliveto - Correio Braziliense
Publicado em: 08/03/2017 10:30 Atualizado em: 08/03/2017 10:53




Arte: Valdo Vigo/CB/D.A. Press

Ajustes na alimentação poderiam evitar metade das mortes por doenças cardiovasculares. De acordo com um estudo divulgado ontem na revista da Academia Americana de Medicina, a deficiência ou a ingestão exagerada de 10 fatores dietéticos, como sódio, carne vermelha, nozes e grãos integrais, explicam 45% dos 702.308 óbitos registrados nos Estados Unidos em 2012 por infarto, derrame e diabetes 2. Esses dois primeiros estão no topo do ranking da mortalidade global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Entender a relação entre os componentes dietéticos individuais e doenças cardiometabólicas em nível populacional é essencial para identificar prioridades, guiar planejamento de políticas públicas, criar estratégias para alterar esses hábitos e melhorar a saúde”, justificou, em nota, a nutricionista e epidemiologista Renata Micha, pesquisadora da Faculdade de Políticas e Ciência da Nutrição Trufts Friedman, de Boston (EUA). De acordo com a principal autora do artigo publicado no Jama, não se estabeleceu, até agora, uma associação concreta entre os padrões de ingestão alimentar e enfermidades específicas dos sistemas cardiovascular e metabólico.

No estudo, a equipe da especialista criou um modelo estatístico com dados das Pesquisas Nacionais de Saúde e de Investigação Nutricional norte-americanas dos períodos 1999-2002 e 2009-2012 e cruzou essas informações com registros de óbito oficiais. Eles também usaram dados de estudos e ensaios clínicos. Então, examinaram a associação da mortalidade por doença cardíaca, derrame e diabetes 2 com o consumo de 10 alimentos/nutrientes que podem reduzir ou aumentar os riscos: frutas, vegetais, nozes/sementes, grãos integrais, carne vermelha não processada, carne processada, bebidas açucaradas, gorduras poli-insaturadas, gorduras ômega-3 provenientes de frutos do mar e sódio.

Independentemente de sexo, idade e etnia, os hábitos não saudáveis tiveram forte relação com o risco de mortalidade. Contudo, essa associação foi maior entre pessoas mais jovens, negros e hispânicos e pessoas com nível educacional baixo/médio. Entre os fatores dietéticos avaliados, o que mais influenciou negativamente na saúde foi o sódio, seguido por carnes processadas, bebidas açucaradas e carne vermelha não processada.

Por outro lado, o consumo adequado de nozes/sementes, gorduras ômega-3, vegetais, frutas e grãos integrais, nessa ordem, foi associado aos índices mais baixos de mortalidade. Quanto à idade, bebidas como refrigerante foram o fator mais impactante na morte por doenças cardiometabólicas entre pessoas de 25 a 64 anos. Acima de 65, o sódio excessivo foi quem desempenhou esse papel.

Redução de risco
O cardiologista Fausto Stauffer, diretor de pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia e coordenador de Cardiologia do Hospital Prontonorte, avalia que a principal mensagem do trabalho é mostrar o impacto que uma dieta adequada pode ter na redução dos riscos cardíacos. “Qualquer tipo de intervenção mais fácil, como mudar a dieta, é boa para diminuir essas doenças e o diabetes tipo 2, que, por si só, é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares”, diz.

A nutricionista Simone Rocha, presidente da Associação de Nutrição do Distrito Federal (ANDF), acredita que as políticas públicas no Brasil vão ao encontro dessa realidade. “Nós avançamos e estamos à frente das políticas norte-americanas. Por exemplo, com a criação do guia alimentar Comer comida de verdade, do Ministério da Saúde, focado na prevenção”, diz. Segundo a especialista, principalmente para a população carente, esse manual tem um grande impacto. “Ele é o livro de bolso dos agentes de saúde”, conta. Ainda assim, Simone Rocha e Fausto Stauffer concordam que as falhas alimentares cometidas pelos brasileiros são parecidas com as constatadas no estudo norte-americano.

Outro marco destacado pela nutricionista é o acordo do ministério com a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia) que resultou na redução da quantidade de sódio dos alimentos prontos. “No geral, o que há de maior prejuízo à saúde cardiovascular é o aumento do consumo de sódio. No estudo, o sódio foi considerado o alvo-chave. Atitudes como educar a população e envolver a as indústrias para reduzirem lentamente o teor de sal devem ser tomadas”, diz.

O cardiologista Fausto Stauffer, contudo, acredita que o Brasil tem muito mais a fazer. “Falta muita política para melhorar o lanche nas escolas. As campanhas falam em reduzir a gordura, mas existe um questionamento de que, talvez, o carboidrato tenha um papel muito mais importante”, diz.

Milhões de anos perdidos
O artigo publicado no Jama vai ao encontro de outra pesquisa apresentada ontem no congresso de epidemiologia e prevenção da Academia Americana do Coração. Usando inquéritos nutricionais e dados de estudos anteriores sobre o impacto do consumo baixo de frutas e vegetais, os pesquisadores da Universidade de Washington calcularam os anos de vida perdidos (DALYs, sigla em inglês) — medida que se refere aos anos saudáveis perdidos para uma doença ou morte — em 195 países. De forma geral, descobriram que a ingestão deficiente de frutas está diretamente associada a 53,7 milhões de DALYs, e a de vegetais, a 44,6 milhões. Países com maiores níveis de desenvolvimento socioeconômico têm os menores índices de doença cardiovascular atribuídos à falta de consumo de hortaliças.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Alimentação escolar é tema de oficina com profissionais da área em Alegre

Fonte: FolhaVitória 02/03/17
Os produtores que fazem parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), responsáveis pelo fornecimento de grande parte da merenda, também participaram

Folha Vitória - Redação Folha Vitória


A oficina teve como proposta discutir e fortalecer a melhor qualidade da merenda nas escolas em Alegre
Foto: ​Divulgação/Prefeitura

A alimentação escolar em Alegre foi tema de uma oficina, realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, que reuniu departamentos da Prefeitura Incaper, produtores rurais, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, representantes de Associações de produtores rurais, professores do CCAUFES e profissionais da educação.

Com a proposta de discutir ações que aprimorem a lista de compras de alimentos produzidos no município, a oficina teve objetivo oferecer ações que garantam maior qualidade de vida para os alunos.

A consultora do Sebrae, Fabrine Schwanz, falou da importância da melhoria na alimentação escolar e das principais diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que visam a geração de renda para os produtores e o desenvolvimento local. “A oficina pretende ampliar a participação dos produtores para melhorar o fornecimento do PNAE, otimizar questões de logística e fortalecer a agricultura familiar de Alegre que é a principal base do programa. Já mapeamos a sazonalidade do que é produzido aqui para aperfeiçoar todo o processo da construção de uma lista de compras que seja efetivamente funcional nas escolas e que beneficie os produtores”, explica.

O secretário Carlos Reutemann destaca que a proposta é que Educação e Desenvolvimento Rural construam juntos a lista de compras de 2018 com as ações e sugestões apresentadas na oficina. “Integrar todos os setores deste processo é fundamental para estimular o crescimento do município, o aumento da produção da agricultura familiar e a qualidade da alimentação escolar”, completa.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

A sujeira por trás dos trangênicos

Mesmo estando presente no mundo todo, pouca gente sabe quem é a Monsanto ,o que são os Transgênicos e como estes alimentos foram parar em nossos pratos. Se você ainda não sabe sobre os alimentos geneticamente modificados, sugiro que procure saber. Esse vídeo é uma compactação do documentário : "O Mundo segundo a Monsanto" que está disponível na internet em sua totalidade.





O companheiro liberou: o caso dos transgênicos no governo Lula


Fonte: ASPTA

9 /02/ 2017

Estudo de caso de Gabriel B. Fernandes publicado em dezembro de 2005 pelo IBASE. 

Apresenta a forma como esse tema foi tratado pelo governo desde a legalização de plantios clandestinos até seu empenho para aprovar uma lei de biossegurança que sofreu forte oposição da sociedade civil organizada e recebeu aplausos de ruralistas e das empresas de biotecnologia.

Disponível aqui (pdf 1,2 MB)

sábado, 28 de janeiro de 2017

Hospitais públicos oferecem terapias alternativas com recursos do SUS

Fonte Portal Brasil

O Sistema Único de Saúde (SUS) agora oferece terapias alternativas, como meditação, arteterapia, reiki, musicoterapia, tratamento naturopático, tratamento osteopático e tratamento quiroprático.

Por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) , o Ministério da Saúde reconhece oficialmente a importância das manifestações populares em saúde e a chamada medicina não convencional, considerada como prática voltada à saúde e ao equilíbrio vital do homem.

Os serviços são oferecidos por iniciativa local, mas recebem financiamento do Ministério da Saúde por meio do Piso de Atenção Básica (PAB) de cada município.

“O campo das práticas integrativas e complementares contempla sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, os quais são também denominados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina tradicional e complementar”, diz nota do ministério.

Para o diretor do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Allan Nuno, a medida será útil para o desenvolvimento de programas para formação de trabalhadores e investimentos na área.

“O que a gente está colocando é a possibilidade de realização e registro no sistema de informação do ministério para reconhecer formalmente esse tipo de procedimento no SUS e monitorar as ações, a partir disso, vamos conseguir inclusive desenvolver ações de formação dos trabalhadores”, disse Nuno.

De acordo com o diretor, não é necessariamente o médico que prescreve esses procedimentos. “Por exemplo, a homeopatia, para você ser habilitado a fazer você pode ser médico, enfermeiro, fisioterapeuta, professor de educação física.”

Algumas terapias já eram oferecidas na categoria “práticas integrativas”, como práticas corporais em medicina tradicional chinesa, terapia comunitária, dança circular, ioga, oficina de massagem, auriculoterapia, massoterapia e tratamento termal.

De acordo com a OMS, terapia alternativa significa que ela é utilizada em substituição às práticas da medicina convencional, já a terapia complementar é utilizada em associação com a medicina convencional, e não para substituí-la. O termo integrativa é usado quando há associação da terapia médica convencional aos métodos complementares ou alternativos a partir de evidências científicas.

“Historicamente, a gente focou muito no médico e na alopatia. A gente tem essa cultura, sentiu qualquer coisa, procura o médico, e ele passa um remédio. Mas existem outras terapias reconhecidas pela ciência que diminuem sofrimento e melhoram as condições de saúde. A gente não privilegiava tanto essas alternativas, e passamos agora a privilegiar mais”, afirmou Nuno.

Saiba mais sobre esses tipos de terapia:

Meditação: A palavra “meditação” vem do latim “meditatum”, que significa ponderar. Trata-se da prática de concentração mental com o objetivo de harmonizar o estado de saúde.

Arteterapia: Faz uso da arte como parte do processo terapêutico.

Reiki: A técnica japonesa se baseia na prática de imposição das mãos por meio de toque ou aproximação para estimular mecanismos naturais de recuperação da saúde.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Pesquisas e Difusão do Reiki, o método é um sistema natural de harmonização e reposição energética que mantém ou recupera a saúde. É um método de redução de estresse, captando, modificando e potencializando energia.

Musicoterapia: Usa a música e seus elementos como terapia, o som, ritmo, melodia e harmonia.

Tratamento naturopático: É o uso de recursos naturais para recuperação da saúde. A naturopatia encara a doença como um processo: a prevenção, o combate das causas das doenças e a estimulação da inerente capacidade de cura do organismo. O método valoriza a integração das áreas da saúde, as terapias naturais, como também a inata "sabedoria" do corpo humano, determinada pelos genes e a evolução da espécie, para auxiliar no restabelecimento da saúde.

Tratamento osteopático: É uma terapia manual para problemas articulares e de tecidos. A Osteopatia é fundamentada no exame clínico, por meio da anatomia, fisiologia e semiologia. Essa técnica é indicada para alterações dolorosas no sistema musculoesquelético, como é o caso das lombalgias, cervicalgias, hérnias de disco, dores de cabeça e nas articulações, alterações de sensibilidade e limitações articulares.

Tratamento quiroprático: É a prática de diagnóstico e terapia manipulativa contra problemas do sistema neuro-músculo-esquelético. O objetivo do método é avaliar, identificar e corrigir as subluxações vertebrais e os maus funcionamentos articulares, que podem causar irregularidades no mecanismo da coluna e na função neurológica.

Em vez de prescrever medicação, o profissional de quiroprática busca o funcionamento correto da mecânica do corpo e a nutrição adequada. O objetivo é corrigir a causa do problema, e não os sintomas.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Relatório do Parlamento Europeu mostra benefícios dos orgânicos





Fonte: Brasil de Fato
Campanha Contra os Agrotóxicos
26 de Janeiro de 2017 às 11:27Documento analisa 381 referências sobre temas que envolvem alimentação, produção de plantas e de animais, impactos na saúde, entre outros / Reprodução

Consumo de orgânicos reduz exposição a agrotóxicos e riscos de intoxicação

Em dezembro de 2016, o Parlamento Europeu, através do Painel de Avaliação de Opções em Ciência e Tecnologia, divulgou um relatório sobre os impactos para a saúde pública do consumo de alimentos orgânicos e também da agricultura orgânica. O relatório chama-se “Human health implications of organic food and organic agriculture” e pode ser acessado aqui.

O documento analisa 381 referências sobre temas que envolvem alimentação, produção de plantas e de animais, impactos dos agrotóxicos na saúde e meio ambiente, resistência a antibióticos, padrões de alimentação, além de apontar caminhos e políticas públicas e suas possíveis consequências na Europa.

De acordo com o relatório, o consumo de alimentos orgânicos reduz a exposição a agrotóxicos, e portanto, os riscos de intoxicações agudas e crônicas. O relatório enfatiza que, apesar das análises de risco que são feitas antes da aprovação de agrotóxicos, existem grandes lacunas nos estudos. Gera grande preocupação, por exemplo, que sejam desconsiderados estudos epidemiológicos que mostram os efeitos negativos da exposição a baixas doses de agrotóxicos no desenvolvimento cognitivo de crianças.

Em relação aos fertilizantes, os estudos mostraram as consequências negativas do uso massivo e prolongado do mineral fósforo na agricultura convencional. O principal efeito é a elevação da concentração de cádmio no solo, e portanto nos alimentos produzidos neste local. A alimentação, inclusive, é uma das principais vias de exposição ao cádmio, que provoca câncer e diversas outras doenças.

Sobre a criação de animais, foi detectada uma maior concentração de ácidos graxos ômega 3 no leite, ovos e carne de animais criados no sistema orgânico. Isso decorre da alimentação à base de forragem, e não de rações concentradas. O capim possui alto índice de ômega 3 e, no caso do leite orgânico, foi detectada a presença 50% maior deste ácido graxo.

Outro ponto analisado foi a resistência a antibióticos. De acordo com o Organização Mundial de Saúde (OMS), a utilização excessiva deste medicamento na criação animal é um dos fatores que influenciam na existência de superbactérias resistentes a antibióticos. Na criação orgânica, o uso de antibióticos é reduzido, pois há menos doenças em sistemas não-confinados, e há grande restrição ao uso preventivo, comum na criação de animais convencional.

Ao final do relatório são apresentadas 5 opções de políticas públicas a serem consideradas daqui em diante. A primeira delas seria não tomar nenhuma atitude, e assim perder a oportunidade de obter ganhos para a saúde da população.

A segunda opção está relacionada às políticas de segurança alimentar, como por exemplo o controle da concentração de cádmio nas sementes. Além disso, na Europa está em vigor desde 2009 uma política de “uso sustentável” de agrotóxicos, que inclusive proíbe a pulverização aérea no continente. Finalmente, a União Europeia já se colocou favorável ao banimento do uso profilático de antibióticos na criação animal.

A terceira opção se refere a aumentar o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação voltadas para agricultura orgânica. Este caminho poderia aprimorar os sistemas de cultivo, aumentando a produtividade e gerando mais comida de boa qualidade com práticas agrícolas sustentáveis.

A quarta opção aponta para a melhora do ambiente de negócios da agricultura orgânica através de incentivos fiscais. Considerando que as doenças causadas pela agricultura convencional representam uma carga para os sistemas de saúde, e que este custo não está incluído no preço dos fertilizantes e agrotóxicos, seria justo uma taxação maior para estes produtos. Estas taxas poderiam ser utilizadas para o desenvolvimento da agricultura orgânica.

A quinta e última opção se refere ao incentivo de práticas de consumo sustentáveis. Atualmente, o consumo de carne na Europa é elevado, enquanto cereais integrais, frutas e legumes ficam abaixo dos índices recomendados. O relatório afirma que o padrão de consumo de quem se alimenta de orgânicos é mais saudável em comparação com a média da sociedade. Assim, regras licitatórias que favoreçam a compra de orgânicos em escolas, hospitais e restaurantes públicos podem melhorar o padrão alimentar da população.

Importância do Documento

Mesmo que o relatório não traga grandes novidades, o reconhecimento do parlamento Europeu de que a agropecuária convencional representa um problema de saúde pública, e que além disso, a agricultura orgânica é uma solução para este problema, já é um fato a ser comemorado.

Ainda que por certa herança colonial, decisões políticas tomadas na Europa e nos EUA têm grande apelo no Brasil. O banimento da pulverização aérea na Europa, o fato de que 22 do 50 agrotóxicos mais consumidos aqui são proibidos lá, e agora este relatório, são argumentos de peso em nossa luta contra os agrotóxicos e as consequências nefastas do agronegócio.

Orgânicos na Europa

Obviamente, o contexto Europeu em relação aos orgânicos – chamados lá de biológicos ou somente bio – é completamente diferente do nosso. O movimento da agricultura biodinâmica (Demeter) já existe desde os anos 1920 na Alemanha. Hoje, encontra-se uma grande oferta de orgânicos em qualquer supermercado (mesmo os mais baratos), e há mesmo redes de supermercados que só vendem orgânicos.

Além das frutas, legumes e verduras, são oferecidas carnes, lácteos, salsichas, cosméticos e até roupas orgânicas. É possível encontrar máquinas agrícolas adaptadas e outros tipos de facilidades para aumento de produtividade com mão de obra escassa. Há críticas de que a agricultura orgânica na Europa já foi completamente dominada pelas grandes cadeias de alimentos, e concentra renda da mesma forma que o cultivo convencional.

Nos países mais ricos da Europa (EU-28), 5,7% das terras é cultivada de forma orgânica, num mercado que rende 24 bilhões de Euros (quase R$100 bilhões).

O panorama é bem diferente daqui. A estimativa de ocupação das terras orgânicas certificadas é de menos de 1%, e a movimentação financeira estimada é de R$2,5 bilhões. Além disso, por aqui colocamos como fundamental o projeto da Agroecologia, que inclui outras dimensões além do cultivo sem agrotóxicos, fertilizantes e transgênicos (aliás, na Europa o uso de transgênicos é restrito a poucos países).

Por aqui, não há possibilidade de discutir a agricultura orgânica sem tocar na questão agrária, que é a raiz de diversos outros problemas como a pobreza e a insegurança alimentar no campo, além do próprio êxodo rural e inchaço das cidades. Por isso, lutar pela agroecologia significa lutar pelas condições subjetivas e objetivas para se produzir sem veneno: equidade de gênero, educação e saúde do campo, pesquisa, crédito, logística, agroindústria sob controle camponês e tudo mais que for preciso para se viver e produzir de forma saudável no campo.

O relatório do Parlamento Europeu deve ser lido e estudado, e ser utilizado como mais uma ferramenta de luta nas diversas batalhas que nos esperam em 2017, a começar pela derrubada do PL do Veneno, e pela aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos.

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Fonte: FOREVER YOUNG Por Sandra M. Pinto  14:51, 6 Maio 2022 Conheça-os aqui e ponha-os de lado Peito de peru processado:  Tem uma grande qu...

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