Orgânicos
Fonte: Folha de SP
Fabricantes de bebidas açucaradas e alimentos industrializados estão sofrendo para elevar as vendas, diante de consumidores mais conscientes sobre saúde e preços, o que os força a reduzir custos para elevar lucros e buscar aquisições para melhorar os resultados.
Os desafios ficaram evidentes na sexta (16) quando três gigantes dos alimentos -- Kraft Heinz, Coca-Cola e Danone -- anunciaram resultados para o quarto trimestre que mostram o abandono pelos consumidores de produtos que deliciavam gerações anteriores -- de queijo industrializado fatiado a refrigerantes com teor de açúcar de 39 gramas --, em favor de alternativas mais saudáveis.
Nosso desempenho financeiro em 2017 não refletiu nosso potencial, disse Bernardo Hees, presidente da Kraft Heinz, que teve queda de vendas de 1,1% nos EUA -- sétima queda consecutiva.
A mudança no gosto do consumidor movimentou os maiores fabricantes de alimentos e bebidas do planeta.
A Coca-Cola, que reportou suas mais baixas vendas de refrigerantes em 31 anos, anda assim conseguiu alta de 6% nas vendas orgânicas, com a ajuda de água vitaminada, chás e similares e de outras bebidas que incluiu em sua linha, em boa parte por aquisições.
Hees, da Kraft Heinz, deu a entender que o principal acionista da empresa -- o grupo 3G, dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles -- poderia buscar novas aquisições, depois de uma queda de 20% nos preços das ações.
Se houver mais consolidação no setor, Hees afirmou, "queremos ser parte disso".
Desde a fusão de US$ 100 bilhões da Kraft com a Heinz, a 3G vem seguindo o manual de corte de custo. A margem de lucro bruta subiu a 37%, ante 27% quando da formação da companhia, em 2015.
Na quinta (15), ela anunciou que atingiu meta de redução de custos. A receita líquida subiu a US$ 8 bilhões, refletindo o benefício da reestruturação tributária nos EUA.
A Coca-Cola planeja economizar US$ 3 bilhões até o ano que vem em seu plano de cortes de custos.
SOPA
Outras empresas de alimentos e bebidas se saíram pior. A Campbell Soup reportou queda de 2% nas vendas orgânicas no quarto trimestre, devido à baixa demanda por suas tradicionais sopas na América do Norte.
A Nestlé revelou que as vendas do ano passado cresceram em seu ritmo mais lento em duas décadas.
A Danone, de iogurtes e água mineral, disse que as vendas de suas linhas de produtos estabelecidas há pelo menos um ano haviam crescido 2,9% em 2016, expansão mais lenta em 20 anos.
Para analistas, a consolidação será inevitável neste ano, como resultado da batalha por vendas entre as empresas estabelecidas.
Mark Schneider, presidente da Nestlé, avisou que a tendência de abandono das supermarcas de alimentos industrializados chegou para ficar. Houve um padrão em 2017 no setor de alimentos e bebidas, disse. O setor todo demorou um pouco a reconhecer o fato, mas agora está em nossa mira.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
FINANCIAL TIMES
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá que bom vc estar aqui, em que posso ajudar?