sábado, 27 de agosto de 2016
A Péssima Alimentação nas Escolas e Hospitais
Fonte: Medicina do Estilo de Vida
03/12/2009 Por Dr. Alexandre Feldman · (Última Atualização: 17/10/2014)
Alimentação nas Escolas e Hospitais é Repleta de Industrializados
Escolas são lugares frequentados por crianças em fase de crescimento e desenvolvimento. A alimentação nas escolas precisa ser a mais densa em nutrientes possível, uma vez que será incorporada ao cérebro e todo o corpo de crianças, seres humanos em fase de desenvolvimento físico e mental, muito sensíveis a tudo aquilo que pode alterar seus hormônios, neurotransmissores e células como um todo.
Hospitais são lugares frequentados por indivíduos (inclusive crianças) doentes. A alimentação dos hospitais precisa ser a mais nutritiva possível, a fim de ajudar o organismo doente a se regenerar.
Tanto escolas quanto hospitais deveriam se preocupar ao máximo em oferecer a alimentação mais saudável possível para seus frequentadores. Alimentação nas escolas, assim como nos hospitais, é uma questão essencial – literalmente de vida ou morte.
Com tantas notícias ambíguas sobre o que é uma alimentação saudável, uma coisa é unânime para a ciência: alimentos industrializados, aditivos químicos, corantes, conservantes, emulsificantes, aromatizantes, estabilizantes, adoçantes artificiais, açúcar branco, farinha refinada e óleos oxidados não são saudáveis. Definitivamente.
E é exatamente uma alimentação baseada nos produtos acima que as escolas e hospitais oferecem: a alimentação das escolas e hospitais está repleta de bolos, bolachas, milk-shakes “químicos”, coberturas, doces de toda sorte, sucos industrializados, alimentos à base de farinha branca e açúcar refinado, ingredientes como óleos oxidados, aditivos químicos, conservantes etc.
Como é que uma escola pode ter a meta de formar indivíduos bem-sucedidos, se para ser bem-sucedido você precisa antes de mais nada ser saudável, e para ser saudável você precisa aprender a se alimentar?!!! As escolas são, ou deveriam ser, locais onde se aprende não apenas “disciplinas curriculares para passar no vestibular”, mas muito mais sobre como navegar pela vida da forma mais saudável e menos agressiva possível ao meio ambiente. Neste sentido, uma cultura de boa alimentação nas escolas teria muito a colaborar.
Como é que um hospital pode ter a meta de recuperar a saúde das pessoas, se oferece alimentos industrializados que roubam nossa energia e prejudicam nossa saúde? Como pode a alimentação de hospitais ser repleta de “produtos alimentícios” refinados, desvitalizados, processados industrialmente?
Certa vez, troquei emails com uma nutricionista responsável pelos lanches de uma escola particular de educação infantil e ensino fundamental (considerada “boa” e cara) de São Paulo – lanches estes à base de pão francês, pão de forma, bolachas, carnes embutidas, geleia industrializada, suco industrializado, bolos, caldas, e nem sequer uma fruta fresca. Sabem o que ela escreveu diante do meu questionamento? Que prioriza alimentos naturais e não refinados em seus cardápios! É tão fácil fazer um discurso politicamente correto repleto de palavras frases de efeito! E o pior é que os pais se encantam com essas palavras e frases bonitas, esses chavões do tipo “a escola tem um olhar assim e assim sobre tal e tal tema”, “a escola tem 3 nutricionistas a cargo da alimentação” (como se isso fosse garantia de alimentação isenta de industrializados e refinados, óleos e gorduras vegetais oxidados, bebidas açucaradas etc).
Claro que todas as nutricionistas competentes que conheço ficaram tão indignadas quanto eu, quando mostrei a elas o email com essas afirmação associada àquele cardápio de lanches escolares.
Ora, a ingestão de “calorias vazias”, como as que enumerei acima, rouba do organismo das nossas crianças vitaminas do complexo B, necessárias para a absorção destas calorias vazias. Na verdade, rouba espaço para todos os nutrientes que poderiam ter sido ingeridos se não houvesse essa péssima alimentação nas escolas. O mesmo se dá para a péssima alimentação nos hospitais.
A ingestão de alimentos à base de farinha branca e outros produtos refinados está associada a um risco aumentado de obesidade e diabetes. Mais perverso ainda é o fato que eles são fáceis de pegar, comer, possuem sabor agradável e causam saciedade muito passageira.
A ingestão de alimentos à base de farinha branca também está associada a um risco aumentado de cáries dentárias.
As empresas de panificação lançam mão de toda sorte de produtos químicos no intuito de fabricar pães que atendam a uma série de aparentes conveniências, como por exemplo, prolongar a “vida de prateleira”, manter uma aparência de “frescor”, criar uma crosta bem crocante e alaranjada, tornar o processo de produção mais “confiável”, “melhorar” a textura da massa, minimizar a contaminação por microorganismos indesejáveis, etc.
Para obter essas “conveniências”, as empresas de panificação costumam lançar mão de produtos nada saudáveis, como bromatos, usados para “melhorar” a farinha e que são tóxicos porque podem interferir com o metabolismo do iodo causando problemas na glândula tireóide, além de poderem causar câncer. Sim, os bromatos estão proibidos por Lei brasileira desde o início do Século 21, mas quem garante que seu uso não ocorre de maneira clandestina? Há que se ter cuidado para que esse veneno não chegue às nossas crianças. Nem aos nossos doentes nos hospitais. E o melhor cuidado é não oferecer o pão industrializado de procedência que você não conheça ou possa garantir.
Outro exemplo são as margarinas, também conhecidas como gorduras vegetais, fontes de gorduras oxidadas e deformadas – e sim, até mesmo trans –, que podem causar toda sorte de prejuízos à nossa saúde e que são utilizadas quase que obrigatoriamente pelas panificadoras para prolongar a “vida de prateleira” de seus maravilhosos pães, bolachas, pães-de-queijo, bolos etc.
O cardápio dos lanches da maioria das escolas está excessivamente monótono. Quase todos os dias pão branco, bolacha ou bolo ( que se compõe de farinha refinada + açúcar refinado), quase sempre acompanhados de ingredientes industrializados como requeijão ou geléia – e nada de frutas frescas. Com a enorme disponibilidade de frutas frescas, in natura, que temos no Brasil, cada vez menos o cardápio das escolas tem oferecido frutas frescas!!! Mais se parece um cardápio de algum país gelado, sem muitas opções de frutas e com uma indústria alimentícia próspera que NA MINHA OPINIÃO PAUTA, SIM, as tabelas e diretrizes nutricionais que mais lhes convêm para serem seguidas por TODOS, inclusive pelo Brasil, país onde facilmente se encontram frutas in natura. De que outra forma explicar a ausência cada vez maior de alimentos in natura nos lanches das escolas? Na minha cartilha, alimentos in natura são mais saudáveis, nutritivos e adequados a crianças pequenas que “produtos alimentícios” industrializados e refinados. Cada vez mais raramente vejo frutas, muito menos um iogurte natural e integral, no cardápio de escolas e hospitais. Será que nossas crianças e doentes não precisam de probióticos no lanche?
Ingredientes Ocultos na Alimentação das Escolas e Hospitais
Todos esses pães e bolos, por sua vez, levam margarina ou “gordura vegetal” à base de óleos vegetais os mais ordinários, altamente refinados, interesterificados e consequentemente oxidados, leite reconstituído, vitamina A sintética, mono e diglicerídios (que por uma brecha legal PODEM conter ácidos graxos trans, pois apenas triglicerídiossão legalmente considerados como ácidos graxos, inclusive para fins de contagem calórica), lecitina de soja (quase sempre transgênica), benzoato de sódio (que na presença de ácido ascórbico, conservante presente em outros alimentos e também conhecido como vitamina C, se transforma em benzeno, conhecido agente cancerígeno), TBHQ ou butil hidroquinona terciária (que ativa o gene da tioredoxina, substância envolvida no crescimento celular e apoptose – Biochem J. 01/09/2006; 398(Pt 2): 269–277), aroma “idêntico ao natural” de manteiga, entre outros.
Bolachas Industrializadas nas Escolas e Hospitais
Bolachas industrializadas levam, além da gordura vegetal acima, açúcar invertido (ingrediente de altíssimo índice glicêmico que requer a produção de altos picos de insulina pelo pâncreas), xarope de milho de alto teor de frutose (que além de sobrecarregar o pâncreas satura a via metabólica da glicose, pois a frutose-1-fosfato produzida a partir da frutose por ação da frutoquinase hepática gera metabólitos a jusante do passo metabólico regulatório no nível da fosfofrutoquinase – o que significa que as vias que seriam naturalmente moduladas/retardadas por intermediários energéticos que afetam os níveis de fosfofrutoquinase NÃO são moduladas pela frutose), amido, fermento químico, lecitina de soja, enzimas como protease e alfa-amilase (produzidas a partir de microorganismos geneticamente modificados) etc.
Escolas e Hospitais Oferecem Sucos Industrializados
Sucos industrializados podem conter açúcar, fosfato de potássio monobásico, cloreto de sódio (sal), ácido cítrico, benzoato de sódio, sorbato de potássio, “aroma idêntico ao natural” da fruta, reguladores de acidez, corantes artificiais (ex: “vermelho-bordeaux”, “azul brilhante”, etc), antioxidante (ácido ascórbico) (que reage com o benzoato de sódio produzindo benzeno, cancerígeno), extrato de soja (transgênica) etc.
Geleias Industrializadas no Cardápio de Escolas e Hospitais
Geleias industrializadas podem conter xarope de milho de alto teor de frutose, carragena [cancerígeno de acordo com Environ Health Perspect 109:983-994 (2001)], ácido cítrico, benzoato de sódio, essência artificial de fruta, corantes artificiais potencialmente alergênicos, tartrazina etc.
Nitritos e Glutamato Monossódico
Salsichas e peito de peru, que podem constar no cardápio do lanche dos nossos filhos e dos nossos doentes hospitalizados, são carnes embutidas, altamente industrializadas e nada naturais que contêm nitritos (que no intestino formam nitrosaminas, cancerígenas) e glutamato monossódico.
Os Ingredientes Artificiais Interagem Entre Si
Vimos acima o caso da interação entre o benzoato e o ácido ascórbico, transformando-se em benzeno (cancerígeno). Mas saiba que praticamente não se tem ideia de todas as possíveis interações e consequências, entre tantos e tantos produtos químicos que se encontram em tantos e tantos “produtos alimentícios” diferentes.
Até que ponto se pode garantir que uma dor de cabeça crônica, uma síndrome da fadiga crônica, uma asma, uma síndrome do intestino irritável, uma alergia recorrente, uma doença autoimune, um câncer, não possam decorrer de uma sensibilidade química apresentada por um determinado indivíduo?
Você Pode Mudar Este Cenário!
Se as “autoridades de saúde” não estão tomando as devidas providências, isso não significa que você deve ficar aí parado. Não espere alguém fazer alguma coisa. Faça você. Leia mais. Informe-se. Estude. Questione. Dê o exemplo em casa antes de mais nada. Exija cardápios naturais, isentos de produtos industrializados, refinados, oxidados e artificiais, no lanche e/ou refeição de seu filho na escola. Junte-se a outras pessoas que pensam como você. A união faz a força. Exija cardápios naturais para seus entes queridos hospitalizados. Se uma boa parte dos consumidores exigir um determinado padrão, um segmento do mercado passará a oferecê-lo. E lembre-se que afinal, você não estará exigindo nenhum absurdo – apenas alimentos in natura nas escolas e hospitais, como carne fresca, frutas e verduras frescas, ovos frescos, enfim, alimentos que sempre estiveram associados à boa saúde desde o início da Humanidade.
Nota sobre o Dr. Alexandre Feldman: clínico-geral, especializado no tratamento de cefaléias crônicas, enxaquecas e dores de cabeça em geral. Seu tratamento envolve mudanças importantes nos hábitos e estilo de vida dos pacientes, inclusive no que comer, quanto comer, como preparar, tipo de ingredientes. Saiba mais sobre ele no link enxaqueca.com.br
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Participe do movimento pela melhora dos alimentos servidos aos pacientes em recuperação nos hospitais. Na página do Face "Comida de Hospital é alimento?, estou colhendo relatos de pessoas que passaram por esse processo para podermos pensar numa maneira de regulamentação. Participe!
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