11/12/2017
Loja da Pacari em Quito, no Equador. Imagem: Reprodução/Site Oficial
Santiago Peralta, 45, fundou em 2002 a empresa Pacari (natureza em quéchua), produtora de cacau orgânico e biodinâmico. Mais de 3.000 famílias de agricultores – em sua maioria, equatorianas, embora suas redes também abarquem plantações no Peru e na Colômbia – fornecem o fruto que a empresa transforma em chocolate. A fábrica,
localizada em Quito (Equador), produz, em média, 24.000 barras por dia e possui cerca de cem funcionários que selecionam os grãos de cacau e os descascam antes de tostá-los e moê-los, transformando-os em pó. Após esse processo, o produto é colocado em uma esmagadora, onde é convertido no líquido escuro que produz o chocolate, em moldes, onde são fundidos a diversos sabores. Ingredientes como jasmim, cardamomo, frutos andinos, rosa andina ou sal de Maras, proveniente das salinas de Cuzco, potencializam os sabores. Sua produção inclui chocolate kosher.
Atualmente, o Equador, considerado uma das zonas privilegiadas da biosfera, exporta cacau a um valor que gira em torno de 900 milhões de dólares por ano. Mais de 100.000 famílias vivem de seu cultivo e a importância dessa indústria, ao lado da indústria do petróleo e das bananas, tem sido crucial ao longo da história desse país.
“Ser sustentável custa muito dinheiro, o que, em parte, justifica que o preço final seja mais alto que o de produtos procedentes da agricultura tradicional”, explica Peralta. Para conseguir esse resultado, é preciso estar presente em todas as fases, desde a produção até a distribuição para outros continentes, feitas através de contêineres próprios. A Pacari possui o certificado Demeter (equivalente orgânico ao guia Michelin), emitido na Alemanha por uma firma especializada, criada em 1927. A agricultura biodinâmica implica, entre outras coisas, em fertilizar os solos com preparados homeopáticos, levar em conta as fases lunares e planetárias e submeter-se a inspeções periódicas que avaliem a pureza desses processos. A marca já foi registrada em mais de 68 países.
Na casa de Peralta, apenas são consumidos alimentos cuja procedência seja conhecida e tudo em sua geladeira tem o selo ecológico. O mesmo cuidado é empregado na elaboração dos cardápios dos funcionários de sua fábrica, da qual sai o famoso chocolate orgânico, exportado para 35 países. Tanto ele quanto sua esposa, Carla Barboto, dão palestras pelo mundo esclarecendo as questões relacionadas à ecologia e alertando para o perigo dos pesticidas. Sua militância, inclui a assistência, entre outras, à feira mundial de produtos orgânicos realizada anualmente em Nuremberg, considerada uma das maiores e mais importante do mundo.
Santiago Peralta na Biofach Nuremberg edição 2015 (Foto: Sylvia Wachsner)
A gestão da empresa também é diferenciada. A Pacari faz parte da LAB, um posicionamento adicional que contém o empreendimento social e que tem como um dos eixos a agricultura. Esse modelo, que nasceu nos Estados Unidos, já funciona em quase 50 países e sua filosofia poderia ser definida como um “capitalismo legal”, que abrange desde as relações trabalhistas até os acordos com os fornecedores.
Em poucos anos, Peralta se transformou em uma das referências do universo gastronômico e nos últimos dois meses percorreu o Japão e a Índia, em busca de novos mercados. O chocolate produzido pela Pacari já recebeu mais de cem prêmios em todos os campos e, em outubro, teve a premiação de melhor chocolate em barra do mundo renovada pelo segundo ano, em Londres, no International Chocolate Awards.
No Equador e nas viagens que realiza ao redor do mundo, Peralta promove seu produto, organizando degustações que reúnem rituais semelhantes aos do vinho. O chocolate é servido em porções sobre um prato e saboreado, contrastando os aromas florais ou de madeira.
A exportação para a Europa é feita por navio em contêineres próprios. O navio atraca em Roterdã e dali viaja para países como Espanha, onde é vendido nas lojas gourmet do El Corte Inglês e em estabelecimentos especializados em produtos ecológicos.
A meta da Pacari é desbancar, com suas barras premium, os famosos chocolates belga e suíço.
Fonte: El País (leia a matéria completa em português http://bit.ly/2jP5rml e em espanhol http://bit.ly/2iSwOuU)
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